PAPA CELEBRA SOLENE EUCARISTIA DA PÁSCOA DO SENHOR. APELO POR ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO
E TIBETE
Cidade do Vaticano, 23 mar (RV) - "Cristo ressuscitou. Aleluia!" Este foi o
alegre anúncio da Ressurreição de Jesus pronunciado pelo Santo Padre esta manhã, na
solene celebração Eucarística da Páscoa do Senhor, aos milhares de fiéis, peregrinos
e turistas que lotaram a Praça São Pedro, no Vaticano, apesar da chuva impiedosa que
se abateu sobre Roma no início desta primavera na Europa.
O Santo Padre concelebrou
a Missa de Páscoa com os cardeais e arcebispos e, no final, leu sua Mensagem de Páscoa,
acompanhada das felicitações em 63 línguas e da solene Bênção Apostólica "Urbi et
Orbi", à Cidade de Roma e ao Mundo.
"Resurrexi, et adhuc tecum sum – Ressuscitei
e estou convosco para sempre." Estas palavras, tiradas de uma antiga versão do Salmo
138, ressoam ao início da Santa Missa de hoje. Com este anúncio no dia de Páscoa,
a Igreja reconhece a própria voz de Jesus que, ao ressurgir da morte, se dirige ao
Pai cheio de felicidade e amor, exclamando: "Meu Pai, eis-me aqui! Ressuscitei! O
vosso Espírito nunca me abandonou".
Assim, disse o Bispo de Roma, podemos
compreender de modo novo tantas outras expressões pascais: "É verdade! Na solene Vigília
de Páscoa, as trevas se tornam luz, a noite cede o passo ao dia que não conhece ocaso.
A morte e a ressurreição do Verbo de Deus encarnado é um acontecimento de amor insuperável,
é a vitória do Amor que nos libertou da escravidão do pecado e da morte. Mudou o curso
da história, infundindo um indelével e renovado sentido e valor à vida do homem".
As
palavras "Ressuscitei e estou convosco para sempre", explicou o Papa, são palavras
que nos convidam a contemplar Cristo ressuscitado, fazendo ressoar a sua voz em nosso
coração.
Com o seu sacrifício redentor, Jesus de Nazaré tornou-nos filhos
adotivos de Deus. De tal modo que agora também nós podemos inserir-nos no diálogo
misterioso entre Ele e o Pai. Nesta perspectiva, sentimos que a afirmação dirigida
hoje por Jesus ressuscitado, como que por reflexo, diz respeito também a nós, filhos
de Deus e co-herdeiros de Cristo. "Se sofremos com Ele também seremos glorificados
com Ele."
"Graças à morte e à ressurreição de Cristo, também nós, hoje, ressurgimos
para uma vida nova e, unindo a nossa voz à d’Ele, proclamamos que queremos ficar para
sempre com Deus, nosso Pai infinitamente bom e misericordioso. Deste modo, entramos
na profundidade do mistério pascal", disse o papa.
O fato surpreendente da
ressurreição de Jesus é, essencialmente, um acontecimento de amor: amor do Pai que
entrega o Filho pela salvação do mundo; amor do Filho que, por todos nós, Se abandona
à vontade do Pai; amor do Espírito que ressuscita Jesus dentre os mortos com o seu
corpo transfigurado.
E ainda: amor do Pai que "abraça de novo" o Filho, envolvendo-o
na sua glória; amor do Filho que, pela força do Espírito, volta ao Pai, revestido
da nossa humanidade transfigurada.
Da solenidade de hoje, que nos faz reviver
a experiência absoluta e singular da ressurreição de Jesus, vem-nos, portanto, um
apelo a converter-nos ao Amor; vem-nos um convite a vivermos recusando o ódio e o
egoísmo e a seguirmos, docilmente, as pegadas do Cordeiro imolado pela nossa salvação,
imitando o Redentor "manso e humilde de coração", que é "alívio para as nossas almas".
E o Santo Padre exortou: "Irmãos e irmãs cristãos de todas as partes do mundo,
homens e mulheres de ânimo sinceramente aberto à verdade! Que ninguém feche o coração
à onipotência deste Amor que redime! Jesus Cristo morreu e ressuscitou por todos:
Ele é a nossa esperança! Esperança verdadeira para todo o ser humano".
Fixando
o olhar da alma nas chagas gloriosas do Corpo transfigurado de Jesus, disse o papa,
podemos compreender o sentido e o valor do sofrimento, podemos suavizar as muitas
feridas que continuam a ensangüentar a humanidade ainda em nossos dias.
Nas
suas chagas gloriosas, reconhecemos os sinais indeléveis da misericórdia infinita
de Deus. Se nos aproximarmos d’Ele, com humilde confiança, encontraremos no seu olhar
a resposta ao anseio mais profundo do nosso coração: conhecer Deus e atar com Ele
uma relação vital numa autêntica comunhão de amor; que Ele encha do seu amor a nossa
existência e as nossas relações interpessoais e sociais.
Bento XVI explicou
ainda: "Quantas vezes as relações entre pessoa e pessoa, entre grupo e grupo, entre
povo e povo, ao invés de amor, são marcadas pelo egoísmo, pela injustiça, pelo ódio
e pela violência! São as chagas da humanidade, abertas e dolorosas em todo canto do
planeta, apesar de, às vezes, ignoradas e ocultadas. São chagas que dilaceram a alma
e o corpo de tantos irmãos e irmãs".
Tais chagas, afirmou o pontífice, esperam
ser sanadas e curadas pelas chagas gloriosas do Senhor ressuscitado e pela solidariedade
dos que, sob o seu exemplo e em seu nome, geram gestos de amor, trabalhando pela justiça
e difundindo sinais luminosos de esperança nos lugares ensangüentados pelos conflitos
e onde a dignidade da pessoa humana continua a ser desprezada e espezinhada .
Então
o papa expressou seu desejo de que sejam multiplicados os testemunhos de mansidão
e de perdão. E exortou: "Amados irmãos e irmãs! Deixemo-nos iluminar pela luz fulgurante
deste dia solene; abramo-nos a Cristo ressuscitado, com sincera confiança, para que
a sua vitória sobre o mal e sobre a morte triunfe também em cada um de nós, nas nossas
famílias, nas nossas cidades, nas nossas Nações e no mundo inteiro".
O Bispo
de Roma recordou, de modo particular, algumas regiões africanas, como Darfur e a Somália,
o atormentado Oriente Médio, especialmente a Terra Santa, o Iraque, o Líbano, e, enfim,
o Tibete: regiões para as quais o Papa fez votos para que se encontrem soluções que
salvaguardem o bem e a paz!
E concluiu: "Invoquemos a plenitude dos dons pascais,
por intercessão de Maria que, depois de ter compartilhado os sofrimentos da Paixão
e Crucifixão do seu Filho inocente, também experimentou a alegria inefável da sua
Ressurreição. Associada à glória de Cristo, que Ela nos proteja e nos guie pelo caminho
da solidariedade fraterna e da paz".
Ao término da celebração da solene Eucaristia
da Páscoa do Senhor, o Santo Padre fez suas felicitações de "Feliz Páscoa" em 63 línguas,
entre as quais o português: "Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado!". (MT/BF)