Igreja Católica em Portugal diz-se atenta à evolução da situação socioeconómica e
apela á mobilização geral face á crise alimentar
(6/5/2008) O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) deixou
esta Terça-feira um alerta perante a “situação que a crise alimentar mundial está
a levantar”. “Importa que as instituições da Igreja estejam muito próximas das
dificuldades e a partir de instâncias de observação da realidade socioeconómica, possam
ir de encontro às situações mais críticas”, indicou D. Carlos Azevedo, Secretário
interino da CEP. “A Igreja está presente no terreno, nas paróquias, onde se conhecem
as situações e se acompanham, mas é preciso abrir cada vez mais os olhos sobre estas
realidades e criar um observatório social”, prosseguiu. Para este responsável,
“cada paróquia tem formas de estar atenta à realidade”, com serviços de atendimento
aos mais necessitados. Em declarações aos jornalistas, o prelado destacou ainda
a recente tomada de posição da Caritas Portuguesa, a qual lembrou, no passado fim-de-semana,
o possível impacto da crise alimentar mundial no nosso país, pedindo que as autoridades
preparem programas de apoio a carenciados e alertando para o risco da fome em várias
camadas da população. A Igreja mostra-se, assim, preocupada perante a escalada
de preços de bens básicos e com alguma especulação que se gera à volta destes fenómenos.
D. Carlos Azevedo alertou para os riscos inerentes ao “empobrecimento dos mais pobres”
e à fragilização da classe média, "que pode passar facilmente a uma situação de pobreza".
O Bispo Auxiliar de Lisboa recordou que os cristãos respondem a estas situações
“através da partilha dos bens”, procurando atender às necessidades dos outros, bem
como através da acção junto das entidades responsáveis, para “suscitar a reflexão
sobre medidas que podem ser tomadas e que atenuam os efeitos maléficos da crise”.
Igreja-Estado
Noutro âmbito, o actual Secretário da
CEP destacou a evolução positiva das negociações em volta da regulamentação da Concordata
de 2004, mormente a partir do trabalho pela Comissão Paritária estabelecida entre
o Estado português e a Santa Sé, “que está a avançar bastante bem nos pontos de interpretação
da Concordata”. “Esclarecidos esses pontos, penso que há boa vontade do Governo
para regulamentar depois a partir da interpretação que deve ser dada pela Comissão
Paritária”, indicou. Os Bispos portugueses observaram ainda “com algum cuidado”
a aplicação do Plano DOM - Desafios, Oportunidades e Mudanças. O objectivo do programa
é implementar medidas de qualificação da rede de lares de acolhimento, visando diminuir
o número de crianças e jovens institucionalizados. “Estamos a acompanhar o evoluir
do Plano, esperando que as instituições ligadas à Igreja possam atender a este programa
pelo bem das crianças”, disse D. Carlos Azevedo. Tendo em vista o “superior interesse
da criança”, os Bispos gostariam que “estas instituições com larga experiência de
acompanhamento de situações possam evoluir com os critérios de atendimento psicológico,
de responsabilidade dos técnicos, para que tudo se encaminha de forma a que as famílias
possam ser a grande instituição de acolhimento destas situações gravíssimas”.
(Ecclesia)