NA CASA BRANCA, PAPA E BUSH REITERAM "NÃO" AO TERRORISMO
Washington, 17 abr (RV) - Segundo dia de atividades públicas de Bento XVI de
sua viagem apostólica aos EUA.
Nesta quinta-feira, o Santo Padre vai se transferir,
às 9h locais, da nunciatura apostólica de Washington ao moderno Estádio Nacional,
onde presidirá à celebração Eucarística para os fiéis da arquidiocese da capital norte-americana.
Na
parte da tarde, o papa vai manter um encontro com o mundo universitário na Universidade
Católica de Washington. Bento XVI vai concluir seu dia recebendo os representantes
de outras religiões no Centro Cultural Papa João Paulo II.
Já no dia de ontem,
em Washington, após celebrar a missa na nunciatura apostólica, o Papa Ratzinger festejou
seu aniversário na Casa Branca, primeiro compromisso público da sua visita aos EUA.
Ele foi calorosamente acolhido pelo presidente norte-americano, George W. Bush, sua
esposa e filha.
A cerimônia oficial de boas-vindas deu-se na Casa Branca,
durante a qual o presidente Bush e Bento XVI pronunciaram seus respectivos discursos.
Para esta cerimônia, Bush convidou cerca de cinco mil pessoas.
Além das autoridades
políticas e civis locais, estavam presentes vários cardeais norte-americanos, a presidência
da Conferência Episcopal dos EUA e os bispos auxiliares da arquidiocese de Washington.
O papa foi saudado com 21 tiros de canhão e, após as honras militares, foram executados
os hinos nacionais do Vaticano e dos EUA.
Em seu discurso, o presidente Bush
agradeceu ao Papa por sua visita e o parabenizou pelo seu aniversário. Bush ressaltou
que Bento XVI vai encontrar, no país, um povo religioso e agradecido: "Cremos, como
americanos, que a índole de uma sociedade se mostra no modo como trata os mais necessitados.
Os EUA buscam responder à exigência de saciar a fome dos famintos, levar paz, alívio
e consolação aos pobres".
Bush continuou: "O Papa vai encontrar nesses dias
uma nação que abraça a fé no âmbito público, pois seus fundadores sempre fizeram referência
à fé. Cremos na liberdade e na existência de uma lei inscrita no ânimo de cada homem".
Enfim,
Bush disse ainda que Bento XVI "vai encontrar corações abertos à sua mensagem de esperança,
da qual todos precisam no mundo inteiro. Precisamos de sua mensagem, que nos recorde
que "a vida é sagrada" e que cada um de nós é amado e único. Devemos combater o relativismo
num mundo egoísta". Por fim, o presidente pediu ao papa para que se recorde deles
em suas orações.
A seguir, Bento XVI tomou a palavra, agradeceu ao presidente
Bush pelo convite a visitar o país e disse: "Venho como amigo e anunciador do Evangelho,
como uma pessoa que respeita muito esta vasta sociedade pluralista. Os católicos americanos
ofereceram e oferecem uma excelente contribuição para a vida do país. Espero que minha
presença possa ser fonte de renovação e de esperança para esta Igreja e reforçar a
determinação dos católicos de contribuir, com mais responsabilidade, para melhorar
a vida da nação, da qual são orgulhosos cidadãos".
Bento XVI destacou os nobres
princípios que forjaram a sociedade norte-americana, mas também que as crenças religiosas
foram uma inspiração constante e uma força orientadora na formação do país.
"Aguardo
com alegria a ocasião de encontrar, nesses dias, não só a comunidade católica local,
mas também outras comunidades cristãs e delegações de outras tradições religiosas
presentes neste país", disse o papa.
Historicamente, não somente os católicos,
mas todos os fiéis encontraram aqui a liberdade de adorar a Deus, segundo os próprios
princípios e, ao mesmo tempo, o acolhimento como membros integrantes desta confederação.
"Agora que a Nação deve enfrentar questões políticas e éticas sempre mais
complexas, continuou o Papa, acredito que os americanos poderão encontrar em suas
crenças religiosas uma fonte preciosa de discernimento e inspiração para prosseguir
num diálogo inteligente, responsável e respeitoso, a fim de edificar uma sociedade
mais humana e livre."
"A Igreja, por sua vez, deseja contribuir para a construção
de um mundo melhor, mais digno da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus",
disse ainda o pontífice.
"Além disso, concluiu Bento XVI, a fé nos dá a força
para responder à nossa nobre vocação e esperança cristã, que nos inspira a trabalhar
por uma sociedade sempre mais justa e fraterna."
Depois dos discursos, teve
lugar o colóquio privado de 40 minutos na Sala Oval. No final, um comunicado conjunto
apontou os temas tratados, do Oriente Médio à luta contra o terrorismo, da América
Latina à luta contra a pobreza, sobre a qual o Santo Padre expressou seu apreço pelas
consistentes contribuições financeiras dos Estados Unidos.
Segundo o comunicado,
Bento XVI e Bush reiteraram a total rejeição ao terrorismo e à manipulação da religião
para justificar atos imorais e violentos contra inocentes, e declaram-se de acordo
sobre a necessidade de enfrentar o terrorismo com meios adequados que respeitem a
pessoa humana e os seus direitos.
Ao deixar a Casa Branca, o Bispo de Roma
regressou à sede da nunciatura apostólica para o almoço com a presidência da Conferência
Episcopal norte-americana e com a comitiva papal. Durante o almoço, foram comemorados
seus 81 anos de vida. (MT/BF)