HERANÇA DOS MÁRTIRES E 40 ANOS DA COMUNIDADE DE SANTO EGIDIO CARACTERIZARÃO VISITA
DO PAPA À BASÍLICA ROMANA DE SÃO BARTOLOMEU
Cidade do Vaticano, 28 mar (RV) - Bento XVI fará uma visita, no dia 7 de abril
próximo, à Basílica de São Bartolomeu, na Ilha Tiberina, em pleno centro antigo de
Roma. O papa visitará, desse modo, o memorial das testemunhas da fé do Séc. XX e a
Comunidade romana de Santo Egídio, por ocasião dos seus 40 anos de fundação.
A
partir de 2002, surgiu, na Ilha Tiberina, o primeiro Santuário Memorial dos Mártires
do nosso tempo, por expresso desejo do Servo de Deus, João Paulo II, cuja realização
foi confiada justamente à Comunidade de Santo Egídio. A idéia, que nasceu durante
o Grande Jubileu do Ano 2000, foi a de tornar um dos mais antigos lugares de culto
de Roma em memorial das muitas testemunhas da fé e mártires do nosso tempo.
Entre
algumas dessas testemunhas, recordamos a figura do arcebispo de San Salvador _ capital
salvadorenha _ Dom Oscar Arnulfo Romero Galdamez, e do cardeal de Guadalajara, no
México, Juan Jesús Posadas Ocampo, só para dar alguns exemplos concernentes à América
Latina.
Efetivamente, na tarde do dia 7 de abril próximo, Bento XVI visitará
esse Santuário e Memorial Ecumênico, acompanhado de seu Vigário para a Diocese de
Roma, Cardeal Camillo Ruini.
A Comunidade de Santo Egídio, ressaltamos, nasceu
em Roma em 1968, por iniciativa do prof. Andrea Riccardi. Hoje, após 40 anos, ela
está presente em 70 países do mundo com mais de 50 mil membros.
A Comunidade
de Santo Egídio é caracterizada pela oração, pelo serviço aos pobres, pelo trabalho
pela paz e a reconciliação, pelo compromisso ecumênico e o diálogo entre fiéis de
religiões diversas.
Mas sobre as expectativas desse encontro com o papa, eis
o que disse _ nos microfones da Rádio Vaticano _ o fundador da referida comunidade
romana, prof. Andrea Riccardi:
Prof. Andrea Riccardi:- "Nós nos preparamos
para receber o Santo Padre com um grande sentimento de gratidão por dois motivos.
Primeiro, porque o Santo Padre nos traz a sua palavra e a sua presença no 40º aniversário
de nossa fundação. Para nós, filhos da Igreja de Roma, o Santo Padre é também o nosso
bispo e a sua palavra sempre orientou o nosso caminho. Isso se verificava no tempo
de João Paulo II e se dá hoje com Bento XVI. Segundo motivo, pela visita à Basílica
de São Bartolomeu. Essa igreja tem uma história particular para a Comunidade de Santo
Egidio. Foi-nos doada por João Paulo II por ocasião dos 25 anos da comunidade, quando
veio celebrar na Basílica de Santa Maria, no Trastevere. Ele apoiou a idéia de que
essa igreja na Ilha Tiberina fosse dedicada aos novos mártires, e daquele momento
em diante é uma igreja onde há uma memória dos novos mártires. Tem sido um lugar de
peregrinação que recebeu a visita do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu
I, do patriarca armênio, de muitas figuras católicas e não-católicas que foram ali
justamente por causa dessa memória dos novos mártires, que une e que é uma herança
preciosa para o nosso tempo. A Comunidade de Santo Egidio interpelou-se muitas vezes
sobre quais seriam os recursos do cristianismo neste nosso mundo contemporâneo e a
herança dos mártires, que é uma herança de fé, de fidelidade na fé e de perseverança
no amor, talvez a herança mais preciosa."
P. Trata-se, portanto, prof. Riccardi,
de uma dimensão ecumênica do martírio, do testemunho que sempre acompanha a vida da
Igreja?
Prof. Andrea Riccardi:- "Foi a dimensão que João Paulo II
suscitou, justamente, no ano 2000 quando disse: 'O sangue dos mártires fala mais forte
do que as nossas divisões'. E o sangue dos mártires fala de um cristianismo vivido
como amor até o sinal extremo da morte. Os mártires não são heróis, mas pessoas como
nós que tiveram a força e a disponibilidade de ser fiéis. E nós devemos buscar imitá-los."
P.
Prof. Riccardi, a Comunidade de Santo Egidio celebra 40 anos de vida. Com qual espírito
ela olha para o futuro? O que espera também de Bento XVI para dar nova linfa, novo
impulso à comunidade?
Prof. Andrea Riccardi:- "A Comunidade de Santo
Egidio, pela sua história, olha com reconhecimento para o Senhor, com muita humildade
e com disponibilidade a seguir o Senhor, disponibilidade ao serviço ao Evangelho e
ao serviço aos pobres pelos caminhos do amanhã. Nesse sentido, a visita do papa para
nós, sobretudo, será um momento de oração. Rezar com o papa, rezar com os novos mártires,
o Senhor ressuscitado, para que nos ajude neste mundo a testemunhá-Lo e para que este
mundo possa ressurgir com Ele." (RL-MT)