BOLÍVIA: IGREJA PEDE QUE GOVERNO E OPOSIÇÃO PAREM DE SE INSULTAR
La Paz, 17 mar (RV) - A Igreja Católica na Bolívia pediu ontem ao governo de
Evo Morales e à oposição que parem de se insultar e criem um clima de distensão propício
ao processo de diálogo do qual será mediadora, na tentativa de conter a crise social
e política que o país está atravessando.
O secretário-geral da Conferência
Episcopal da Bolívia (CEB), Dom Jesús Juárez Párraga, declarou à rádio "Erbol" que
é preciso tempo de preparação para "pensar na agenda e nos protagonistas" e para que
o diálogo, uma vez iniciado, não fracasse. "Ainda não há data marcada para o início
das negociações, porque procedemos com cautela", afirmou.
Entretanto, o governador
de Santa Cruz, Ruben Costas, afirmou à imprensa que ninguém, "nem a Igreja", irá cancelar
o referendo sobre a autonomia da região, previsto para 4 de maio.
A Bolívia
oscila entre as pressões de quatro de suas nove regiões (que insistem em avançar unilateralmente
em suas autonomias via referendo) e a decisão do presidente, Evo Morales, de submeter
também a uma consulta popular uma nova Constituição. O Congresso e a Corte Nacional
Eleitoral suspenderam, até agora, essa consulta e outras duas sobre o projeto de constituição,
que também estavam fixadas para a mesma data.
Após vários processos de diálogo
fracassados desde o ano passado, Morales e a oposição concordaram nos últimos dias
que a Igreja Católica seja a facilitadora de uma nova aproximação. O Cardeal Julio
Terrazas Sandoval, máxima autoridade da Igreja boliviana, se reuniu na semana passada,
separadamente, com o presidente Morales e com o governador Costas. (CM/BF)