Caritas portuguesa pede apoios para minorar a crise alimentar
(5/5/2008) A Comissão Permanente da Caritas Portuguesa alertou as autoridades para
prepararem programas de apoio a carenciados tendo em conta a crise alimentar mundial
que, prevêem, irá causar danos graves no país. De acordo com a Caritas Portuguesa,
em Portugal gasta-se uma "fatia enorme de recursos" a "pagar quase dois terços do
que se consome, designadamente, produtos alimentares" pelo que o país está "na linha
da frente" daqueles que mais sofrem "com a elevação dos preços internacionais e a
escassez dos bens de primeira necessidade no mercado". "O espectro da fome paira
assim sobre a cabeça dos mais necessitados, incluindo de muitos portugueses", com
"muita gente a viver abaixo do limiar de pobreza e com esquemas de apoio social muito
deficientes", considera a Caritas. Para tentar "minorar o impacto nefasto desta
crise alimentar" a nível mundial, a Comissão Permanente da Caritas Portuguesa reclama
aos Governos para que deixem de "apoiar a produção de produtos energéticos a partir
de produtos agrícolas" [biocombustíveis] mas também que criem "pacotes especiais"
de leis que prevejam o "apoio social para atender aos casos prementes". No caso
português, considera a Caritas, as autoridades devem redobrar os "apoios aos mais
carenciados", um esforço que deve ser seguido pela população. Os portugueses devem
ainda ser alertados para a sua "responsabilidade na luta contra o desperdício de produtos
energéticos e de bens alimentares".
Sobre este assunto, António Guterres,
alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, mostrou-se muito preocupado.
"A subida do preço dos alimentos, a da energia... faz-sentir sobretudo nos mais pobres".
O ex-primeiro ministro acrescentou que se a comunidade internacional continuar
a olhar o Mundo da mesma maneira "não iremos longe".