2008-05-06 20:51:33

SOCIEDADE SEJA ABERTA À LÓGICA DO DOM, E NÃO SÓ AO LUCRO: CONCLUÍDA PLENÁRIA DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS


Cidade do Vaticano, 06 mai (RV) - Foi apresentada esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a conclusão da XIV plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, realizada no Vaticano e concluída nesta terça-feira.

Na coletiva de imprensa, estavam presentes o professor Pierpaolo Donati, da Universidade de Bolonha, norte da Itália, e a professora Margaret Archer, da Universidade de Warwick, na Inglaterra.

O primeiro frisou que um dos pontos sobre os quais a opinião dos especialistas convergiu foi justamente o da constatação de que o compromisso entre Estado e mercado não é capaz de governar os processos da globalização, comumente geradores de desigualdades e injustiças: "Há um vínculo entre Estado e mercado mediante o qual os interesses do mercado e os regulamentos do Estado assumem o domínio sobre os grupos sociais, as formações sociais intermédias, as associações, as formas de cooperação e o voluntariado. Portanto, o ponto de acordo é que é necessário fazer emergir essa sociedade civil que age não por lucro nem segundo as leis do Estado".

Dentro da sociedade civil existem forças capazes de produzir bens partilháveis e isso depende do fato de que atualmente a lógica do dom se reforçou em escala global, como demonstram a maior difusão de doação de órgãos, as crescentes ofertas em dinheiro, a redistribuição de alimento e, até mesmo, as novidades que se registram em âmbitos de vanguarda, como na internet.

Desses exemplos emerge que a solidariedade coloca em movimento uma produção de bens cuja circulação se deve à subsidiariedade, ou seja, à capacidade das forças sociais de criar e partilhar valores materiais em resposta a necessidades.

Sobre esse ponto, a professora Archer fez a seguinte observação: "Uma das conclusões às quais creio que chegamos é a conscientização de que quando falamos de bem comum nem sempre falamos da mesma coisa. De fato, falamos de 'bens' comuns, no plural, que são diferenciados, que podem ser acrescentados, que emergem de novas práticas sociais, mas que são todos vitais para o desenvolvimento e o bem-estar dos seres humanos considerados individualmente. Nisso há também o reconhecimento, por parte das instituições sociais, da dignidade inalienável da pessoa humana. E, ao mesmo tempo, o permitir a expressão de diversas formas de 'dons' que cada pessoa tem".

Portanto, afirmou por sua vez o professor Donati, o bem comum "não mais se identifica com uma entidade superior, como pode ser o Estado, embora este tenha certamente um papel importantíssimo em produzir, em preservar o bem comum". Simplesmente, o Estado "não é o único ator, não tem o monopólio do bem comum". (RL/BF)







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