2008-04-05 13:20:11

Não há lugar isento de experiências de racismo, alerta o Observador Permanente da Santa Sé junto da ONU em Genebra, intervindo na 7ª sessão do Conselho de Direitos Humanos


(5/4/2008) Apesar da repulsa comum de racismo, xenofobia e outras formas de intolerância, «nenhum lugar do mundo está isento de experiências de discriminação racial», alerta o observador permanente da Santa Sé junto do Escritório das Nações Unidas e Instituições Especializadas em Genebra.
Tal flagelo, segundo D. Silvano Tomasi, torna oportuna e necessária uma implicação permanente do Conselho de Direitos Humanos, que celebrou sua VII sessão ordinária de 3 a 28 de Março passado .
Na sua intervenção durante os trabalhos, o representante da Santa Sé sublinhou a necessidade de considerar os direitos humanos fundando-os na pessoa humana e na sua inerente dignidade.
«Centrar-se na pessoa não é uma justificação para o individualismo», porque «nenhuma pessoa chega a ser tal se não está em relação com outros, um processo que começa na família natural», afirma.
Deste contexto relacional se desprende que direitos e deveres são inseparáveis; a cada direito corresponde um dever, e da sua interacção e da promoção do bem comum, as comunidades forma-se e salvaguardam-se, explica D. Tomasi.
Para isso, segundo o prelado, deve-se enfrentar a tarefa de proporcionar um meio em que a pessoa possa desenvolver-se sem discriminações.
No actual âmbito de globalização e de pluralização social, o caminho a percorrer «não consiste num diálogo abstracto de civilizações – salienta –,numa insistente defesa do ‘comunitarismo’ ou numa concepção do indivíduo desarreigado das relações humanas».
O Estado tampouco «pode basear-se exclusivamente na ideia da identidade nacional», mas «a legislação internacional em direitos humanos reconhece claramente que a principal função do Estado é servir a pessoa humana, a sua vida em comunidade e a promoção do bem comum», recorda.
Nem «assimilação radical», nem «separação», nem tolerância por si só; «interacção», «integração» e reconhecimento da diferença e igualdade do outro – aponta D. Silvano Tomasi– é o que possibilita um genuíno diálogo e a resolução de problemas práticos de convivência.
O representante da Santa Sé insiste na necessidade de meios onde toda a pessoa desfrute de todos os direitos humanos, em cuja defesa e promoção recomenda centrar-se.
Isso permitirá enfrentar situações de intolerância também religiosa, que demandam, pela sua complexidade, uma atitude de colaboração, utilizando os necessários mecanismos internacionais. «Uma aproximação comum – prossegue o prelado – pode ser a de prestar especial atenção às vítimas de discriminações raciais e/ou religiosas, cujos direitos humanos básicos se negam continuamente até ao ponto da privação violenta da vida.»
«Nalguns países – advertiu perante o Comissão da ONU –, é difícil para os cristãos professar publicamente a sua fé.»
A educação, assim como a ratificação e uso dos instrumentos internacionais disponíveis, são meios necessários para combater a intolerância.
Mas é prioritário, de acordo com D. Silvano Tomasi, uma mudança de atitude que substitua no coração – em purificação constante – o medo ou o espírito de domínio pela solidariedade e a abertura aos demais.
«Este é um papel fundamental das religiões, que têm a responsabilidade de oferecer um ensinamento que enfatize a dignidade de todo o ser humano e a unidade da família humana», concluiu.








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