VISITA DO PAPA AOS EUA É OCASIÃO PARA REDEFINIR IDENTIDADE DOS CATÓLICOS DO PAÍS
Washington, 22 abr (RV) - "Dar um alegre testemunho de Cristo, nossa esperança."
Foi uma das frases com as quais Bento XVI despediu-se domingo à noite dos EUA, ao
término de uma viagem apostólica que deixou um profundo sinal na consciência da Igreja
no país. A sinceridade e a clareza dos tons usados pelo pontífice para denunciar os
seus males, mas, sobretudo, o incessante convite a ir além _ no signo de um Evangelho
redescoberto e novamente anunciado em todos os setores da vida civil _ redefiniu com
veemência a identidade do catolicismo dentro da cosmopolita sociedade estadunidense.
Uma estada do papa que suscitou entusiasmo e capturou progressivamente também a atenção
da mídia mais crítica, como testemunha o arcebispo de Washington, Dom Donald William
Wuerl, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom Donald William Wuerl:-
"Creio que a mídia tenha ficado surpreendida com o calor com o qual o Santo Padre
foi acolhido, com o afeto espontâneo a ele demonstrado, com a facilidade com a qual
ele soube estabelecer um contato com as multidões vindas para encontrá-lo. O Santo
Padre comunica o seu calor, a sua atenção e a sua preocupação por nós de modo único,
e isso foi muito claro durante toda a sua visita."
P. Dom Wuerl, praticamente
em todo encontro público o Santo Padre mencionou o sofrimento da Igreja estadunidense
causado pelo episódio dos abusos sexuais, como também a necessidade de purificação
e cura. Surpreendeu a mídia o fato de o papa ter dado tanta ênfase em seus discursos
sobre esse problema?
Dom Donald William Wuerl:- "Dissemos à mídia
que o Santo Padre falaria disso, e foi uma bênção que o tenha feito. Talvez a surpresa
esteja no fato de ter-se falado tanto assim. O Santo Padre falou disso primeiro à
mídia, depois aos bispos e, posteriormente, a todos os fiéis, depois novamente num
encontro com os sacerdotes. Creio que ele tenha querido falar com cada categoria para
dizer substancialmente duas coisas: para dizer que devemos continuar buscando as vítimas
e ajudá-las a 'curar as feridas', e que devemos ser vigilantes a fim de que isso jamais
possa repetir-se."
P. Na videomensagem preparada antes da visita pastoral,
o papa disse que iria aos EUA para confirmar os irmãos e as irmãs daquele país na
fé. Depois concluiu essa viagem dizendo: "Diria, sobretudo, que os católicos americanos
estão me confirmando em minha fé". O que isso diz da impressão que o Santo Padre teve
dessa viagem e da Igreja estadunidense?
Dom Donald William Wuerl:-
"Creio que esse seja um dos aspectos mais bonitos de toda a experiência da visita
apostólica do papa aos EUA. Nós dissemos que ele viria para confirmar-nos na fé, que
viria e que estaria conosco também para apresentar-nos desafios. De fato, não se tratava
somente de 'confirmar-nos', mas também de colocar-nos diante dos desafios de viver,
de testemunhar a nossa fé. E isso ele fez. E creio também que ele tenha ficado satisfeito
ao encontrar uma fé vigorosa. Reiteradas vezes vi o Santo Padre constatar como é robusta
a fé que estava sendo testemunhada diante dele, durante a visita. Eis que foi um percurso
em sentido duplo: o Santo Padre veio confirmar-nos e nós, diante dele, confirmamos
ser uma Igreja forte, entusiasta e fiel." (RL)