Santa Sé reafirma vontade de diálogo com o Islão, respondendo a criticas do mundo
muçulmano por causa do Baptismo do egípcio Magdi Allam, convertido do Islão ao Catolicismo
(27/3/2008) O director da Sala de Imprensa da Santa Sé , Pe. Federico Lombardi, reagiu
às críticas do mundo islâmico por causa do Baptismo durante a Vigília Pascal na Basílica
de São Pedro,do egípcio Magdi Allam, convertido do Islão ao Catolicismo, afirmando
que este episódio não deve travar o diálogo estabelecido nos últimos meses. Em
declarações à Rádio Vaticano, o Pe. Lombardi indica que “o baptismo de Magdi Allam
é uma boa ocasião” para reafirmar que qualquer cristão “tem o direito de exprimir
as suas próprias ideias, que continuam a ser pessoais, sem que se tornem expressão
oficial do Papa ou da Santa Sé, como é óbvio”. O Vaticano demarca-se assim, novamente,
das declarações de Allam, que falou da sua antiga religião como “fisiologicamente
violenta e historicamente conflituosa”. “Acolher na Igreja um novo crente não
significa, evidentemente, assumir todas as suas ideais e posições, em particular sobre
temas políticos ou sociais”, aponta o Director Geral da Rádio Vaticano, do Centro
Televisivo Vaticano e da Sala de Imprensa da Santa Sé. Entre as críticas à cerimónia
da Vigília Pascal de Sábado passado na Basílica de São Pedro, destaque para as de
Aref Ali Nayed, Director do Royal Islamic Strategic Studies Center e um dos participantes
da recente reunião no Vaticano que levou ao anúncio da criação de um Fórum católico-muçulmano.
O Pe. Lombardi destaca que Nayed “confirma a vontade de continuar o diálogo de
aprofundamento e conhecimento recíprocos entre cristãos e muçulmanos, não colocando
em causa o caminho iniciado” ao longo do último ano e meio entre o Vaticano e os 138
signatários da carta aberta “Um mundo comum”, enviada por representantes muçulmanos
a líderes cristãos, incluindo Bento XVI, no passado mês de Outubro. “Este itinerário
deve continuar, é de extrema importância, não pode ser interrompido e tem prioridade
em relação a episódios que possam ser objecto de mal-entendidos”, aponta. O Pe.
Lombardi rejeita as acusações de “maniqueísmo” dirigidas por Nayed ao Papa, por causa
da sua homilia sobre a simbologia da luz na Vigília Pascal, considerando que as mesmas
“manifestam uma falta de compreensão da liturgia católica”. O porta-voz do Vaticano
diz ainda que a Igreja Católica não merece, hoje em dia, “acusações de falta de respeito
pela dignidade e a liberdade da pessoa humana”. “O Papa assumiu o risco deste
Baptismo para afirmar a liberdade de escolha religiosa, que é consequência da dignidade
da pessoa humana”, conclui.