VIGÍLIA DA PARTIDA DE BENTO XVI PARA OS EUA: PAPA ANUNCIARÁ A TODOS A ESPERANÇA DO
CRISTO RESSUSCITADO
Cidade do Vaticano, 14 abr (RV) - Cristo, nossa esperança. É nas asas desse
lema que, dentro de menos de 20 horas, Bento XVI voltará a atravessar o Atlântico
rumo ao continente americano. Onze meses após a chegada ao Brasil, desta vez serão
as duas cidades-símbolo dos EUA, Washington e Nova Iorque, a acolher _ durante seis
dias _ o Santo Padre e sua comitiva, num clima de grande expectativa pastoral e inter-religiosa,
mas também midiática.
Efetivamente, Bento XVI rezará junto com as comunidades
eclesiais das duas arquidioceses, abraçando idealmente toda a Igreja dos EUA, e visitará,
entre outros, a sede da ONU, em Nova Iorque e o Ground Zero (onde se encontravam
as Torres Gêmeas).
Dias atrás o pontífice quis enviar uma videomensagem aos
norte-americanos, na qual ressalta os temas espirituais de sua estada nos EUA.
"Faço
votos de que a minha vinda seja acolhida como expressão de fraternidade para com toda
a comunidade eclesial e como testemunho de amizade para com todos os fiéis e os homens
e as mulheres de boa vontade."
De fato, era 8 do corrente, terça-feira passada,
quando Bento XVI confiou a uma videomensagem _ difundida pela Sala de Imprensa da
Santa Sé _ a saudação aos estadunidenses, uma semana antes de iniciar sua visita ao
país.
As estatísticas oficiais mais atualizadas falam de 300 milhões de habitantes
e de 67 milhões e meio de católicos, distribuídos em cerca de 19 mil paróquias. É,
sobretudo, a eles _ que encontrará presidindo três missas, uma na capital e duas em
Nova Iorque _ que Bento XVI portará a mensagem da esperança de Cristo, que intitula
essa sua oitava viagem apostólica, a primeira aos EUA.
Mas não faltarão importantes
parênteses dedicados ao diálogo com os outros credos, no encontro de quinta-feira
próxima em Washington, com alguns líderes religiosos, e na visita à sinagoga de Nova
Iorque, por ocasião da páscoa judaica.
"Levarei a mensagem da esperança _ prossegue
o papa na videomensagem_ também na grande Assembléia da ONU aos representantes dos
povos do mundo."
As visitas do papa à sede da ONU e ao Ground Zero serão,
sobretudo a segunda, os eventos entre os mais midiáticos da viagem do pontífice aos
EUA.
Em todo caso _ afirma Bento XVI _ o mundo "mais do que nunca precisa de
esperança: esperança de paz, de justiça, de liberdade". Mas acrescenta, "não poderá
realizar essa esperança sem obedecer à lei de Deus, que Cristo portou a cumprimento
no mandamento de amar-nos uns aos outros".
Por outro lado, há muito tempo a
chegada de Bento XVI às duas metrópoles dos EUA vem sendo preparada pela Igreja local
com encontros e reflexões sobre o tema da esperança cristã. Boa parte da atenção pastoral
tem sido dedicada aos jovens estadunidenses, entre os quais a mensagem do Evangelho
deve ganhar espaço em meio a tendências dominadas pelo relativismo ético e por um
materialismo cotidiano. Foi o que nos confirmou _ nos microfones da Rádio Vaticano
_ o arcebispo de Washington, Dom Donald William Wuerl. Eis o que nos disse:
Dom
Donald William Wuerl:- "Esperamos a chegada do papa com grande alegria. Para nós,
porém, será um momento catequístico. Estamos preparando, ensinando os nossos fiéis,
especialmente os jovens, a entender quem é o papa. E o papa é Pedro no meio de nós.
Assim, podemos ensinar bem a essa geração de católicos, a essa geração de jovens cristãos,
que a Igreja precisa muito de Pedro, porque é justamente sobre Pedro que a Igreja
se apóia."
P. Dom Wuerl, em que sentido o senhor considera que é assim tão
importante na vida de hoje, dos jovens, da sociedade estadunidense, que se entenda
o papel de Pedro do papa?
Dom Donald William Wuerl:- "Porque a geração,
a nossa cultura, a nossa sociedade de hoje precisa muito escutar o Evangelho, escutar
as palavras de vida, escutar que há uma dimensão espiritual de vida humana. Nós vivemos
freneticamente nos EUA e a atenção se dirige em todas as direções, sem concentrar-se
sobre esse fato muito importante, de que toda vida humana tem uma dimensão espiritual.
Nós precisamos de um contato, de uma conversação, de uma relação com Deus. O Santo
Padre portará essa mensagem."
P. Os EUA vivem uma situação de conflito que
nasce de um confronto justamente com uma cultura diferente. O temor hoje, na cultura
contemporânea, em particular também estadunidense, é de que a religião seja elemento
de divisão...
Dom Donald William Wuerl:- "Sim, ao menos há quem
diga assim. Eu vejo de modo diferente. Para mim a religião dá a esperança de que há
a possibilidade de construir pontes entre todos os diversos elementos da cultura,
de começar a construir uma sociedade verdadeiramente justa e boa. A religião, no fundo,
fala de justiça, a verdadeira religião fala de paz, fala de verdade e fala também
das relações humanas. Por esse motivo, creio que os diálogos em andamento hoje entre
os católicos e os judeus, entre os católicos e os muçulmanos, entre os católicos e
todas as outras religiões, abram as portas a um novo momento de compreensão."
P.
Dom Wuerl, em Washington, se realizará um encontro justamente do papa com os representantes
das religiões. Qual é o compromisso particular de sua arquidiocese e da Igreja estadunidense
nesse campo?
Dom Donald William Wuerl:- "Sim, essa reunião de representantes
de todas as religiões, programada para o último dia da visita do Santo Padre, dá a
possibilidade de demonstrar a todos na nação que o Santo Padre leva muito a sério
esse diálogo, essa conversação com o mundo das religiões, e nos EUA nós hoje precisamos
disso."
P. O lema da visita do papa é "Cristo, nossa esperança". Portanto,
quais são os âmbitos da vida social, não somente para a Igreja, em que se acredita
haja mais necessidade dessa esperança?
Dom Donald William Wuerl:-
"Hoje o mundo, como o Santo Padre disse em sua encíclica Spes salvi (Salvos
pela esperança) precisa tanto de esperança. Então para nós a visita do Santo Padre
será um momento de esperança. Teremos a Eucaristia no centro da visita a Washington,
a santa missa no Parque Nacional. Esse, a meu ver, será o momento principal, para
que a nossa spes permaneça em nossa fé que é Jesus, em nossa fé que Jesus está
conosco na Eucaristia. Por isso, digo que a chegada do Santo Padre será um testemunho,
uma proclamação de esperança, de esperança não somente pelo futuro, mas para hoje
como hoje. Assim, em meio a tudo isso, no centro de tudo, no coração de tudo estará
a Eucaristia." (RL)