2008-03-23 14:48:14

PAPA CELEBRA SOLENE EUCARISTIA DA PÁSCOA DO SENHOR. APELO POR ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO E TIBETE


Cidade do Vaticano, 23 mar (RV) - "Cristo ressuscitou. Aleluia!" Este foi o alegre anúncio da Ressurreição de Jesus pronunciado pelo Santo Padre esta manhã, na solene celebração Eucarística da Páscoa do Senhor, aos milhares de fiéis, peregrinos e turistas que lotaram a Praça São Pedro, no Vaticano, apesar da chuva impiedosa que se abateu sobre Roma no início desta primavera na Europa.

O Santo Padre concelebrou a Missa de Páscoa com os cardeais e arcebispos e, no final, leu sua Mensagem de Páscoa, acompanhada das felicitações em 63 línguas e da solene Bênção Apostólica "Urbi et Orbi", à Cidade de Roma e ao Mundo.

"Resurrexi, et adhuc tecum sum – Ressuscitei e estou convosco para sempre." Estas palavras, tiradas de uma antiga versão do Salmo 138, ressoam ao início da Santa Missa de hoje. Com este anúncio no dia de Páscoa, a Igreja reconhece a própria voz de Jesus que, ao ressurgir da morte, se dirige ao Pai cheio de felicidade e amor, exclamando: "Meu Pai, eis-me aqui! Ressuscitei! O vosso Espírito nunca me abandonou".

Assim, disse o Bispo de Roma, podemos compreender de modo novo tantas outras expressões pascais: "É verdade! Na solene Vigília de Páscoa, as trevas se tornam luz, a noite cede o passo ao dia que não conhece ocaso. A morte e a ressurreição do Verbo de Deus encarnado é um acontecimento de amor insuperável, é a vitória do Amor que nos libertou da escravidão do pecado e da morte. Mudou o curso da história, infundindo um indelével e renovado sentido e valor à vida do homem".

As palavras "Ressuscitei e estou convosco para sempre", explicou o Papa, são palavras que nos convidam a contemplar Cristo ressuscitado, fazendo ressoar a sua voz em nosso coração.

Com o seu sacrifício redentor, Jesus de Nazaré tornou-nos filhos adotivos de Deus. De tal modo que agora também nós podemos inserir-nos no diálogo misterioso entre Ele e o Pai. Nesta perspectiva, sentimos que a afirmação dirigida hoje por Jesus ressuscitado, como que por reflexo, diz respeito também a nós, filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo. "Se sofremos com Ele também seremos glorificados com Ele."

"Graças à morte e à ressurreição de Cristo, também nós, hoje, ressurgimos para uma vida nova e, unindo a nossa voz à d’Ele, proclamamos que queremos ficar para sempre com Deus, nosso Pai infinitamente bom e misericordioso. Deste modo, entramos na profundidade do mistério pascal", disse o papa.

O fato surpreendente da ressurreição de Jesus é, essencialmente, um acontecimento de amor: amor do Pai que entrega o Filho pela salvação do mundo; amor do Filho que, por todos nós, Se abandona à vontade do Pai; amor do Espírito que ressuscita Jesus dentre os mortos com o seu corpo transfigurado.

E ainda: amor do Pai que "abraça de novo" o Filho, envolvendo-o na sua glória; amor do Filho que, pela força do Espírito, volta ao Pai, revestido da nossa humanidade transfigurada.

Da solenidade de hoje, que nos faz reviver a experiência absoluta e singular da ressurreição de Jesus, vem-nos, portanto, um apelo a converter-nos ao Amor; vem-nos um convite a vivermos recusando o ódio e o egoísmo e a seguirmos, docilmente, as pegadas do Cordeiro imolado pela nossa salvação, imitando o Redentor "manso e humilde de coração", que é "alívio para as nossas almas".

E o Santo Padre exortou: "Irmãos e irmãs cristãos de todas as partes do mundo, homens e mulheres de ânimo sinceramente aberto à verdade! Que ninguém feche o coração à onipotência deste Amor que redime! Jesus Cristo morreu e ressuscitou por todos: Ele é a nossa esperança! Esperança verdadeira para todo o ser humano".

Fixando o olhar da alma nas chagas gloriosas do Corpo transfigurado de Jesus, disse o papa, podemos compreender o sentido e o valor do sofrimento, podemos suavizar as muitas feridas que continuam a ensangüentar a humanidade ainda em nossos dias.

Nas suas chagas gloriosas, reconhecemos os sinais indeléveis da misericórdia infinita de Deus. Se nos aproximarmos d’Ele, com humilde confiança, encontraremos no seu olhar a resposta ao anseio mais profundo do nosso coração: conhecer Deus e atar com Ele uma relação vital numa autêntica comunhão de amor; que Ele encha do seu amor a nossa existência e as nossas relações interpessoais e sociais.

Bento XVI explicou ainda: "Quantas vezes as relações entre pessoa e pessoa, entre grupo e grupo, entre povo e povo, ao invés de amor, são marcadas pelo egoísmo, pela injustiça, pelo ódio e pela violência! São as chagas da humanidade, abertas e dolorosas em todo canto do planeta, apesar de, às vezes, ignoradas e ocultadas. São chagas que dilaceram a alma e o corpo de tantos irmãos e irmãs".

Tais chagas, afirmou o pontífice, esperam ser sanadas e curadas pelas chagas gloriosas do Senhor ressuscitado e pela solidariedade dos que, sob o seu exemplo e em seu nome, geram gestos de amor, trabalhando pela justiça e difundindo sinais luminosos de esperança nos lugares ensangüentados pelos conflitos e onde a dignidade da pessoa humana continua a ser desprezada e espezinhada .

Então o papa expressou seu desejo de que sejam multiplicados os testemunhos de mansidão e de perdão. E exortou: "Amados irmãos e irmãs! Deixemo-nos iluminar pela luz fulgurante deste dia solene; abramo-nos a Cristo ressuscitado, com sincera confiança, para que a sua vitória sobre o mal e sobre a morte triunfe também em cada um de nós, nas nossas famílias, nas nossas cidades, nas nossas Nações e no mundo inteiro".

O Bispo de Roma recordou, de modo particular, algumas regiões africanas, como Darfur e a Somália, o atormentado Oriente Médio, especialmente a Terra Santa, o Iraque, o Líbano, e, enfim, o Tibete: regiões para as quais o Papa fez votos para que se encontrem soluções que salvaguardem o bem e a paz!

E concluiu: "Invoquemos a plenitude dos dons pascais, por intercessão de Maria que, depois de ter compartilhado os sofrimentos da Paixão e Crucifixão do seu Filho inocente, também experimentou a alegria inefável da sua Ressurreição. Associada à glória de Cristo, que Ela nos proteja e nos guie pelo caminho da solidariedade fraterna e da paz".

Ao término da celebração da solene Eucaristia da Páscoa do Senhor, o Santo Padre fez suas felicitações de "Feliz Páscoa" em 63 línguas, entre as quais o português: "Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado!". RealAudioMP3 (MT/BF)







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