2008-04-14 20:44:19

VIGÍLIA DA PARTIDA DE BENTO XVI PARA OS EUA: PAPA ANUNCIARÁ A TODOS A ESPERANÇA DO CRISTO RESSUSCITADO


Cidade do Vaticano, 14 abr (RV) - Cristo, nossa esperança. É nas asas desse lema que, dentro de menos de 20 horas, Bento XVI voltará a atravessar o Atlântico rumo ao continente americano. Onze meses após a chegada ao Brasil, desta vez serão as duas cidades-símbolo dos EUA, Washington e Nova Iorque, a acolher _ durante seis dias _ o Santo Padre e sua comitiva, num clima de grande expectativa pastoral e inter-religiosa, mas também midiática.

Efetivamente, Bento XVI rezará junto com as comunidades eclesiais das duas arquidioceses, abraçando idealmente toda a Igreja dos EUA, e visitará, entre outros, a sede da ONU, em Nova Iorque e o Ground Zero (onde se encontravam as Torres Gêmeas).

Dias atrás o pontífice quis enviar uma videomensagem aos norte-americanos, na qual ressalta os temas espirituais de sua estada nos EUA.

"Faço votos de que a minha vinda seja acolhida como expressão de fraternidade para com toda a comunidade eclesial e como testemunho de amizade para com todos os fiéis e os homens e as mulheres de boa vontade."

De fato, era 8 do corrente, terça-feira passada, quando Bento XVI confiou a uma videomensagem _ difundida pela Sala de Imprensa da Santa Sé _ a saudação aos estadunidenses, uma semana antes de iniciar sua visita ao país.

As estatísticas oficiais mais atualizadas falam de 300 milhões de habitantes e de 67 milhões e meio de católicos, distribuídos em cerca de 19 mil paróquias. É, sobretudo, a eles _ que encontrará presidindo três missas, uma na capital e duas em Nova Iorque _ que Bento XVI portará a mensagem da esperança de Cristo, que intitula essa sua oitava viagem apostólica, a primeira aos EUA.

Mas não faltarão importantes parênteses dedicados ao diálogo com os outros credos, no encontro de quinta-feira próxima em Washington, com alguns líderes religiosos, e na visita à sinagoga de Nova Iorque, por ocasião da páscoa judaica.

"Levarei a mensagem da esperança _ prossegue o papa na videomensagem_ também na grande Assembléia da ONU aos representantes dos povos do mundo."

As visitas do papa à sede da ONU e ao Ground Zero serão, sobretudo a segunda, os eventos entre os mais midiáticos da viagem do pontífice aos EUA.

Em todo caso _ afirma Bento XVI _ o mundo "mais do que nunca precisa de esperança: esperança de paz, de justiça, de liberdade". Mas acrescenta, "não poderá realizar essa esperança sem obedecer à lei de Deus, que Cristo portou a cumprimento no mandamento de amar-nos uns aos outros".

Por outro lado, há muito tempo a chegada de Bento XVI às duas metrópoles dos EUA vem sendo preparada pela Igreja local com encontros e reflexões sobre o tema da esperança cristã. Boa parte da atenção pastoral tem sido dedicada aos jovens estadunidenses, entre os quais a mensagem do Evangelho deve ganhar espaço em meio a tendências dominadas pelo relativismo ético e por um materialismo cotidiano. Foi o que nos confirmou _ nos microfones da Rádio Vaticano _ o arcebispo de Washington, Dom Donald William Wuerl. Eis o que nos disse:

Dom Donald William Wuerl:- "Esperamos a chegada do papa com grande alegria. Para nós, porém, será um momento catequístico. Estamos preparando, ensinando os nossos fiéis, especialmente os jovens, a entender quem é o papa. E o papa é Pedro no meio de nós. Assim, podemos ensinar bem a essa geração de católicos, a essa geração de jovens cristãos, que a Igreja precisa muito de Pedro, porque é justamente sobre Pedro que a Igreja se apóia."

P. Dom Wuerl, em que sentido o senhor considera que é assim tão importante na vida de hoje, dos jovens, da sociedade estadunidense, que se entenda o papel de Pedro do papa?

Dom Donald William Wuerl:- "Porque a geração, a nossa cultura, a nossa sociedade de hoje precisa muito escutar o Evangelho, escutar as palavras de vida, escutar que há uma dimensão espiritual de vida humana. Nós vivemos freneticamente nos EUA e a atenção se dirige em todas as direções, sem concentrar-se sobre esse fato muito importante, de que toda vida humana tem uma dimensão espiritual. Nós precisamos de um contato, de uma conversação, de uma relação com Deus. O Santo Padre portará essa mensagem."

P. Os EUA vivem uma situação de conflito que nasce de um confronto justamente com uma cultura diferente. O temor hoje, na cultura contemporânea, em particular também estadunidense, é de que a religião seja elemento de divisão...

Dom Donald William Wuerl:- "Sim, ao menos há quem diga assim. Eu vejo de modo diferente. Para mim a religião dá a esperança de que há a possibilidade de construir pontes entre todos os diversos elementos da cultura, de começar a construir uma sociedade verdadeiramente justa e boa. A religião, no fundo, fala de justiça, a verdadeira religião fala de paz, fala de verdade e fala também das relações humanas. Por esse motivo, creio que os diálogos em andamento hoje entre os católicos e os judeus, entre os católicos e os muçulmanos, entre os católicos e todas as outras religiões, abram as portas a um novo momento de compreensão."

P. Dom Wuerl, em Washington, se realizará um encontro justamente do papa com os representantes das religiões. Qual é o compromisso particular de sua arquidiocese e da Igreja estadunidense nesse campo?

Dom Donald William Wuerl:- "Sim, essa reunião de representantes de todas as religiões, programada para o último dia da visita do Santo Padre, dá a possibilidade de demonstrar a todos na nação que o Santo Padre leva muito a sério esse diálogo, essa conversação com o mundo das religiões, e nos EUA nós hoje precisamos disso."

P. O lema da visita do papa é "Cristo, nossa esperança". Portanto, quais são os âmbitos da vida social, não somente para a Igreja, em que se acredita haja mais necessidade dessa esperança?

Dom Donald William Wuerl:- "Hoje o mundo, como o Santo Padre disse em sua encíclica Spes salvi (Salvos pela esperança) precisa tanto de esperança. Então para nós a visita do Santo Padre será um momento de esperança. Teremos a Eucaristia no centro da visita a Washington, a santa missa no Parque Nacional. Esse, a meu ver, será o momento principal, para que a nossa spes permaneça em nossa fé que é Jesus, em nossa fé que Jesus está conosco na Eucaristia. Por isso, digo que a chegada do Santo Padre será um testemunho, uma proclamação de esperança, de esperança não somente pelo futuro, mas para hoje como hoje. Assim, em meio a tudo isso, no centro de tudo, no coração de tudo estará a Eucaristia." (RL)







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