Crise alimentar pode ser "uma grande oportunidade", para resolver problemas fundamentais
(6/5/2008) A crise alimentar mundial pode representar uma "grande oportunidade" para
começar a resolver alguns "problemas fundamentais" de África se a comunidade internacional
se mobilizar, considerou ontem o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. "Devíamos considerar
esta situação, não apenas como um problema, mas também como uma grande oportunidade
de começar a resolver problemas fundamentais de numerosas pessoas, as mais desfavorecidas
do Mundo, das quais 80% são agricultores pobres", escreve Ki-moon num texto publicado
pelo diário francês "Le Monde". "Se os ajudarmos - se lhes disponibilizarmos ao mesmo
tempo ajuda e um conjunto equilibrado de políticas locais e internacionais - a solução
está ao nosso alcance", adianta. Durante uma reunião na semana passada em Berna,
Ki-moon anunciou a criação imediata de uma célula de crise para combater a subida
dos preços alimentares. No artigo, Ban Ki-moon lembra que o Programa Alimentar
Mundial, que ajuda 73 milhões de pessoas, precisa de 755 milhões de dólares suplementares
e que as promessas ascendem a 475 milhões. "As promessas não enchem as barrigas e
a agência apenas dispõe actualmente de 18 milhões de dólares", insiste. A Organização
para a Agricultura e a Alimentação pede, por seu turno, 1,7 mil milhões de dólares
para reforçar a produção agrícola dos países mais afectados pela crise. "Se o meu
próprio país (a Coreia do Sul) conseguiu ultrapassar os seus traumatismos para se
tornar uma potência económica, a África também é capaz. A única condição é que a ajudemos.
Podemos começar a fazê-lo tomando as medidas indispensáveis para controlar a crise
alimentar", conclui Ki-moon. Os preços dos bens alimentares praticamente duplicaram
a nível mundial nos últimos três anos.