2008-03-26 14:04:31

Bispos portugueses encerram ciclo de trabalhos. Próxima assembleia plenária marca o fim do triénio 2005-2008, com eleições para a presidência e as comissões da Conferência Episcopal Portuguesa


(26/3/2008) A Conferência Episcopal Portuguesa enfrenta, na próxima Plenária de Abril, uma fase de mudança, no final do triénio 2005-2008, com eleições para a presidência e as comissões da CEP. A Agência ECCLESIA apresentou um balanço dos vários documentos publicados, abordando os mais diversos âmbitos da Igreja e da sociedade.
Logo na primeira assembleia deste ciclo, em Abril de 2005, foram publicados os documentos “Princípios e orientações da Acção Social e Caritativa da Igreja”, no qual a CEP destaca o papel das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ligadas à Igreja exigindo ao Estado respeito pela especificidade da acção destas organizações, e “Celebração Dominical na ausência do Presbítero”.
Em Junho de 2005, a CEP divulgava “Um olhar de responsabilidade e de esperança sobre a crise financeira do país”, nota pastoral na qual indicavam que “as medidas anunciadas pelo governo “ameaçam penalizar ainda mais aqueles que já são mais sacrificados, pela situação de pobreza ou de falta de trabalho, pela doença e pela desajustada carga fiscal”.
Nessa mesma data, os Bispos publicavam uma nota sobre a educação da sexualidade, na qual se defende que a mesma “não se resume a mera informação sobre os mecanismos corporais e reprodutores, como tantas vezes tem acontecido, reduzindo a sexualidade à dimensão física possível de controlar com vista à prevenção contra o contágio de doenças sexualmente transmissíveis e o surgimento de gravidezes indesejadas”.
Em Novembro de 2005 foi publicado o documento com “Princípios e Orientações sobre os Bens Culturais da Igreja”.
Em cima da mesa esteve ainda um documento de trabalho intitulado “Modelos de formação cristã e culturas contemporâneas”, primeiro elemento de um plano para o triénio pastoral, dedicado ao tema geral da transmissão da fé.
Formação cristã
Em Junho de 2005 é tornado público o documento “Para que acreditem e tenham a vida”, com “Orientações para a catequese actual da Conferência Episcopal Portuguesa”.
Na Primavera de 2006, os Bispos debateram o documento “Iniciação cristã, caminhos a percorrer”, com o qual se procura valorizar a Iniciação Cristã e o estilo catecumenal na formação cristã. Para além dos vários graus de preparação para o Baptismo (7 aos 12 anos, 12 aos 18 e adultos), o documento tem em vista a própria catequese e a formação dos que regressam à Igreja.
Um outro documento, intitulado “EMRC, valioso contributo para a formação da personalidade”, procurava estabelecer as bases para a renovação dos programas e manuais desta disciplina escolar.
Nessa mesma reunião magna, a Conferência Episcopal Portuguesa aprovou os novos estatutos do Santuário de Fátima, para definir “a natureza jurídica de Santuário Nacional”. Para o secretário da CEP, D. Carlos Azevedo, este foi um “momento histórico”.
Aborto e bioética
Em Outubro de 2006 surgia o documento “Razões para escolher a vida”, nota pastoral do Conselho Permanente Conferência Episcopal Portuguesa sobre o referendo ao aborto.
Depois de uma longa e polémica campanha, o referendo, a 11 de Fevereiro do ano passado, teve como resultado a vitória do “Sim”.
Cinco dias depois, no final do seu retiro de Quaresma, os membros da CEP publicavam a Nota intitulada “Novo contexto da luta pela vida”, falando numa cultura “que não está impregnada de valores éticos fundamentais, que deveriam inspirar o sentido das leis, como é o do carácter inviolável da vida humana, aliás consagrado na nossa Constituição”.
Na Plenária de Abril de 2007, os Bispos portugueses reafirmaram a sua determinação em “lutar pela vida e em ajudar as mulheres em dificuldade”, perante a aprovação da lei do aborto. Neste contexto, a CEP lembrou aos católicos que a questão “mantém todo o seu peso no campo da decisão moral”.
