BENTO XVI VAI PRESIDIR AMANHÃ, 02 DE ABRIL, MISSA PELO 3º ANIVERSÁRIO DE MORTE DE
JOÃO PAULO II
Cidade do Vaticano, 1º abr (RV) - A Igreja viverá amanhã, 2 de abril, um momento
de grande intensidade espiritual: de fato, estaremos celebrando o terceiro aniversário
de morte de João Paulo II. Bento XVI presidirá, às 10h30 locais, na Praça São Pedro,
a uma missa em sufrágio de seu amado predecessor.
A Rádio Vaticano estará transmitindo
essa celebração ao vivo, via satélite, para todo o Brasil e demais países de língua
portuguesa cujas emissoras nos retransmitem, a partir das 5h20 da manhã desta quarta-feira
(horário de Brasília).
Esta noite, na Cripta Vaticana, terá lugar uma Vigília
de oração dos jovens, presidida pelo arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanislaw Dziwisz,
ex-secretário particular do papa Wojtyla.
Portanto, já se passaram três anos
da morte do inesquecível papa polonês, que voltou à Casa do Pai quando a Igreja já
celebrava a Solenidade da Divina Misericórdia, instituída justamente por ele. Um culto
_ do qual foi apóstola Irmã Faustina Kowalska _ que marcou todo o pontificado de João
Paulo II.
Como Karol Wojtyla, o culto da Divina Misericórdia nasceu no coração
da Polônia. Tem por apóstola uma pequena religiosa polonesa, Irmã Faustina Kowalska,
a quem, em 1931, aos 26 anos, Jesus apareceu em visão, ressuscitado e bendizendo.
Jesus pediu a Faustina que Sua imagem fosse pintada com dois raios que saem de Seu
coração, acompanhada da frase "Jesus, eu confio em Ti". Um símbolo que acompanha a
vida de Karol Wojtyla e que, 70 anos depois, se tornará, graças justamente ao primeiro
papa filho da Polônia, culto da Igreja presente no mundo inteiro:
"Essa mensagem
consoladora se dirige, sobretudo, a quem, aflito por uma provação particularmente
dura ou esmagado pelo peso dos pecados cometidos, perdeu toda confiança na vida e
é tentado a ceder ao desespero. A essa pessoa se apresenta a face doce de Cristo,
sobre ela chegam aqueles raios que partem de Seu coração e iluminam, aquecendo, indicando
o caminho e infundindo esperança" _ disse João Paulo II.
Vinte anos antes
do Jubileu do Ano 2000, João Paulo II dedicou a esse Mistério a encíclica "Dives in
Misericordia". O papa nos ensina que o homem não somente recebe e experimenta a misericórdia
de Deus, mas é também chamado a usar de misericórdia para com os outros. Portanto,
misericórdia e perdão são um binômio inseparável. No dia 30 de abril do ano 2000,
canonizou Irmã Faustina, tão querida por ele, e instituiu, para o segundo domingo
de Páscoa, o "Domingo da Divina Misericórdia":
"E você, Faustina _ disse João
Paulo II naquela ocasião _ consiga nos fazer perceber a profundidade da Divina Misericórdia
e testemunhá-la aos irmãos. A sua mensagem de luz e de esperança se difunda no mundo
inteiro, impulsione os pecadores à conversão, elimine as rivalidades e os ódios, abra
os homens e as nações à prática da fraternidade."
Também a última mensagem
de João Paulo II, lida na Praça São Pedro após a sua morte, é uma consagração do mundo
inteiro à Divina Misericórdia. Ressoam ainda hoje as palavras de Karol Wojtyla, que
nos encorajam a não ter medo, a confiar em Jesus, em Sua Misericórdia:
"Hoje
façamos nossa a sua oração de confiante abandono, e digamos com firme esperança: 'Jesus,
eu confio em Ti'."
Portanto, como recordamos, João Paulo II dedicou a sua segunda
encíclica justamente à Divina Misericórdia. Uma escolha de grande atualidade, como
ressaltou, nos microfones da Rádio Vaticano, o presidente emérito do Pontifício Conselho
para a Cultura, Cardeal Paul Poupard. Eis o que disse:
Cardeal Paul Poupard:-
"A Misericórdia é o segundo nome do amor. 'Sede misericordiosos como o vosso Pai é
misericordioso' _ 'Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia'.
Recordo que, no primeiro Congresso do qual participei em Collevalenza (próximo a Roma),
no primeiro aniversário dessa encíclica, eu havia aberto as enciclopédias teológicas,
os dicionários, os manuais de teologia, buscando inutilmente a palavra 'misericórdia'.
E João Paulo II a colocou no centro. E assim nos recordou que em nosso mundo, no qual
seria necessário ter o coração liquefeito ao passo em que, muitas vezes, o coração
está petrificado, precisamos voltar a meditar como ele, citando mil vezes a 'Gaudium
et spes' (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje), dizendo-nos: 'Somente
a verdade sobre Deus permite descobrir a verdade sobre o homem", e 'Misericórdia é
o segundo nome de Deus'. Nós vivemos num mundo no qual tanta gente vive às presas
com a inquietação, o ressentimento, a violência e a injustiça. Portanto, é de primeira
importância apresentar o mistério de Deus em Seu coração, o coração traspassado na
Cruz. Essa é a grande mensagem que é, ao mesmo tempo, teológica e pastoral, e creio
que, à distância de anos, precisamos ainda mais disso: quando ouvimos o rádio, assistimos
algo na televisão, lemos os jornais, vemos muitas coisas dramáticas no mundo; e vem
à minha mente o dito do meu compatriota francês Georges Bernanos, que dizia: 'O mundo
moderno bate os dentes de frio'. A Misericórdia nos aquece o coração." (RL)