JOÃO PAULO II TINHA QUALIDADES SOBRENATURAIS - DIZ BENTO XVI EM MISSA NA PRAÇA SÃO
PEDRO
Cidade do Vaticano, 02 abr (RV) - Hoje, dia em que se recorda o terceiro aniversário
da morte de JPII, o papa Bento XVI celebrou uma missa no patamar da Basílica de São
Pedro, para cerca de 50 mil fiéis. Em sua homilia, o Santo Padre recordou aquela memorável
noite, que ficou impressa na memória da Igreja e do mundo.
Nos dias seguintes,
a Basílica Vaticana e a Praça São Pedro estiveram no centro da atenção mundial. Milhares
de peregrinos italianos e provenientes de muitos países homenagearam o corpo do venerado
pontífice, e seus funerais foram um testemunho concreto de estima e afeto para com
o papa polonês.
De fato, em 26 anos de pontificado, JPII conquistou os fiéis
de todas as partes da terra, independentemente de raça, credo ou proveniência. Assim,
disse Bento XVI, a Igreja recorda hoje seu amado Predecessor, que nutria uma fé extraordinária
em Cristo ressuscitado, e com Ele mantinha uma relação íntima, espiritual e mística:
“Era
suficiente observá-lo quando rezava: ele se imergia totalmente em Deus, dando a impressão
de que todo o resto, naquele momento, lhe era alheio. Vivia o mistério das celebrações
litúrgicas com profundidade, com destacada capacidade de colher a eloqüência da Palavra
de Deus no andamento da História, no profundo desígnio de Deus”.
Para ele,
a Santa Missa era o centro do seu dia e de toda a sua existência -lembrou Bento XVI.
A realidade “viva e santa” da Eucaristia lhe dava a energia espiritual para guiar
o Povo de Deus no caminho da santidade. O Bispo de Roma acrescentou:
“JPII
faleceu na vigília do II Domingo da Páscoa, na conclusão do “dia que o Senhor fez”.
Sua agonia se deu naquele dia, naquele espaço de tempo novo, no oitavo dia, desejado
pela Santíssima Trindade, mediante a obra do Verbo Encarnado, morto e ressuscitado.
JPII deu várias vezes prova de estar, de certa forma, imerso nesta dimensão espiritual,
sobretudo no cumprimento de sua missão terrena”.
Bento XVI continuou a homilia
afirmando que o pontificado de papa Wojtyla, em seu conjunto e em certos momentos
específicos, parece um sinal e um testemunho da Ressurreição de Cristo. O dinamismo
pascal, que tornou a existência de JPII uma resposta total ao chamado do Senhor, não
podia se expressar sem a participação no sofrimento e naà morte do divino Mestre e
Redentor.
Não podemos nos esquecer de seu último e eloqüente testemunho de
amor a Jesus, aquelas cenas de sofrimento e fé, sobretudo a sua última Sexta-feira
Santa, em que apresentou aos fiéis e ao mundo o segredo de toda a vida cristã.
Enfim,
sua advertência “não tenham medo”, disse o pontífice, não se baseava em meras forças
humanas, nem nos sucessos obtidos, mas na Palavra de Deus, na Cruz e na Ressurreição
de Cristo. De fato, as suas últimas palavras: “Deixem que eu vá para o Pai” - como
testemunham aqueles que lhe estavam próximos na sua agonia - foram o complemento de
toda uma vida voltada à contemplação do Rosto do Senhor.
Ao término da sua
homilia, Bento XVI elevou a Deus um verdadeiro hino pelo dom que JPII fez à Igreja
e ao mundo, com o seu longo pontificado:
“Demos graças ao Senhor por ter-nos
dado este seu fiel e corajoso servidor. Louvemos a Bem-aventurada Virgem Maria por
ter velado, incessantemente, sobre sua pessoa e seu ministério, em benefício do povo
cristão e de toda a humanidade. Rezemos para que ele continue a interceder, do Céu,
por nós e, especialmente, por mim, que a Providencia chamou a acolher a sua inestimável
herança espiritual”.
Bento XVI terminou sua homilia expressando o desejo de
que a Igreja possa, seguindo seus ensinamentos e exemplos, prosseguir fielmente e
sem compromissos a missão evangelizadora de JPII, difundindo sem cessar o Amor misericordioso
de Cristo, fonte de verdadeira paz para o mundo inteiro.
A seguir, o papa
Ratzinger agradeceu a participação maciça dos fiéis presentes na Praça São Pedro e
dirigiu um pensamento especial aos participantes do I Congresso Apostólico Mundial
da Misericórdia, que se iniciou hoje, com esta celebração Eucarística.
O objetivo
deste primeiro Congresso, em nível mundial, é aprofundar o rico magistério de JPII.
Os trabalhos se concluirão no próximo dia 6, e são presididos pelo cardeal-arcebispo
de Viena, Christoph Schönborn.
A misericórdia de Deus, segundo o próprio papa
JPII, é a chave de leitura privilegiada do seu pontificado. Ele queria que a mensagem
do amor misericordioso de Deus chegasse a todos os homens. Eis porque quis elevar
à honra dos altares a irmã Faustina Kowalska, humilde religiosa que se tornou, por
um misterioso desígnio divino, mensageira profética da Misericórdia Divina, capaz
de limitar o mal, derrotar a prepotência dos maldosos e o poder destruidor do egoísmo
e do ódio.
Hoje à noite, na cripta da basílica Vaticana, o cardeal Camillo
Ruini, vigário do papa para a diocese de Roma, vai presidir a uma vigília de oração,
na intenção de JPII, da qual participarão os jovens presentes na capital italiana.
A oração mariana do terço, que contemplará os mistérios gloriosos, contará com reflexões
do arcebispo de Cracóvia, cardeal Stanislaw Dziwisz, ex-secretário particular do papa
Wojtyla, e do cardeal Ângelo Comastri, vigário do papa para o Estado da Cidade do
Vaticano.
Naturalmente, também na Polônia, o cardeal Józef Glemp, arcebispo
emérito de Varsóvia, celebra hoje em sua cidade. Enquanto em Cracóvia, haverá uma
vigília de oração diante da chamada ‘janela do papa’, na sede da cúria. Também nas
outras dioceses do país, estão previstas iniciativas em comemoração do amado compatriota.