Cidade do Vaticano, 08 mai (RV) - Uma "Bienal de arte sacra" pode ser realizada
em concomitância com a Bienal de Veneza já a partir da próxima edição, programada
de 14 de setembro a 23 de novembro.
O anúncio foi feito pelo presidente do
Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, que precisou que na iniciativa
não há nenhum intuito polêmico, mas, pelo contrário, o desejo de abrir um diálogo
entre a Santa Sé e a arte contemporânea.
Segundo Dom Ravasi, a idéia ainda
está em fase embrional, mas já foi discutida com o presidente da Bienal de Veneza,
Paolo Baratta, com o prefeito da cidade, Massimo Cacciari, e com possíveis patrocinadores.
Um delegado pontifício inclusive já visitou alguns locais que poderiam abrigar a mostra,
como pequenas igrejas venezianas.
O prelado explicou que a iniciativa nasce
de uma série de considerações: o escasso conhecimento recíproco entre artistas contemporâneos
e a Santa Sé; o desejo de enaltecer artistas religiosos ou espirituais em sentido
lato; e o desleixo decorativo em várias igrejas modernas, muitas vezes sem obras de
artes ou resignadas a uma qualidade freqüentemente artesanal ou demasiada modesta.
Diante
do escasso tempo à disposição, a ''Bienal sacra 2008" deve expor obras já em circulação
através de empréstimos e patrocinadores, mas, para o futuro, Dom Ravasi tem uma idéia
mais ambiciosa: contatar artistas de fama internacional e encomendar obras inéditas
de caráter religioso ou que tratem temas universais.
Entre os artistas que
vão representar a Santa Sé estão o norte-americano Bill Viola, o indo-judeu Anish
Kapur e o grego Jiannis Kounellis. Paralelamente, o Pontifício Conselho quer preparar
clero e párocos para conhecer a arte contemporânea e fazer com que a decoração dos
locais de culto recupere a importância que tinham antigamente.
"O artista
contemporâneo renunciou a conceitos como a beleza, a estética e também a metafísica,
limitando-se a registrar fenômenos ou dar voz à matéria", analisou Dom Ravasi. (BF)