ALEMANHA: IGREJA NÃO COLABOROU, MAS TAMBÉM NÃO OPÔS RESISTÊNCIA AO NAZISMO
Mogúncia, 09 abr (RV) - A Igreja alemã apresentou ontem, em Mogúncia, o livro
"Trabalho Forçado e a Igreja Católica entre 1939 e 1945".
O livro foi apresentado
pelo Cardeal Karl Lehmann, bispo da cidade. Trata-se de um relato sobre trabalhadores
forçados empregados em instituições católicas durante o nazismo, uma documentação
que contribui para esclarecer a conivência católica com o Terceiro Reich.
O
Cardeal Lehmann lamentou que a Igreja não tenha se voltado para a discussão do assunto
anteriormente: "Não se deve esquecer que a Igreja Católica se manteve por muito tempo
cega frente aos destinos e ao sofrimento de trabalhadores forçados oriundos de toda
a Europa, entre homens, mulheres, jovens e crianças".
As revelações, acredita
o cardeal, não levam somente a uma melhor compreensão do passado, "mas contribuem
também para uma lembrança histórica mais precisa, sem a qual não há reconciliação
possível".
"Esse trabalho não deve ser visto como um balanço final, mas como
um passo ulterior no caminho rumo à pacificação dos cristãos na Alemanha e na Europa",
explicou o purpurado.
O documento expõe como aproximadamente seis mil pessoas
foram obrigadas a trabalhar em cerca de 800 instituições ligadas à Igreja. Através
da pesquisa, foram localizados em torno de 800 sobreviventes, que receberam uma indenização
simbólica de 2.500 euros.
Entre os motivos que levaram à conivência da Igreja,
estão "motivos patrióticos, bem como o medo da violência da polícia e da SS. Essa
situação levou a ambivalências, tensões e ajustamentos, em alguns casos também a erros
fatais", disse Karl-Joseph Hummel, diretor da pesquisa.
Ele classificou o
comportamento da Igreja Católica sob o nazismo como ''antagonismo cooperativo''. Segundo
Hummel, não se pode falar de colaboração da Igreja com o nazismo, mas nem mesmo de
resistência. (BF)