2008-03-19 14:28:00

CARDEAL ZEN TRAZ VOZ DA ÁSIA ÀS MEDITAÇÕES DA VIA SACRA


Cidade do Vaticano, 19 mar (RV) – Além de Cristo como protagonista, as reflexões deste ano da Via Sacra no Coliseu em Roma também citam os mártires do século XXI. O autor dos textos da tradicional celebração é o cardeal Joseph Zen, bispo de Hong Kong, convidado por Bento XVI para preparar as meditações das 14 estações.

Os textos são introduzidos com a explicação do significado da cerimônia e com o estado de ânimo com o qual o purpurado recebeu o pedido do Papa. Segundo o cardeal, foi um sinal da atenção do Pontífice e da Santa Sé à evolução da Igreja na China e no continente asiático.

A Via Sacra começa com a tradicional estação que apresenta a condenação feita por Pilatos. A cena mostra Jesus num teste de medo, de angústia e de tristeza. Sentimentos que enviam a reflexão do cardeal a tantas partes do mundo onde a Igreja está atravessando um momento difícil de perseguição.

A traição surpreende, escreve o cardeal, pensando principalmente quando quem trai são os próprios pastores do rebanho. E acrescenta: "Quanto escândalo! Quanta dor ao coração do Senhor!" A condenação de Jesus lembra as filas de inocentes condenados durante séculos a sofrimentos desumanos.

O texto ainda traz reflexões sobre a pobreza humana e o arrependimento. Na figura de Pilatos, o cardeal chinês distingue a imagem de todos aqueles que usam a autoridade como instrumento de poder e não se preocupam com a justiça. Segundo ele, "é muito difusa a tentação de oprimir o fraco e bajular o forte e, estes últimos são sempre aqueles que controlam o comércio e os meios de comunicação. Mas existem ainda pessoas que se deixam manipular facilmente pelos poderosos para oprimir os fracos."

A figura de Jesus torturado evoca os horríveis tormentos que demonstram a crueldade do coração humano. O cardeal Zen comenta que as feridas psicológicas não são menos angustiantes do que as físicas. "Senhor, dai persistência a nossos irmãos perseguidos!" - acrescenta o texto, que ainda faz uma reflexão profunda sobre o valor salvador da cruz. "Abracemos a cruz e a Jesus e com Ele, abracemos todos os nossos irmãos sofredores e perseguidos!".

A oração do cardeal ainda enaltece o serviço ao próximo como elemento de comunhão, inclusive para os não-católicos. "Quando ajudamos os irmãos da Igreja perseguida, recorda-se que, na verdade, somos nós a sermos ainda mais ajudados por eles" - diz a reflexão.

Na parte dedicada à dor das mulheres e à capacidade delas de suportar o sofrimento, o cardeal escreve: "Elas sofrem por causa dos homens, sofrem pelos filhos. As mães de tantos jovens perseguidos ou presos por causa de sua fé, continuam rezando em suas casas, cultivando nos corações a esperança de tempos melhores".

A oração ainda narra que "Jesus permaneceu na cruz e não se libertou. É a imagem de um amor que perseverou até o fim. A visão de Cristo crucificado nos faz sentir envergonhados por nossas infidelidades e nos enche de ingratidão por sua infinita misericórdia”.

Um Deus próximo a todos. Assim o cardeal Zen comenta o episódio do bom ladrão, propondo uma intensa oração: "Jesus, lembrai de mim quando, consciente das minhas infidelidades, fico tentado pelo desespero. Quando, depois de repetidos esforços, me sinto desvalorizado, ou ainda quando todos se cansam e ninguém mais confia em mim, me encontro sozinho e abandonado."

Não faltam também a lembrança dos mártires e a presença da Mãe que estará sempre em pé, ao lado da cruz, apoiando-os. É a morte de Cristo, o sentido da vida testemunhado pelos mártires. Para Jesus não há amor maior daquele de dá a vida pelo amigo. "Quem é ligado à vida, a perderá. Quem é pronto a sacrificar-la, a conservará" - diz a reflexão.

Em relação aos mártires, eles não se envergonham de seu Mestre perante os homens. O Senhor será orgulhoso deles perante toda a humanidade. Diante da sepultura, eles rezam para aumentar a fé que dá sentido às palavras de Cristo: "não tenham medo". A reflexão final do cardeal Zen pede ainda ao Senhor que dê perseverança aos fortes, comova os fracos e converta todos os corações". (AC/CM)








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