Jesus mostra Deus como Aquele que ama e cura com o poder do amor: Bento XVI na missa
de Ramos, na Praça de São Pedro, com dezenas de milhares de jovens
( 16/3/2008) Jesus sobe a Jerusalém, uma caminhada que conduz à purificação do Templo,
através da Cruz. Mas não vem como destruidor; mostra Deus como Aquele que ama, Aquele
cujo poder é o poder do amor: sublinhou Bento XVI, na homilia da Missa deste domingo
dos Ramos. O Papa começou por apresentar Jesus que se encaminha para a Cidade
Santa, para o Templo, numa peregrinação que corresponde a uma subida interior. O seu
percurso não se concluirá no Templo, ele vai mais além: “meta última da sua subida
é a Cruz”. “É a subida em direcção ao amor até ao fim, que é o verdadeiro monte
de Deus, o definitivo lugar do contacto entre Deus e o homem”. Recordando como
se apresentava o Templo de Jerusalém, Bento XVI sublinhou o facto de ali existir também
um átrio dos pagãos. O Deus de Israel é o único Deus de todos os povos. “Embora
os pagãos não entrassem, por assim dizer, no interior da Revelação, podiam contudo,
no átrio da fé, associar-se à oração ao Deus único. O Deus de Israel, o Deus de todos
os homens, estava sempre aguardando também a oração deles, a sua busca e invocação”.
Daqui surge também para nós, cristãos, uma interpelação que leva a examinar a nossa
consciência: “É a nossa fé bastante pura e aberta, de tal modo que a partir dela
também os pagãos, as pessoas que hoje se encontram em busca, têm as suas perguntas,
possam intuir a luz do único Deus, associar-se nos átrios da fé à nossa oração e com
o seu demandar tornarem-se porventura também eles adoradores? (…) Não deixamos porventura,
de diversas maneiras, entrar os ídolos também no mundo da nossa fé? Estamos dispostos
a deixar-nos purificar sempre de novo pelo Senhor, permitindo-Lhe expulsar de nós
e da Igreja tudo aquilo que Lhe é contrário?” Reflectindo sobre a novidade, originalidade,
do sacrifício de Jesus, em contraste com os sacrifícios cruentos de animais, no Templo
de Jerusalém, Bento XVI sublinhou que tais sacrifícios foram substituídos pela oferta
do corpo de Cristo, pela oferta d’Ele próprio. “Só o amor até ao fim, só o
amor que pelos homens se dá totalmente a Deus, é o verdadeiro culto, o verdadeiro
sacrifício. Adorar em espírito e verdade significa adorar em comunhão com Aquele que
é a verdade; adorar na comunhão com o seu Corpo, no qual o Espírito Santo nos reúne”.
Aqui se exprime “ o novo agir de Deus”: Na parte final da homilia, Bento XVI referiu
ainda dois aspectos da acção de Jesus, na sua última entrada em Jerusalém: os cegos
e estropiados que Ele curou, e as crianças e jovens que O aclamaram. Sobre o
primeiro aspecto, o Papa sublinhou que a bondade de Jesus que cura substitui o comércio
dos animais e os negócios com dinheiro. “É essa a verdadeira purificação do templo”: “Jesus
não vem como destruidor; não vem com a espada do revolucionário. Vem com o dom de
curar. Dedica-se àqueles que, pelas suas enfermidades, são postos à margem da vida
e da sociedade. Jesus mostra Deus como Aquele que ama, e o seu poder como o poder
do amor. E diz-nos assim o queé que fará sempre parte do justo culto de Deus: o curar,
o servir, a bondade que cura”. Finalmente, sobre as crianças que aclamam Jesus
à sua entrada em Jerusalém, Bento XVI recordou que o Senhor disse aos discípulos que
para entrar no Reino seria preciso tornar-se como crianças. E “ele próprio, que abraça
o mundo inteiro, se fez pequeno para vir ao nosso encontro e para nos encaminhar
para Deus. Para reconhecer Deus, temos que abandonar a soberba que nos cega e que
nos afasta de Deus, como Deus fosse nosso concorrente”. “Para encontrar a Deus,
precisamos de nos tornarmos capazes de ver com o coração. Temos que aprender a ver
com um coração jovem, sem preconceitos e sem ser obscurecido por interesses. Nos pequenos
que de coração livre e aberto O reconhecem, a Igreja sempre viu a imagem dos crentes
de todos os tempos, a sua própria imagem”. “Juntamente com os jovens de todo
o mundo vamos ao encontro de Jesus, Deixemo-nos guiar por Ele, para aprendermos do
próprio Deus o modo correcto de sermos homens. Com Ele agradeçamos a Deus, porque
com Jesus, o Filho de David, nos deu um espaço de paz e reconciliação que abraça,
na Santa Eucaristia, o mundo”.