UNICEF preocupada com situação em Moçambique : suspeição do tráfico de menores aliciadas
além-fronteiras.
(27/3/2008) O Fundo das Nações Unidas para a Infância expressou em Maputo “profunda
preocupação” com suspeitas de que duas jovens moçambicanas foram aliciadas e sexualmente
escravizadas na África do Sul entre Janeiro e Fevereiro deste ano. As alegadas
vítimas de exploração sexual, com 16 e 20 anos, contaram elas próprias ao canal público
Televisão de Moçambique, numa reportagem transmitida a semana passada, que viveram
em cativeiro e como escravas sexuais numa casa na África do Sul. As duas menores
– pela lei moçambicana todos os que não tenham completado 21 anos de idade são considerados
menores – chegaram à África do Sul depois de terem sido seduzidas na praia da Costa
do Sol em Maputo por uma mulher com promessas de emprego como cabeleireiras e continuação
de estudos naquele país, o mais rico de África. Na sequência do caso, a representação
da UNICEF em Maputo manifestou ontem, em comunicado, a sua “profunda preocupação com
a suspeição do tráfico de menores aliciadas além-fronteiras, no sul de Moçambique,
com a promessa de estudar e trabalhar como cabeleireiras”. “Este episódio chama a
nossa atenção para o sério problema do tráfico de crianças e sobre a necessidade urgente
da adopção de instrumentos legais que reforcem a protecção de crianças contra o abuso
e exploração”, afirmou Leila Pakkala, representante da UNICEF em Moçambique. Aquela
agência das Nações Unidas lembra que Moçambique já era citado em vários estudos como
“um país quer de origem quer de trânsito de crianças traficadas, apesar de não existirem
dados concretos”. “A cidade de Maputo é o principal destino das crianças traficadas
internamente, enquanto que a África do Sul é o principal destino das crianças traficadas
para fora de Moçambique e de outros países vizinhos”, refere a UNICEF, que lamenta
ainda a circunstância de “muitas crianças que são vítimas do tráfico terem idades
entre os 13 e os 18 anos”. “A UNICEF louva a Assembleia da República ao colocar estas
leis na sua agenda”, comentou Leila Pakkala, sobre os esforços do parlamento moçambicano,
para a adopção de um quadro legal que combate o tráfico e abuso de menores.