PAPA AOS BISPOS DOS EUA: "AMERICANOS SÃO CONHECIDOS POR SUA VITALIDADE, CRIATIVIDADE
E GENEROSIDADE"
Washington, 17 abr (RV) - Na parte da tarde de ontem, Bento XVI recebeu na
nunciatura de Washington representantes de organizações caritativas católicas.
No
final da tarde, o pontífice presidiu à celebração das Vésperas no Santuário da Imaculada
Conceição, padroeira dos EUA, ao término da qual manteve um encontro com os bispos
da Conferência Episcopal dos EUA.
No longo e denso discurso que pronunciou
aos bispos dos EUA, Bento XVI expressou sua grande alegria de se encontrar com seus
coirmãos no episcopado no início de sua visita ao país.
O pontífice agradeceu
as palavras de boas-vindas do cardeal Eugenio Francis George, sobretudo o grande trabalho
que tiveram na preparação da viagem.
Os católicos dos EUA, disse o papa, são
conhecidos por sua leal devoção à Sé de Pedro. Assim, a sua visita pastoral torna-se
ocasião para reforçar ainda mais os vínculos de comunhão da Igreja com o Sucessor
de Pedro.
Para as comunidades católicas de Boston, Nova York, Filadélfia e
Louisville, recordou o Bispo de Roma, este é o ano das celebrações do bicentenário
de sua criação.
Este ano também se comemora o bicentenário de fundação da
arquidiocese de Baltimore, que permitiu maior amadurecimento da Igreja local.
Ao
recordar que hoje a comunidade católica de Baltimore é uma das maiores do mundo e
uma das mais influentes, o papa disse aos bispos: "Queridos Irmãos Bispos, desejo
encorajar os senhores e suas comunidades a continuarem a acolher os imigrantes que
se unem hoje às suas comunidades, a compartilhar suas alegrias e esperanças, a sustentá-los
em seus sofrimentos e provações e a ajudá-los a prosperar nesta nova casa; isso foi
o que seus compatriotas fizeram, por tantas gerações, abrindo as portas aos mais necessitados,
aos pobres e às massas que tentavam respirar na liberdade. Essas pessoas são os atuais
componentes dos EUA".
Na verdade, continuou o Papa, os cidadãos deste país
são conhecidos por sua grande vitalidade, criatividade e generosidade. E citou alguns
exemplos: depois do ataque às Torres Gêmeas, em setembro de 2001, e do furacão Katrina,
em 2005, os americanos mostraram sua prontidão em ajudar seus irmãos e irmãs mais
necessitados.
Em nível internacional, Bento XVI recordou a contribuição do
povo norte-americano às operações de socorro do tsunami, em dezembro de 2004: uma
verdadeira demonstração de compaixão.
Depois, o Pontífice expressou especial
apreço pelas inúmeras formas de assistência humanitária oferecidas pelos católicos
americanos. A generosidade deles ajudou os pobres e necessitados, como também a construção
da rede nacional de paróquias católicas, hospitais, escolas e universidades.
O
Papa acrescentou: "A América é também terra de grande fé. Seu povo é conhecido pelo
fervor religioso e pelo orgulho de pertencer a uma comunidade fiel; seu povo tem confiança
em Deus e não hesita em introduzir, nos temas públicos, razões morais enraizadas na
fé bíblica. O respeito pela liberdade de religião é profundamente arraigado na consciência
americana, um dado concreto que contribuiu para atrair gerações de imigrantes em busca
de uma vida melhor e também para professar seu culto, livremente, segundo suas convicções
religiosas".
Este país se distingue, frisou o Santo Padre, por um genuíno
espírito religioso, mas o secularismo pode influenciar em sua fé e em seus comportamentos.
Então, é preciso que os católicos praticantes não ignorem ou explorem os pobres e
marginalizados, não promovam comportamentos sexuais contrários ao ensinamento moral
católico ou adotem posições que contradigam o direito à vida de todo ser humano, desde
a concepção até a morte natural.
Numa sociedade rica, como a norte-americana,
o Santo Padre salientou outros desafios para a pastoral eclesial: materialismo, desrespeito
à vida, irresponsabilidade e libertinagem, pouca formação a uma fé sólida. Ao citar
outros, entre muitos desafios, como aqueles éticos e morais, as separações matrimonias,
divórcios, desagregações familiares, infidelidade e coabitações, o Papa recordou a
missão dos bispos: "A tarefa dos senhores é proclamar com força os argumentos da fé
e da razão, que falam da instituição do matrimônio entendido como compromisso vital
entre o homem e a mulher, aberto à transmissão da vida. O 'sim' à vida deve ser um
'sim' ao amor, às aspirações do coração da nossa humanidade, enquanto nos esforçamos
para realizar o nosso profundo desejo de união com os outros e com Deus".
Por
fim, Bento XVI reservou um espaço também a um tema de atualidade que causa sofrimento
à Igreja nos EUA, mas também no mundo: o abuso sexual dos menores.
A propósito,
o Papa chamou a atenção dos bispos para que favoreçam mais cuidados e promovam a reconciliação
não fácil entre os fiéis, lembrando as medidas disciplinares adotadas em prol de uma
maior proteção de menores e jovens.
Nesse sentido, Bento XVI recordou os males
que provocam a pornografia e a violência dos meios de comunicação e, portanto, a necessidade
de reafirmar os valores morais e uma sólida formação moral da infância e da juventude.
Todavia, os sacerdotes também precisam de orientação.
Enfim, se quisermos
seguir adiante, concluiu o Papa, é preciso concentrar-nos na imitação de Cristo e
na santidade da vida; devemos redescobrir a alegria de viver com Cristo, cultivando
as virtudes e os momentos de oração. (MT/BF)