SANTA SÉ AVALIA, EM NY, A DIGNIDADE DA MULHER NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Nova York, 10 mar (RV) – A justiça econômica e a autonomia de decisão da mulher
foram tema de análise em Nova York, num encontro promovido pela Observação Permanente
da Santa Sé nas Nações Unidas. Em entrevista à Rádio Vaticano, o representante da
Santa Sé na ONU, Arcebispo Celestino Migliore, fala sobre as propostas mais significativas
da Igreja para valorizar a dignidade das mulheres na sociedade contemporânea.
Dom
Celestino Migliore:- Neste tema específico, vê-se uma continuidade no pensamento
social da Igreja, que sempre sustentou o direito ao trabalho e ao salário para manter
a família. Entretanto, até dez anos atrás, em um contexto social bem diferente, o
pensamento da Igreja entendia o trabalho assalariado para o pai e o trabalho doméstico
para a mãe; hoje, ao contrário, sustenta o acesso da mulher e da mãe a todos os níveis
da economia assalariada. E isso sem discriminação e sem que seja penalizado o trabalho
doméstico, o trabalho da educação e do acompanhamento dos filhos. Por isso, a Igreja
pede que as políticas sociais reconheçam e retribuam também esse tipo de trabalho,
que é extremamente importante.
P. Por que para a Santa Sé a promoção dos
direitos da mulher nunca pode ser separada da defesa da família baseada no matrimônio?
Dom
Celestino Migliore:- Isso acontece também para os direitos do homem. Na visão
da Igreja, os direitos nunca são rigorosamente individuais, entendidos, isto é, pela
simples posse e realização do indivíduo, mas vão ao encontro da responsabilidade em
relação aos outros. Essa é a dinâmica do amor cristão, que tem também uma grande relevância
social. Quando se fala de direito ao pleno acesso ao mundo da economia e da produção,
entende-se que as políticas sociais e os pais devem cuidar de suas responsabilidades
para o crescimento e a educação dos filhos.
P. Faltam poucas semanas para
a visita do Papa à sede da ONU. Como a comunidade das Nações Unidas está se preparando
para este evento histórico?
Dom Celestino Migliore:- A expectativa
é grande, é palpável. Em certo sentido, o Papa falará ao mundo inteiro, porque a Assembléia
Geral é o âmbito no qual todos os países do mundo são representados e se reconhecem
idealmente unidos. Hoje, mais do que nunca, em um clima de fragmentação cultural e
de desvio da política, as pessoas se dirigem às autoridades morais para encontrar
motivos de esperança e de confiança. O Santo Padre será recebido, sobretudo, como
grande autoridade moral. (AC/BF)