AUDIÊNCIA GERAL: PAPA FALA DO TRÍDUO PASCAL E LANÇA APELO EM PROL DA RECONCILIAÇÃO
NO TIBETE
Cidade do Vaticano, 19 mar (RV) - A esperança de paz da Páscoa cristã é mais
forte do que as "notícias dramáticas" que chegam do mundo. Bento XVI explicou os momentos
salientes da Quinta, Sexta e Sábado Santos aos cerca de doze mil fiéis e peregrinos
presentes na Basílica Vaticana e na Sala Paulo VI.
Céu e terra, as duas indivisíveis
dimensões da mensagem cristã, emergem com particular evidência no Tríduo Pascal, que
Bento XVI definiu, de modo contundente, como "núcleo essencial da fé cristã", "coração
de todo o ano litúrgico", "único dia" no qual a Igreja sobe ao Calvário, desce ao
sepulcro e ressurge com Cristo.
Ao mesmo tempo, a memória desses mistérios
significa também "viver em profunda e solidária adesão ao hoje da história, convencidos
de que aquilo que celebramos é realidade viva e atual": "Portanto, trazemos em nossa
oração a dramaticidade de fatos e situações que nesses dias afligem tantos nossos
irmãos em todas as partes do mundo. Nós sabemos que o ódio, as divisões e as violências
jamais têm a última palavra nos eventos da história. Esses dias reanimam em nós a
esperança: Cristo crucificado ressurgiu e venceu o mundo. O amor é mais forte do que
o ódio: venceu. E devemos associar-nos a essa vitória do amor. Portanto, devemos partir
novamente de Cristo e trabalhar em comunhão com Ele para um mundo fundado na paz,
na justiça e no amor".
Bento XVI fez a sua catequese percorrendo cada um dos
dias que, a partir de amanhã até o próximo domingo, recordarão as últimas horas e
os últimos fundamentais gestos da vida terrena de Jesus. Da bênção dos óleos sagrados
(na missa do Crisma de amanhã) à celebração da Ceia do Senhor, durante a qual, afirmou
o Santo Padre, Jesus doa à Igreja nascente o "fármaco da imortalidade", a Eucaristia.
Em seguida, o mistério da dor e da morte da Sexta-Feira Santa: ocasião para
"meditar sobre o grande mistério do mal e do pecado que oprime a humanidade", graças
também àquelas "manifestações de piedade popular", como a Via-Sacra ou as sagradas
representações, que buscam "imprimir sempre mais no ânimo dos fiéis sentimentos de
verdadeira participação" no sacrifício de Jesus.
E chegamos ao "silêncio"
do Sábado Santo, que enche as igrejas justamente de silêncio e recolhimento, e convida
a alma a abrir-se à misericórdia de Deus: "Neste dia, é dada grande importância à
participação no Sacramento da Reconciliação, caminho indispensável para purificar-nos
o coração e predispor-nos a celebrar a Páscoa intimamente renovados. Ao menos uma
vez ao ano precisamos dessa purificação interior, dessa renovação de nós mesmos".
O
apelo pelo Tibete concluiu a catequese e as saudações nas várias línguas. "Sigo com
grande apreensão as notícias que nesses dias chegam do Tibete", disse o pontífice,
acrescentando:
"O meu coração de Pai sente tristeza e dor diante do sofrimento
de tantas pessoas. Que o mistério da paixão e morte de Jesus, que revivemos nesta
Semana Santa, nos ajude a sermos particularmente sensíveis à situação deles. Com a
violência não se resolvem os problemas, mas somente se agravam. Convido vocês a se
unirem a mim na oração. Peçamos a Deus onipotente, fonte de luz, que ilumine as mentes
de todos e dê a cada um a coragem de escolher o caminho do diálogo e da tolerância."
Antes
de se dirigir para a Sala Paulo VI, Bento XVI foi saudado calorosamente pelos estudantes
reunidos na Basílica de São Pedro, que nesses dias participam em Roma do Congresso
internacional Univ, promovido pelo Opus Dei. O papa dirigiu-se a eles em inglês e
espanhol, concluindo em italiano:
"Sejam fermento de esperança neste mundo
que anseia encontrar Jesus, por vezes sem nem mesmo dar-se conta. Para melhorá-lo,
se esforcem, em primeiro lugar, em mudar vocês mesmos mediante uma vida sacramental
intensa, especialmente recorrendo ao Sacramento da Penitência e tomando parte assiduamente
da celebração da Eucaristia. Confio a cada um de vocês e suas famílias a Maria, que
jamais deixou de contemplar a Face de seu Filho Jesus. Invoco sobre cada um de vocês
a proteção de San Josemaría e de todos os santos de suas terras, enquanto desejo-lhes
Boa Páscoa!" Por fim, o Santo Padre dirigiu-se também os fiéis e peregrinos de
língua portuguesa. Eis a sua saudação:
"Saúdo cordialmente os peregrinos
portugueses do Instituto Cultural da Maia e o grupo de Escoteiros da Diocese do Porto.
Que a vinda a Roma vos fortaleça na fé e avive no vosso ânimo a coragem para testemunhar
a grandeza do amor de Jesus Cristo, vencedor do mal, pelo seu sofrimento, e ressuscitado
para ser a nossa esperança e a nossa paz. A todos os visitantes de língua portuguesa
desejo uma feliz e santa Páscoa!"
O Santo Padre
concluiu a audiência geral concedendo a todos a sua Bênção apostólica. (RL/BF)