2008-04-11 16:23:26

Comité Olímpico Internacional critica autoridade de Pequim, e mantém périplo mundial da chama. “Profunda inquietação” da comunidade internacional em relação à repressão chinesa no Tibete.
 
 


(11/4/2008) O clima de tensão e conflito vivido nas cidades por onde tem passado a tocha olímpica, transferiu-se ontem para a reunião do Comité Olímpico Internacional a decorrer em Pequim, com uma troca de palavras duras entre o presidente do Comité, Jacques Rogge, e a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu.
A divergência pública entre o COI e o Governo de Pequim constituiu o mais recente golpe na estratégia chinesa de manter dissociados os Jogos de questões delicadas para o regime, como o Tibete ou o problema dos direitos humanos no país.
Ao sucedido na capital chinesa veio somar-se a aprovação no Parlamento Europeu ontem por esmagadora maioria de uma resolução em que defende a necessidade de uma posição comum dos 27 Estados membros sobre "a opção da ausência" à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, caso a China "não inicie o diálogo directo" com o líder tibetano no exílio, o Dalai Lama.
O presidente do COI, Jacques Rogge, não se coibiu de recordar os compromissos assumidos por Pequim em matéria de direitos humanos quando a sua candidatura foi escolhida em 2001 para organizar os Jogos deste Verão. "Pedimos claramente à China que respeite esse compromisso moral", disse Rogge. O dirigente olímpico insistiu ainda que "a liberdade de expressão é algo absoluta, é um dos direitos do homem, que, por isso, é também dos atletas", admitindo, por outro lado, que poderiam vigorar "pequenas restrições" nesta matéria para impedir a politização dos Jogos.
As declarações de Rogge suscitaram uma rápida reacção da diplomacia chinesa, que pediu aos responsáveis do COI "para não introduzirem factores políticos a despropósito".
Num sentido conforme aos interesses chineses em matéria dos Jogos, e contrariando a impressão dominante nos últimos dias, o Presidente George W. Bush voltou a afirmar ontem ser sua intenção estar presente na cerimónia de abertura das Olimpíadas, a 8 de Agosto.
 
Entretanto a China rejeitou um pedido da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, para se deslocar ao Tibete, enquanto especialistas da ONU em direitos humanos manifestam “profunda inquietação” em relação à repressão chinesa. O mesmo acontece com a União Europeia.
Os eurodeputados pedem à presidência eslovena da União Europeia que se empenhe em “encontrar uma posição comum a respeito da presença dos chefes de Estado e de Governo” na cerimónia. A hipótese de um boicote europeu à participação na cerimónia de abertura está ainda prevista na resolução aprovada. O texto apela a que a China e o Dalai Lama cheguem “a um acordo político global sobre uma solução viável para a autonomia cultural e política” do território.
O PE quer ainda que o Conselho da União Europeia nomeie um enviado especial para as questões tibetanas e condena a repressão dos manifestantes tibetanos pelas autoridades chinesas.
Sete especialistas da ONU em direitos humanos manifestaram, num comunicado conjunto ontem divulgado, uma “profunda inquietação” em relação à repressão no Tibete e pediram a Pequim acesso livre à região para jornalistas e observadores independentes.
No documento, os sete especialistas referem que estão inquietos com as “actuais manifestações e informações sobre o elevado número de detenções na região autónoma do Tibete e regiões vizinhas na China”. “Os especialistas da ONU estão profundamente preocupados com as informações, segundo as quais, as forças de segurança dispararam contra os manifestantes provocando mortos”, refere o texto.
 







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