2008-04-11 20:04:04

CARDEAL KASPER COMENTA NOVA FORMULAÇÃO DA ORAÇÃO DA SEXTA-FEIRA SANTA PELOS JUDEUS


Cidade do Vaticano, 11 abr (RV) - A nova formulação da oração da Sexta-Feira Santa pelos judeus, feita pelo papa Bento XVI, "é oportuna". É o que afirma o presidente do 'Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos' e da 'Comissão para as relações religiosas com o judaísmo', Cardeal Walter Kasper. Num artigo publicado na edição desta sexta-feira do jornal vaticano "L'Osservatore Romano", o purpurado ressalta que a nova formulação da oração trouxe "importantes melhoramentos do texto de 1962".

A nova formulação do texto de 1962 "fala de Jesus como o Cristo e a Salvação de todos os homens, portanto, também dos judeus", afirma o Cardeal Kasper, ressaltando que ela está "fundada no conjunto do Novo Testamento" e expressa "aquilo que até então já era pressuposto como óbvio, mas que não havia sido tematizado suficientemente. Portanto, não se trata, como muitos entenderam _ continua o purpurado _ "de uma afirmação nova e não amistosa em relação aos judeus".

Em seguida, o Cardeal Kasper reitera a necessidade de "uma grande sensibilidade na relação judaico-cristã": "Se hoje nos comprometemos a esse respeito recíproco _ escreve _ ele deve fundar-se no fato que reconhecemos reciprocamente a nossa diversidade".

Por isso _ continua o purpurado _ "não esperamos que os judeus concordem sobre o conteúdo cristológico da oração da Sexta-Feira Santa, mas que respeitem que nós rezemos como cristãos segundo a nossa fé, como naturalmente também nós o fazemos em relação ao modo deles de rezar".

Daí, o purpurado faz a pergunta fundamental: "Devem os cristãos rezar pela conversão dos judeus? Pode haver uma missão voltada para os judeus?" Na oração reformulada "não se encontra a palavra conversão" _ observa o cardeal _ mas ela "está indiretamente incluída na invocação de iluminar os judeus a fim de que reconheçam Jesus Cristo". Em resposta a isso, o purpurado observa que "a Igreja católica, diferentemente de alguns círculos evangélicos, não tem uma missão voltada para os judeus organizada e institucionalizada". Um problema, porém _ ressalta ele _ que não foi ainda esclarecido teologicamente.

-O mérito da nova formulação da oração da Sexta-Feira Santa _ continua o purpurado _ é justamente o de oferecer uma "primeira indicação para uma substancial resposta teológica". O Cardeal Kasper parte da Carta de Paulo aos Romanos, na qual o apóstolo define a salvação dos judeus como "um profundo mistério da eleição mediante a graça divina".

Com o termo 'mistério' _ ressalta o presidente da Comissão para as relações religiosas com o judaísmo _ "Paulo entende a eterna vontade salvífica de Deus", em referência à "união escatológica dos povos em Sião, prometido pelos profetas e por Jesus, e à paz universal que depois surgirá".

-"A reformulada oração da Sexta-Feira Santa _ afirma ainda o Cardeal Kasper _ expressa essa esperança numa oração de intercessão dirigida a Deus", uma oração que, no fundo _ acrescenta ele _ "repete a invocação do Pai-Nosso, 'Venha a nós o vosso reino'". (RL)







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