2008-04-17 01:17:55

Bento XVI exorta os Bispos católicos dos Estados Unidos a contrastarem o individualismo e o materialismo com o Evangelho da vida e da esperança.


(17/4/2008) Numa “terra de grande fé” como os Estados Unidos, com cidadãos “conhecidos pela grande vitalidade, criatividade… generosidade”, Bento XVI exorta os Bispos a contrastarem o individualismo e o materialismo com o Evangelho da vida e da esperança. Na longa alocução dirigida aos membros da Conferência Episcopal norte-americana,nesta quarta feira á noite, o Papa evocou também a família como primeiro lugar da evangelização e “a profunda vergonha” do abuso sexual de menores, que tanto afectou as comunidades católicas do país pelo grave comportamento de um certo número de homens da Igreja.

“Chamados hoje a difundir a mensagem do Evangelho”, o Papa convidou os bispos americanos a interrogarem-se sobre as condições para realizarem essa missão. Antes de mais, observou, há que abater algumas barreiras. A começar pela “subtil influência do secularismo” que leva as pessoas, não obstante um genuíno espírito religioso, a não viverem coerentemente a sua fé no comportamento de cada dia.
“Será porventura coerente professar a nossa fé na igreja ao domingo, e depois, ao longo da semana, promover práticas de negócios ou actividades médicas contrárias a essa fé? – interrogou-se o Papa. Será coerente para católicos praticantes ignorar ou explorar pobres e pessoas marginalizadas, promover comportamentos sexuais contrários ao ensinamento moral católica, ou adoptar posições que contradizem o direito à vida, de cada ser humano?”
“Há que resistir a cada tendência a considerar a religião como um facto privado. Só quando a fé permeia todos os aspectos da vida é que os cristãos se tornam abertos à potência transformadora do Evangelho”.

Outro obstáculo para um encontro com Deus, numa sociedade rica, é o materialismo “As pessoas têm necessidade que lhes seja recordado o fim último da existência – advertiu o Papa. Precisam de reconhecer que têm dentro uma profunda sede de Deus. Precisam de ter a oportunidade de beber do poço do Seu amor infinito”.
“É fácil cair no erro de pensar conseguir obter com os nossos próprios esforços a realização de necessidades mais profundas. É uma ilusão. Sem Deus, que nos dá aquilo que sozinhos não podemos alcançar, as nossas vidas são, em última análise, vazias”.
Toda a actividade pastoral há-de ter como objectivo ajudar as pessoas a entrar em relação vital com Jesus Cristo, nossa esperança. “Numa sociedade que dá tanto valor à liberdade pessoal e à autonomia, é fácil perder de vista a nossa dependência dos outros, como também as responsabilidades que temos em relação a eles. Uma acentuar do individualismo que influenciou até mesmo a Igreja”. Ora, “nós fomos criados como seres sociais que só no amor a Deus e ao próximo podemos encontrar a nossa plenitude”. Se isto não é aceite pela cultura de hoje– isso quer dizer que há que evangelizar de novo a cultura – comentou Bento XVI.
Falando do laicado católico, sobre cuja formação cristã haverá que investir cada vez mais. “É vosso dever fazer com que a formação moral oferecida em cada um dos níveis da vida eclesial reflicta o autêntico ensinamento do Evangelho da vida” – sublinhou o Papa, que logo referiu a “profunda preocupação” que em todos suscita a situação da família no interior da sociedade, com o aumento incessante do divórcio e da infidelidade conjugal e o “alarmante decréscimo dos matrimónios católicos”, dando lugar a um aumento da simples coabitação, Nega-se assim aos filhos o ambiente de que carecem para crescerem como seres humanos e vêm a faltar os pilares da sociedade, necessários para “manter a coesão e o centro moral da comunidade”.

Foi neste contexto que Bento XVI evocou, “de entre os sinais contrários ao Evangelho da vida, um que causa profunda vergonha: o abuso sexual de menores”. O Papa recordou “o enorme sofrimento” sentido por pastores e comunidades “quando homens da Igreja atraiçoaram as suas obrigações e tarefas sacerdotais com esse comportamento gravemente imoral”.
“Vós dais justamente a prioridade à manifestação de compaixão e apoio às vítimas: é uma responsabilidade que vos vem de Deus, como pastores, tratar das feridas causadas por toda e qualquer violação da confiança, favorecer a cura, promover a reconciliação e abordar com amorosa preocupação todos os foram assim tão seriamente lesados”.

A este propósito, ao mesmo tempo que sublinhava a necessidade de manter as medidas adequadas a “promover um ambiente seguro que ofereça maior protecção aos jovens”, Bento XVI não deixou de observar que “as crianças têm direito a crescer numa sã compreensão da sexualidade e do papel que lhe toca nas relações humanas”. Deveriam por isso ser-lhe poupadas “as manifestações degradantes e a manipulação grosseira da sexualidade”. “Que sentido tem falar de protecção das crianças quando se podem ver a pornografia e a violência em tantas casas, através dos meios de comunicação tão amplamente disponíveis?” É urgente reafirmar os valores que sustentam a sociedade, oferecendo a jovens e adultos uma sólida formação moral – advertiu o Papa.

Bento XVI recomendou aos Bispos dos Estados Unidos especial atenção e apoio aos padres, dando-lhes o exemplo de uma vida pastoral e espiritual centrada em Cristo, bom Pastor.
“Precisamos de redescobrir a alegria de viver uma existência centrada em Cristo, cultivando as virtudes e mergulhando-nos na oração. Quando os fiéis sabem que o seu pastor é um homem que reza e dedica a própria vida ao seu serviço, retomam aquele calor e afecto que nutre e mantém a vida de toda a comunidade”.








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