Subida do preço dos alimentos põe em perigo o apoio alimentar a 100 mil crianças
(19/4/2008) As Nações Unidas alertaram que terão de retirar a ajuda a 100 mil crianças
se não receberem 500 milhões de euros para combater o aumento dos preços dos alimentos.
A directora do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU Josette Sheeran, assegurou
ontem, em Washington, que o pedido de 500 milhões de euros que fizeram em Março aos
países doadores para manter os projectos tornou-se insuficiente para fazer face às
últimas subidas do preço dos alimentos. Numa intervenção no Centro de Estudos
Internacionais e Estratégicos, a responsável explicou que devido ao aumento do preço
do arroz (75 por cento em dois meses) e do trigo (120 por cento num ano), o Programa
Mundial de Alimentos comprou menos 40 por cento dos alimentos necessários. Para
Josette Sheeran, a escalada dos preços deve-se à subida do valor do petróleo, que
encarece os fertilizantes e os custos dos transportes, ao “boom” dos biocombustíveis
e às alterações climáticas, que causam inundações e secas. A responsável alertou
que em África “muitos agricultores estão a plantar menos porque não podem pagar os
fertilizantes”. Isso significará menos colheitas e o continente ficará mais vulnerável
à fome, acrescentou. Josetee Sheeran teceu ainda críticas ao controlo dos preços
em países como a Argentina, Vietname e China que, afirmou, “não alimentam quem tem
fome, mas alimentam a crise”, pois essas medidas podem desincentivar o cultivo de
terras e agravar os problemas no resto do mundo. Para impedir a subida dos preços,
a directora do PMA defendeu que, em vez de “medidas generalizadas”, os países deveriam
dar ajudas efectivas aos pobres como acontece no México e na Indonésia. A ONU
dá ajuda a 73 milhões de pobres de 80 países.