Comunicado Final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa
(5/4/2008) De 31 de Março a 03 de Abril de 2008, na Casa de Nossa Senhora das Dores
do Santuário de Fátima, reuniu-se a 168ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP), com a participação do Presidente e da Vice-Presidente da Conferência
dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e da Presidente da Federação Nacional
dos Institutos Seculares (FNIS). 2. O período inicial da primeira sessão contou
com a presença dos órgãos de comunicação social e foi preenchido com o discurso de
abertura do Presidente da CEP, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo de Braga.
D. Jorge Ortiga saudou D. Joaquim Augusto da Silva Mendes, no início do seu ministério
episcopal, bem como D. José Francisco Sanches Alves e D. Amândio José Tomás pelos
novos encargos que lhes foram confiados. Congratulou-se com a presença de D. Joaquim
Gonçalves, recentemente sujeito a uma operação cardíaca. Situando-se na complexidade
actual, D. Jorge Ortiga recordou que a Igreja, ao longo da história, soube encontrar
modos para formar os seus cristãos perante contextos diversificados. A sua principal
tarefa, na actualidade, reside em discernir caminhos de iniciação cristã que permitam
interpretar a vida à luz de Cristo, em qualquer ambiente. 3. A Assembleia procedeu
à eleição dos Bispos que vão presidir aos órgãos que integram a CEP para o triénio
de 2008-2011, cuja lista se anexa. Mereceu particular relevo a reflexão sobre a possibilidade
de um Presbítero ocupar o lugar de Secretário da CEP, o que veio a acontecer. 4.
No período de informações e comunicações, os Presidentes das Comissões Episcopais
transmitiram à Assembleia as principais actividades realizadas ou a realizar nos sectores
que coordenam. 5. A Assembleia reflectiu sobre a situação da Escola em Portugal.
A educação escolar, antropologicamente fundamentada e apostada no desenvolvimento
integral da pessoa humana de todos e de cada um dos alunos, é uma exigência absoluta
para o futuro da sociedade portuguesa. Sobre ela se devem concentrar as nossas melhores
forças, envolvendo todos os parceiros educativos, o mais possível articulados entre
si. Uma especial palavra é dirigida aos alunos, aos pais e aos professores: -
aos alunos, os Bispos querem sublinhar quão importante é o seu esforço e dedicação
ao estudo, num tempo de profundas mutações e incertezas, que requer das novas gerações
sólidos conhecimentos de base, busca do sentido da vida, ambiente de disciplina, espírito
crítico e criativo e activa participação cívica; - aos pais, querem manifestar
apreço pelo amor com que se dedicam à educação dos seus filhos, que hoje requer um
acompanhamento mais próximo num contexto em que sobejam problemas e dilemas e faltam
formação adequada e partilha de soluções; - quanto aos professores, reconhecendo
a complexidade crescente em que exercem a sua missão e a sua autoridade profissional,
os Bispos desejam partilhar uma palavra de estímulo e de confiança, cientes do quanto
já se faz bem feito e com bons resultados, tanto em escolas estatais como em escolas
particulares. A concepção de educação acima enunciada requer dos professores um empenho
redobrado na vocação que são chamados a desempenhar com rigor e qualidade, vocação
esta que deve ser reconhecida e incentivada por toda a sociedade. Só num clima de
confiança e de exigência mútuas e de esperança é possível melhorar a educação. 6.
Como resultado das reflexões havidas no triénio (2005-2008), centradas no tema da
transmissão da fé e dando seguimento ao discurso do Santo Padre Bento XVI, por ocasião
da Visita ad limina, a Assembleia reflectiu sobre alguns caminhos pastorais mais urgentes.
O actual enquadramento social, cultural e eclesial, vivido pelas comunidades cristãs,
requer a revisão dos percursos da iniciação cristã, bem como a renovação das estruturas
de serviço pastoral, em ordem a maior comunhão e corresponsabilidade de todos os seus
membros. O modelo catecumenal, capaz de integrar as dimensões doutrinal, narrativa,
vivencial e celebrativa, aparece como o mais adequado para uma transmissão da fé personalizada
e marcada pelo sentido comunitário. A paróquia continua a ser o lugar privilegiado
das acções de formação, em harmonia com os movimentos e outras comunidades de referência.
Será de valorizar, na hodierna mutação cultural, o papel da racionalidade teológica,
em diálogo fecundo com outras racionalidades científicas e com a dimensão estética.
