Incerteza e ânsia no Zimbaué, á espera dos resultados das eleições presidenciais
(8/4/2008) Enquanto o Supremo Tribunal de Harare continua a permitir que a Comissão
Eleitoral não divulgue os resultados das eleições presidenciais, milícias do partido
no poder no Zimbabué e veteranos de guerra lançam acções de intimidação nos campos.
Sem
acesso a instrumentos legais que forcem a Comissão Eleitoral a libertar os resultados,
o líder da Oposição e candidato presidencial, Morgan Tsvangirai, deslocou-se à África
do Sul para contactos descritos como "não especificados", mas que analistas admitem
tenham como objectivo apelar à tomada de uma posição tendente a resgatar o processo
eleitoral e a democracia no Zimbabué.
Com o país mergulhado na incerteza e
na ansiedade, os auto-intitulados "veteranos de guerra" (grupo de ex-combatentes da
guerra contra o regime minoritário de Ian Smith leais a Mugabe que orquestrou a ocupação
de mais de quatro mil fazendas de brancos desde 2000) puseram em execução nas zonas
rurais uma nova ofensiva contra os poucos fazendeiros brancos.
Activistas em
Harare estão convencidos de que todo o processo está a ser comandado por Robert Mugabe,
que, na iminência de uma derrota eleitoral nas presidenciais, lançou mão de todos
os instrumentos ao seu dispor para paralisar o processo eleitoral e, eventualmente,
"dar a volta por cima".
Mugabe voltou, nos últimos dias, a alertar os seus
compatriotas contra "a ameaça dos brancos, que se estão a preparar para reocupar as
fazendas que lhes foram expropriadas pelo Governo", exortando a população a permanecer
"em estado de alerta" contra os brancos.