Outro tema da bioética, a Procriação Medicamente Assistida, mereceu em Novembro de 2006 uma Nota Pastoral (na linha de outra nota, publicada em Janeiro desse ano) em que os Bispos falam de “mais uma Lei em que o que passa a ser legal não é totalmente conforme com as exigências morais do cristianismo e mesmo da ética natural”.
Família e sociedade
Em Abril de 2006, após uma reunião dos presidentes das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha, surgiu um comunicado no qual se referia que “a agressão cultural ao conceito matrimónio que acontece em Espanha, apresentada como se fosse um avanço e uma conquista da humanidade exige um trabalho pastoral de esclarecimento fundamental da perspectiva cristã e uma clara defesa da verdade da natureza humana”.
De pobreza e problemas sociais tratava a nota pastoral “Desenvolvimento e Solidariedade”, divulgada em Abril de 2007, por ocasião dos 40 anos da “Populorum Progressio”, de Paulo VI.
O “vácuo legal” na regulamentação da Concordata de 2004 levou a um certo mal-estar dentro da Igreja perante o acumular de situações que permanecem por resolver. Uma delegação da CEP foi mesmo recebida por José Sócrates, em Julho de 2007.
A CEP não esqueceu personalidades e instituições que marcaram a vida da Igreja. Em Novembro de 2005, surgiu a Nota Pastoral nos 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier. Em Julho de 2006, é a vez recordar o cinquentenário da morte do Padre Américo. Em Abril de 2007, os Bispos publicaram a Nota Pastoral sobre o Escutismo, no centenário da sua fundação.
Futuro
Da reunião plenária que decorreu em Roma, aquando da visita Ad limina, saíu uma reflexão sobre os desafios que se colocam à Igreja em Portugal no próximo quinquénio. As prioridades apontadas foram as seguintes: investimento na formação de cristãos, com valorização do estilo catecumenal e das dimensões comunitária e espiritual; inovação na pastoral juvenil; clarificação da missão específica dos padres; promoção de iniciativas que permitam conhecer o Deus cristão, pensar a Igreja na sua liberdade profética e prepará-la para ser serva e pobre.
Ouvir e aprender
Foram três as realizações das Jornadas Pastorais com a actual presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dedicadas a temas diversos, com a ajuda de especialistas de várias áreas.
Em 2007, Os bispos portugueses receberam formação na arte de presidir e de comunicar porque o século XXI “exige qualidade estética”, como disse D. Carlos Azevedo, secretário da CEP.
De 18 a 21 de Junho do ano passado, os membros da CEP reflectiram sobre o tema. “O ministério do Bispo e a arte de presidir e de comunicar”. Com esta iniciativa demonstrou-se o reconhecimento da necessidade de formação nesta área.
Os especialistas - teóricos e práticos - ajudaram os presentes a enquadrarem-se dentro da área da Comunicação Social, ajudando a perceber as exigências e os critérios da Televisão, Rádio e dos restantes órgãos, porque os critérios da Comunicação Social “não são aqueles a que estamos habituados”, como confessa o Secretário da CEP.
Em 2006, as Jornadas Pastorais foram subordinadas ao tema “Deus na Rede, novas tecnologias e evangelização”. Para o presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, esta é uma área que merece atenção especial, inserida no programa do organismo episcopal para este triénio ligado à transmissão da fé. Nesse sentido, explica, as Jornadas, como espaço de reflexão, abordaram em 2006 “o novo mundo” dos Media.
No ano de 2005, as Jornadas Pastorais do Episcopado foram dedicadas ao tema “Os leigos na missão da Igreja e do mundo”. Jornalistas, empresários, académicos e especialistas de movimentos e comunidades eclesiais foram convidados pela CEP para proferirem várias conferências e participarem em painéis de debate.
A presença e acção dos leigos nos campos da família e da educação, na actividade política e no mundo dos negócios, na comunicação social e na vida da Igreja marcaram estes dias de reflexão em Fátima.
( Ecclesia )
 







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