No Tibete radicalizam-se os protestos; a China responde com a violência
(15/3/2008) A capital do Tibete, Lhasa, vive os piores conflitos dos últimos 20 anos.
Contra a opressão da China, e depois de alguns dias de protestos pacíficos, os monges
budistas, com o apoio da população, radicalizaram ontem, as formas de luta. Dos confrontos
com a Polícia resultaram vários mortos, dezenas de feridos, estabelecimentos e carros
incendiados e centenas de prisões. União Europeia, Estados Unidos da América (EUA)
e Nações Unidas pediram moderação às autoridades de Pequim. A onda de violência
atingiu o auge nesta sexta feira ,quando os tibetanos resolveram destruir tudo o
que na capital revele influência chinesa. A resposta foi violenta, recorrendo a China
(tal como fizera em outras ocasiões) ao uso de fogo letal como forma de tentar calar
os protestos que, quinta feira, Pequim garantia estarem "perfeitamente controlados". O
rastilho foi ateado, no início desta semana, quando os primeiros monges foram detidos
por, segundo as autoridades chinesas, terem participado numa marcha evocativa dos
49 anos de um levantamento tibetano contra o domínio chinês desde 1951. Centenas de
monges exigiram a libertação dos detidos, mas a Polícia respondeu com mais prisões
e espancamentos. á na segunda-feira, o Dalai Lama, galardoado com o prémio Nobel
da Paz em 1989, alertava o Mundo para as "enormes e inconcebíveis violações dos direitos
humanos" no Tibete. Recorde-se que um relatório do Departamento de Estado dos EUA,
publicado esta semana, retira a China da lista dos países que mais violam os direitos
humanos, embora afirme que Pequim tem agravado as restrições à liberdade religiosa
dos budistas do Tibete e dos muçulmanos na região noroeste de Xinjiang. A cinco
meses dos Jogos Olímpicos, a China enfrenta uma crise que será difícil de resolver
se quiser manter a sua ortodoxia política. Desde logo porque a causa tibetana é acarinhada
pela comunidade internacional que, tal como os tibetanos, entendem que os Jogos podem
ser um trunfo importante para levar Pequim a alterar a sua política.