SANTA SÉ ESCLARECE MAL-ENTENDIDOS SOBRE ORAÇÃO PELOS JUDEUS
Cidade do Vaticano, 04 abr (RV) - A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou,
nesta sexta-feira, um comunicado para "esclarecer os mal-entendidos" com alguns setores
do mundo judaico que manifestaram "insatisfação" após a nova formulação do Oremus
et pro ludaeis, a oração pelos judeus contida na liturgia da Sexta-Feira Santa,
na edição do Missal Romano de 1962.
Um texto que, segundo alguns, "não estaria
em harmonia com as declarações e os pronunciamentos oficiais da Santa Sé, no que concerne
ao povo judeu e à sua fé, que marcaram o progresso, nesses quarenta anos, nas relações
de amizade entre os judeus e a Igreja Católica".
"A Santa Sé assegura que a
nova formulação do Oremus, com a qual foram modificadas algumas expressões
do Missal de 1962, não pretendeu, absolutamente, manifestar uma mudança na atitude
que a Igreja Católica desenvolveu para com os judeus, sobretudo, a partir da doutrina
do Concílio Vaticano II, em particular, na Declaração Nostra aetate, a qual,
segundo as palavras pronunciadas pelo Papa Bento XVI justamente na audiência aos rabinos
chefes de Israel, no dia 15 de setembro de 2005, caracterizou 'um marco no caminho
da reconciliação dos cristãos com o povo judeu'", afirma o comunicado da Sala de Imprensa
vaticana.
"Ademais, a continuidade da atitude presente na Declaração Nostra
aetate é evidenciada pelo fato de que o Oremus para os judeus contido no
Missal Romano de 1970 permanece em pleno vigor e é a forma ordinária da oração dos
católicos. O documento conciliar, no contexto de outras afirmações sobre as Sagradas
Escrituras (Dei Verbum 14) e sobre a Igreja (Lumen gentium 16) expõe
os princípios fundamentais que sustentaram e sustentam também hoje as relações fraternas
de estima, de diálogo, de amor, de solidariedade e de colaboração entre católicos
e judeus", prossegue a nota.
"Justamente escrutando o mistério da Igreja, a
Nostra aetate recorda o vínculo totalmente particular com o qual o Povo do
Novo Testamento está espiritualmente ligado à estirpe de Abraão e repele toda atitude
de desprezo e de discriminação para com os judeus, repudiando com firmeza toda e qualquer
forma de anti-semitismo."
O comunicado da Sala de Imprensa vaticana se conclui
afirmando que "a Santa Sé faz votos de que essas especificações contribuam para esclarecer
os mal-entendidos e reitera o firme desejo de que cresçam ulteriormente os progressos
verificados durante esses anos na recíproca compreensão e estima entre judeus e cristãos".
(RL/BF)