(8/4/2008) A pobreza e a fome são «uma ofensa à dignidade humana», salientou o arcebispo
Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé nas Nações
Unidas, intervindo em Nova York, na 62ª sessão da Assembléia Geral da ONU, durante
o debate sobre o tema «Reconhecer os êxitos, enfrentar os desafios e recuperar o rumo
para a conquista dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em 2015». O representante
da Santa Sé recordou que já se está na metade do caminho desde que, no ano 2000, chefes
de Estado e de Governo entraram em consenso sobre «uma série ambiciosa, mas necessária,
de objectivos para o desenvolvimento global a ser alcançado em 2015». Se foi feito
muito para conseguir estes fins, reconhece, «a extrema pobreza, a fome, o analfabetismo
e a falta da mais fundamental assistência à saúde estão ainda muito estendidos, e
inclusive pioram nalgumas regiões». Autorizados estudos, explicou, demonstram
que, apesar do notável crescimento económico em muitos países em vias de desenvolvimento,
o objectivo global de reduzir a fome e a pobreza «permaneceu inalcançável». A Santa
Sé - recordou - continua activamente empenhada em aliviar estes problemas, «que são
uma ofensa à dignidade humana» e «não deixará de sublinhar tais necessidades fundamentais,
de modo que permaneçam no centro da atenção internacional e sejam enfrentadas como
uma questão de justiça social». Neste sentido, a delegação da Santa Sé considera
necessária «uma maior solidariedade internacional se o objectivo é conseguir limitar
a crescente brecha entre os países ricos e os pobres, e entre os indivíduos dentro
dos países». A educação, constatou, «está na base de todos os Objectivos de Desenvolvimento
do Milénio (ODM)» e «é o instrumento mais eficaz para fazer com que os homens e mulheres
possam conseguir uma maior liberdade social, económica e política». O prelado
sublinhou que também os ODM ligados à questão da saúde exigem uma «acção colectiva». Apesar
dos progressos na redução da mortalidade infantil, denunciou, não se fez muito pela
saúde das mães e para combater a Aids, a malária e a tuberculose, sobretudo por falta
de recursos e de acesso também aos serviços de saúde fundamentais. Recordando que
2008 marca o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o prelado
indicou que na base tanto deste importante documento, como dos ODM, está «o objectivo
de um futuro melhor para todos». «Mais que conversas e reuniões, a conquista deste
objectivo exige empenho e acção concreta – declarou. A nossa luta global contra a
pobreza extrema, a fome, o analfabetismo e as enfermidades não é simplesmente um acto
de generosidade e altruísmo: é uma conditio sine qua non para um futuro melhor
num mundo mais justo para todos.»