2008-03-23 12:29:12

Sob uma chuva inclemente, na Praça de São Pedro, a Missa e Mensagem Pascal do Papa "Urbi et Orbi". “A ressurreição de Jesus é essencialmente um acontecimento de amor ». Daí « um apelo a convertermo-nos ao amor”





“Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado!”: RealAudioMP3

os votos de boas festas pascais expressos pelo Papa também em português, neste domingo de Páscoa, após a tradicional Mensagem Urbi et Orbi, à Cidade de Roma e a todo o mundo, no final da Missa celebrada na Praça de São Pedro, não obstante o frio e a chuva que se abateram sobre Roma.

« A ressurreição de Jesus é essencialmente um acontecimento de amor », de onde provém « um apelo a nos convertermos ao amor » : recordou Bento XVI na mensagem pascal, a partir da frase que a Liturgia pascal coloca na boca do Ressuscitado :

Resurrexi, et adhuc tecum sum. Alleluia! – Ressuscitei, estou convosco para sempre. Aleluia!

Estas palavras, tiradas de uma antiga versão do Salmo 138, ressoam ao início da Missa da manhã de Páscoa. A Igreja reconhece nelas a própria voz de Jesus que, ao ressurgir da morte, Se dirige ao Pai cheio de felicidade e de amor, exclamando: Meu Pai, eis-Me aqui! Ressuscitei, estou ainda convosco e estarei para sempre; o vosso Espírito nunca Me abandonou.

“A morte e ressurreição do Verbo de Deus encarnado é um acontecimento de amor insuperável, é a vitória do Amor que nos libertou da escravidão do pecado e da morte. Mudou o curso da história, infundindo um indelével e renovado sentido e valor à vida do homem.”

“Graças à morte e ressurreição de Cristo, também nós hoje ressurgimos para uma vida nova e, unindo a nossa voz à d’Ele, proclamamos que queremos ficar para sempre com Deus, nosso Pai infinitamente bom e misericordioso.” Entramos assim na profundidade do mistério pascal.

“O facto surpreendente da ressurreição de Jesus é, essencialmente, um acontecimento de amor (sublinhou Bento XVI): amor do Pai que entrega o Filho pela salvação do mundo; amor do Filho que, por todos nós, Se abandona à vontade do Pai; amor do Espírito que ressuscita Jesus dentre os mortos com o seu corpo transfigurado”. Daí um apelo a convertermo-nos ao Amor, a recusar o ódio e o egoísmo, seguindo as pegadas do Cordeiro imolado, o Redentor «manso e humilde de coração».

“Irmãos e irmãs cristãos de todas as partes do mundo, homens e mulheres de ânimo sinceramente aberto à verdade! Que ninguém feche o coração à omnipotência deste amor que redime! Jesus Cristo morreu e ressuscitou por todos: Ele é a nossa esperança! Esperança verdadeira para todo o ser humano”.

É fixando o olhar da alma nas chagas gloriosas do corpo (de Cristo), - que podemos compreender o sentido e o valor do sofrimento, que podemos suavizar as muitas feridas que continuam a ensanguentar a humanidade ainda em nossos dias – prosseguiu o Papa. Nas suas chagas gloriosas, reconhecemos os sinais indeléveis da misericórdia infinita de Deus, de que fala o profeta:

“Jesus é Aquele que cura as feridas dos corações despedaçados, que defende os fracos e proclama a liberdade dos escravos, que consola todos os aflitos e concede-lhes o óleo da alegria em vez do hábito de luto, um cântico de louvor em vez de um coração triste.”

Se nos abeirarmos de Jesus com humilde confiança – assegurou o Papa - encontraremos no seu olhar a resposta ao anseio mais profundo do nosso coração: conhecer Deus e contrair com Ele uma relação vital numa autêntica comunhão de amor, que encha do seu próprio amor a nossa existência e as nossas relações interpessoais e sociais.

“Quantas vezes as relações entre pessoa e pessoa, entre grupo e grupo, entre povo e povo, em vez de amor, são marcadas pelo egoísmo, pela injustiça, pelo ódio, pela violência! São as pragas de humanidade, abertas e dolorosas em todo canto do planeta, mesmo se, frequentemente, ignoradas e, às vezes, ocultadas de propósito; chagas que dilaceram almas e corpos de numerosos dos nossos irmãos e irmãs”.

Essas “pragas de humanidade” – advertiu o Papa - esperam ser sanadas e curadas pelas chagas gloriosas do Senhor ressuscitado e pela solidariedade dos que, sobre o seu rasto e em seu nome, põem gestos de amor, empenhando-se com factos em prol da justiça e difundem em volta de si sinais luminosos de esperança nos lugares ensanguentados pelos conflitos e sempre onde a dignidade da pessoa humana continua a ser desprezada e espezinhada”.

“O auspício é que precisamente ali se multipliquem os testemunhos de mansidão e de perdão”.

Exortando todos a “deixar-se iluminar pela luz fulgurante deste Dia solene”, abrindo-se com sincera confiança a Cristo ressuscitado, para que a sua vitória sobre o mal triunfe em cada um de nós, nas nossas famílias, nas cidades e Nações, e Se manifeste no mundo inteiro, Bento XVI referiu concretamente algumas situações de crise:

“Como não pensar neste momento, de modo particular, em algumas regiões africanas, tais como o Darfur e a Somália; no atormentado Oriente Médio, especialmente na Terra Santa, no Iraque, no Líbano, em enfim no Tibete, regiões para as quais faço votos por que se encontrem soluções que salvaguardem o bem e a paz!”“

A concluir a sua Mensagem pascal a todo o mundo, Bento XVI implorou a intercessão de Nossa Senhora, a qual, depois de ter compartilhado os sofrimentos da paixão e crucifixão de seu Filho inocente, também experimentou a alegria da sua ressurreição:

“Associada à glória de Cristo, seja Ela a proteger-nos e a guiar-nos pelo caminho da solidariedade fraterna e da paz. São estes os votos pascais que formulo para vós aqui presentes e para os homens e mulheres de todas as nações e continentes que estão unidos connosco através da rádio e da televisão. Uma Páscoa feliz!”
(texto integral em Documentos do Vaticano)








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