DOM TOMASI: "DESENVOLVIMENTO NÃO É INVESTIR NA ECONOMIA, MAS NO SER HUMANO"
Acra, 29 abr (RV) - Concluiu-se no dia 25, em Acra, capital de Gana, a 12ª
sessão da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).
A delegação vaticana foi guiada pelo Arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente
da Santa Sé na ONU, em Genebra.
Em seu pronunciamento, Dom Tomasi menciona
a "crise do multilateralismo", assinalando especialmente duas críticas às organizações
internacionais.
"A primeira é o problema de representatividade, segundo o qual
o poder de decisão não está dividido de forma eqüitativa", aponta o arcebispo. A segunda
crítica se refere à falta de envolvimento da sociedade em iniciativas orientadas ao
desenvolvimento. "Essa falta de participação representa o risco de formular uma estratégia
política que não esteja centrada na população, mas sim nos governos", alertou.
Para
evitar esse risco, a Santa Sé recorda que o desenvolvimento deve ser centrado no ser
humano: "O comércio representa uma oportunidade significativa para os países em desenvolvimento.
Contudo, o comércio não é um fim em si mesmo, mas um meio para a conquista do desenvolvimento
e para a redução da pobreza".
"Deve ficar claro que desenvolvimento não se
refere somente ao crescimento da economia em geral, mas ao desenvolvimento do ser
humano", precisa Dom Tomasi. Nesse sentido, afirma ele, o bem comum não é um objetivo
abstrato nem uma simples lista de objetivos, mas é a satisfação das necessidades primárias
da pessoa: a necessidade de verdade, de amor e de justiça.
O arcebispo recorda
ainda que o desenvolvimento não é um objetivo a alcançar, mas um caminho a percorrer.
Esse caminho, contudo, requer dois princípios: o da solidariedade e o da subsidiariedade.
Para
Dom Tomasi, é preciso subsidiar a saúde e o trabalho digno. Todavia, a essência do
desenvolvimento é a educação: "Somente uma pessoa que recebe educação pode ser plenamente
consciente do valor e da dignidade do ser humano". (BF)