A verdadeira liberdade, só se pode encontrar na perda de si que é parte do mistério
do amor. Prosseguir com firme determinação usando com sabedoria as bênçãos da liberdade,
em ordem a construir um futuro de esperança para as gerações futuras”
(20/4/2008) No inicio da tarde, hora local, Bento XVI presidiu a celebração da Santa
Missa, no Yankee Stadium, onde foi acolhido pelo arcebispo de Nova Iorque Card. Eduardo
Egan, pelo Presidente da Câmara da Cidade Michael Bloomberg e pelos responsáveis
do estádio . No automóvel panorâmico o Papa deu uma volta ao estádio antes de se
dirigir para a sacristia ; Presentes na celebração eucarística delegações de Bóston,
Louisville, Nova Iorque e Filadélfia que festejam os 200 anos da diocese e de Baltimora
que festeja os 200 anos da elevação da diocese a sede metropolitana. Na homilia,
Bento XVI começou por recordar os duzentos anos da criação das dioceses de Nova Iorque,
Bóston, Filadélfia e Louisville. Uma celebração que só por si – observou – constitui
um sinal de impressionante crescimento que Deus concedeu à Igreja, neste país, nestes
dois séculos.
“A Igreja na América foi edificada na fidelidade aos dois mandamentos
do amor a Deus e do amor ao próximo. Nesta terra de liberdade e de oportunidades,
a Igreja uniu entre si, na profissão da fé, grupos muito diversos. Através das suas
muitas obras educativas, caritativas e sociais, contribuiu também de modo significativo
para o crescimento da sociedade americana no seu conjunto”.
E isso não obstante
os desafios e dificuldades que se apresentaram. A primeira leitura da Missa deste
domingo – fez notar o Papa – “fala de tensões linguísticas e culturais já presentes
no interior da comunidade primitiva eclesial. Mas mostra ao mesmo tempo a potência
da Palavra de Deus - proclamada com autoridade pelos Apóstolos e recebida na fé –
para criar uma unidade capaz de transcender as divisões provenientes dos limites e
das debilidades humanas”.
“Aqui se nos recorda uma verdade fundamental: que
a unidade não tem outro fundamento se não o da Palavra de Deus, que se fez carne em
Jesus Cristo nosso Senhor. Todos os sinais externos de identidade, todas as estruturas,
associações ou programas, por muito válidos ou mesmo essenciais que possam ser, em
última análise existem apenas para sustentar e promover aquela unidade mais profunda
que, em Cristo, é dom indefectível de Deus à sua Igreja”.
Ainda a propósito
da primeira leitura deste domingo, Bento XVI observou que a unidade da Igreja é “apostólica”,
isto é, uma “unidade visível fundada sobre os Apóstolos” e nascida daquilo que a Escritura
chama “a obediência da fé”. “Autoridade”… “obediência”. Palavras difíceis de pronunciar,
hoje em dia, numa sociedade que justamente tanto valor dá à liberdade pessoal. E contudo
– sublinhou o Papa – “à luz da nossa fé em Jesus Cristo – caminho, verdade e vida,
conseguimos advertir o sentido mais pleno, o valor e mesmo a beleza destas palavras.
“O Evangelho ensina-nos que a verdadeira liberdade, a liberdade dos filhos
de Deus, só se pode encontrar na perda de si que é parte do mistério do amor. Só perdendo-nos
a nós próprios – como nos diz o Senhor – é que nos encontramos verdadeiramente a nós
próprios. A verdadeira liberdade floresce quando nos afastamos do jugo do pecado,
que obscurece as nossas percepções e enfraquece a nossa determinação, e vê n’Ele –
amor infinito, liberdade infinita, vida sem fim - a fonte da nossa felicidade definitiva.
Na sua vontade está a nossa paz”. / A verdadeira liberdade é dom gratuito de
Deus, fruto da conversão à sua verdade, aquela verdade que nos torna livres.”
Esta
“liberdade na verdade” – fez notar o Papa – traz consigo “um modo novo, e libertador,
de encarar a realidade”. Sintonizando com “o pensamento de Cristo” (de que fala São
Paulo), deparam-se-nos novos horizontes! É à luz da fé e na comunhão da Igreja que
encontramos inspiração e força para nos tornarmos fermento do Evangelho, sal da terra,
luz do mundo…
Ainda a propósito dos duzentos anos das comunidades diocesanas
de Nova Iorque, Bóston, Filadélfia e Louisville, evocados à luz da segunda leitura
da Missa deste domingo, Bento XVI recordou “os sacrifícios espirituais agradáveis
a Deus”, oferecidos na vida quotidiana, aparentemente simples, de tantas “pedras vivas”
que edificaram a Igreja, na América, neste longo período de crescimento. O Papa referiu
nomeadamente: as sucessivas ondas de emigrantes; a vigorosa fé que edificou toda uma
vasta rede de igrejas, instituições educativas, sanitárias e sociais; os inúmeros
pais e mães de família que transmitiram a fé aos filhos; o ministério quotidiano
de tantos sacerdotes que desgastaram a própria vida na cura de almas; o incalculável
contributo de tantos religiosos e religiosas. “Quantos sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus oferecidos ao longo dos últimos dois séculos!”
“Nesta
terra de liberdade religiosa, os católicos encontraram não só a liberdade de praticar
a própria fé, mas também de participar plenamente na vida civil, levando consigo as
próprias convicções morais na pública, cooperando com os vizinhos no forjar de uma
vibrante sociedade democrática. A celebração de hoje é mais do que uma oportunidade
de gratidão pelas graças recebidas. É também um apelo a prosseguir com firme determinação
usando com sabedoria as bênçãos da liberdade, em ordem a construir um futuro de esperança
para as gerações futuras”.
Referindo a invocação do “Pai nosso” – “Venha
a nós o vosso Reino!”, Bento XVI considerou, quase a concluir, que “esta oração deve
forjar a mente e o coração de cada cristão” dos Estados Unidos. “É este o desafio
que vos deixa o sucessor de Pedro” – exclamou:
“Apressai a vinda do Reino
de Deus a esta terra! As gerações passadas deixaram-vos uma extraordinária herança.
Também nos nossos dias a comunidade católica desta nação tem dado um grande testemunho
profético em defesa da vida, na educação dos jovens, no cuidar dos pobres, dos doentes
e dos que vêm de fora. É sobre estas sólidas bases que também hoje há-de começar a
surgir o futuro da Igreja na América!”.