Caritas Internacional pede resultados das eleições presidenciais no Zimbabué: para
o presidente da Caritas Portuguesa há falta de coragem da Comunidade Internacional
em relação à situação do Zimbabué
(12/4/2008) A confederação internacional da Caritas considera que não existem razões
válidas para atrasar indefinidamente a divulgação dos resultados das eleições presidenciais
no Zimbabué. O país africano foi às urnas para eleger o próximo chefe de Estado
a 29 de Março passado, mas continua à espera da publicação dos resultados. Num clima
tenso, a polícia do Zimbabué proibiu as manifestações políticas em Harare, considerando
«não existir qualquer razão» para se realizarem após as eleições de 29 de Março. Duas
semanas depois das eleições presidenciais, a Comissão Eleitoral afirmou que não se
pode pronunciar publicamente sobre os resultados presidenciais de 29 de Março por
estar pendente de uma decisão judicial, anunciada para Segunda-feira. Um juiz
do Supremo Tribunal examinou Quarta-feira um pedido do Movimento para a Mudança Democrática
(MDC) pedindo a publicação imediata dos resultados das eleições presidenciais. Apesar
de as autoridades eleitorais terem divulgado os resultados das eleições legislativas,
que decorreram em simultâneo com as presidenciais, a Comissão não divulgou um único
dado sobre as presidenciais. A oposição acusa o regime do Presidente Robert Mugabe,
no poder desde 1980 (primeiro como primeiro-ministro e depois como chefe de Estado),
de atrasar a entrega dos resultados para criar uma onda de violência no país e aterrorizar
a população no caso de se confirmar a realização de uma segunda volta eleitoral, como
pretende o governo. O MDC garante que o seu candidato presidencial, Morgan Tsvangirai,
venceu com 50,3% dos votos, e atribui a Mugabe 43,8%. A secretaria-geral da Cáritas
Internacional (confederação de 162 organizações católicas, presente em mais de 200
países e territórios), Lesley Anne Knight, afirmou que “não difundir os resultados
eleitorais sem alguma razão fundamental é injustificável. Isso está simplesmente a
gerar suspeitas de que a Comissão Eleitoral do Zimbabué seja manipulada para produzir
resultados contrários ao veredicto do povo”. Todas as partes do país, sustenta
Knight, “devem permanecer empenhadas no diálogo e na solução pacífica da crise política”,
condenando os actos de violência ou intimidação. Alouis Munyaradzy Chaumba, da
Comissão Católica para a Justiça e Paz no Zimbabué, afirmou que a autonomia e o profissionalismo
da Comissão Eleitoral “foram seriamente afectados e profundamente comprometidos”.
A Igreja Católica no Zimbabué criticou por diversas vezes o Governo presidido
por Mugabe pelo colapso social e económico do país, pela violação da liberdade e dos
direitos fundamentais e por ter fracassado no combate à corrupção Ouvido pelo
correspondente da Rádio Vaticano em Portugal Domingos Pinto, Eugénio da Fonseca, Presidente
da Cáritas Portuguesa diz que há falta de coragem da Comunidade Internacional em relação
à situação do Zimbabué.