(22/3/2008) «Que tenho eu para dar ao meu Senhor e Redentor em troca de tanto amor?!»
esta foi a questão colocada pelo Bispo de Viana durante a celebração da Paixão do
Senhor ontem na Sé Catedral que dominou a reflexão que antecedeu a "adoração da santa
cruz". O Bispo de Viana do Castelo mostra-se convicto que «o amor à Cruz e ao
Crucificado, continua a ser um escândalo para a humanidade do nosso tempo» e chamou
ingénuos àqueles que consideram os cristãos "os adoradores de cruz" acusando-os de
confundirem «veneração com adoração». No dia em que a Cruz "impera" sobre a Igreja,
D. José Pedreira disse que «contemplar Cristo morto na Cruz, de coração trespassado
por uma lança "donde saiu sangue e água", a Igreja comemora o seu próprio nascimento
e a sua missão de estender a todos os povos os salutares efeitos, os frutos, da Paixão
e Morte de Cristo». «É este o significado do acto litúrgico que hoje celebramos ao
venerar o símbolo do lenho da Cruz» explicou o é feito«em acção de graças por este
dom tão inefável e maravilhoso do nosso Deus». O Bispo de Viana questiona a capacidade
dos actuais homens e mulheres da «cultura moderna, fruto da idolatria da ciência e
do progresso, do bem-estar e da felicidade terrena» se identificarem com «esta salvação»
marcada pela renuncia e pelo sacrifício. Jesus, assinalou, renunciou ao bem-estar
passageiro, à alegria fugaz e suportou a cruz, desprezando a ignomínia, para se elevar
- e a nós com Ele - a uma alegria maior, a um júbilo pleno e duradouro. A eficácia
do nosso testemunho estará sempre marcada pela sombra e pela força da Cruz porque
esta é a «cátedra de Deus no mundo, é o púlpito donde Ele se dirige a toda a Humanidade
para nos proclamar o amor infinito de Deus». D. José Pedreira recordou que no
momento do nosso Baptismo, fomos sepultados na água baptismal, imitamos Cristo na
sua descida à região dos mortos, para ressurgirmos, criaturas novas, pelo Espírito
que dá a vida e nos tornarmos participantes na vitória do Ressuscitado. Quando
fixarmos o olhar no crucifixo que temos lá em casa ou trazemos connosco, não fiquemos
alheios à boa notícia de amor e entrega de vida aos outros que dele irradia, concluiu
o Prelado.