Para preparar agentes e promover a corresponsabilidade consciente nos leigos, os Bispos
dispõem-se a incentivar a sua formação. 7. Tendo em vista a próxima celebração
dos 2.000 anos do nascimento de São Paulo (28 de Junho de 2008 a 29 de Junho de 2009),
a Assembleia decidiu publicar, em breve, uma Nota Pastoral propondo desafios para
a evangelização, na esteira do grande apóstolo. Entre as propostas pastorais apontadas
está um itinerário catequético intitulado “Um ano a caminhar com São Paulo”, que fará
percorrer, durante 52 semanas, as principais etapas do caminho cristão. Foi também
aceite a proposta de uma celebração nacional, a realizar em Fátima, no dia 25 de Janeiro
de 2009. Foi proposto que se realize uma celebração ecuménica nacional. 8. A CEP
verificou o andamento do processo de regulamentação da Concordata, insistindo na sua
rápida e ponderada concretização. 9. A Assembleia salientou várias iniciativas
por ocasião do primeiro Centenário da República, levadas a cabo pelo Secretariado
Nacional da Pastoral da Cultura, que inicia um ciclo de reflexão sobre a identidade
portuguesa, e do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da UCP, no âmbito
da reflexão e investigação historiográfica. A próxima Semana Social, a realizar em
2009, em Aveiro, abordará o tema Igreja-Estado. 10. A CEP segue com atenção as
iniciativas legislativas referentes ao casamento e ao divórcio, lembra particularmente
aos católicos a doutrina da Igreja sobre o matrimónio e preocupa-se com tudo o que
fragiliza ainda mais a estabilidade social, que tem no casamento e na família o seu
fundamento. 11. O encontro com a direcção da Associação Cristã de Empresários
e Gestores (ACEGE) constituiu oportunidade para os Bispos tomarem conhecimento do
trabalho desenvolvido junto de um sector fundamental para a produção da riqueza e
para uma visão ética pautada pelos valores cristãos. Foi acolhida a disponibilidade
para um estudo em ordem a uma maior eficiência na organização dos serviços eclesiais.
A CEP solidariza-se com quem luta pela manutenção e criação de empresas, imbuídas
de espírito humanista. 12. A Assembleia ratificou a proposta apresentada por D.
António Marto do nome do P. Dr. Virgílio do Nascimento Antunes, do presbitério de
Leiria-Fátima, como novo Reitor do Santuário de Fátima. A CEP expressa o seu profundo
reconhecimento e elevado apreço pelo trabalho de Mons. Luciano Guerra, ao longo de
35 anos como Reitor do Santuário. 13. Por proposta do Presidente da Comissão Episcopal
da Mobilidade Humana, a Assembleia nomeou o Pe. Francisco Sales Diniz, OFM, para Director
da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos. 14. As Jornadas Pastorais do Episcopado,
a realizar em Fátima, de 16 a 19 de Junho de 2008, serão subordinadas ao tema “Critérios
e modos de organização, gestão e liderança numa Igreja-comunhão”. 15. A CEP, recebido
o mandato peculiar do Santo Padre e o Decreto de recognitio da Congregação dos Bispos
(04-03-2008), votou favoravelmente o Decreto de aprovação das Normas Gerais das Associações
de Fiéis, a publicar proximamente na Revista Lumen. 16. O Presidente esclareceu
a Assembleia de que, segundo informação da Secretaria de Estado do Vaticano, a Santa
Sé, além das próprias Ordens Equestres pontifícias, reconhece e tutela apenas a Soberana
Ordem Militar de Malta e a Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. 17.
A Assembleia analisou e aprovou o Relatório de Contas do Secretariado Geral da CEP
de 2007. Fátima, 03 de Abril de 2008 Eleições na CEP para o triénio
de 2008-2011 Em Assembleia Plenária ordinária, a Conferência Episcopal Portuguesa,
reunida em Fátima de 31 de Março a 03 de Abril de 2008, procedeu à eleição dos Bispos
que hão-de presidir aos órgãos que a integram. Foram eleitos: Presidente –
D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo de Braga Vice-Presidente – D. António
Augusto dos Santos Marto, Bispo de Leiria-Fátima Secretário – P. Manuel Morujão,
da Companhia de Jesus O Conselho Permanente é constituído pelo Presidente, Vice-Presidente
e Secretário da CEP e ainda por: D. José da Cruz Policarpo, Cardeal-Patriarca
de Lisboa D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente, Bispo do Porto D.
José Francisco Sanches Alves, Arcebispo de Évora D. Albino Mamede Cleto, Bispo
de Coimbra D. Gilberto Délio Gonçalves Canavarro dos Reis, Bispo de Setúbal Foram
eleitos para Presidentes das Comissões Episcopais: Educação Cristã – D. Tomaz
Pedro Barbosa Silva Nunes, Bispo auxiliar de Lisboa Pastoral Social – D. Carlos
Alberto de Pinho Moreira Azevedo, Bispo auxiliar de Lisboa Laicado e Família –
D. António José Cavaco Carrilho, Bispo do Funchal Vocações e Ministérios – D.
António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro Cultura, Bens Culturais e Comunicações
Sociais – D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente, Bispo do Porto Liturgia
– D. Anacleto Cordeiro Gonçalves Oliveira, Bispo auxiliar de Lisboa Mobilidade
Humana – D. António Vitalino Fernandes Dantas, Bispo de Beja Missões – D. António
José da Rocha Couto, Bispo auxiliar de Braga Doutrina da Fé e Ecumenismo – D.
Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda Foram ainda eleitos delegados da CEP:
- Para o Conselho Superior da Universidade Católica Portuguesa – D. Ilídio Pinto
Leandro, Bispo de Viseu - Para a Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia
(COMECE) – D. Amândio José Tomás, Bispo coadjutor de Vila Real - Para as relações
Bispos/Vida Consagrada – D. António Montes Moreira, Bispo de Bragança-Miranda Por
inerência do cargo, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo de Braga e Presidente
da CEP, é o delegado da CEP no Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
O Conselho Permanente entrou, imediatamente, em exercício. As Comissões Episcopais
serão, entretanto, formadas para serem apresentadas à próxima Assembleia Plenária
e iniciarão funções após homologação.