BENTO XVI: AMOR É VERDADEIRO REMÉDIO DA VIDA, CIÊNCIA NÃO PODE GARANTIR IMORTALIDADE
Cidade do Vaticano, 10 mar (RV) - "O amor é o verdadeiro remédio da vida":
essa é uma das passagens da homilia feita ontem, domingo, por Bento XVI, na igreja
romana de São Lourenço, nas adjacências do Vaticano. Uma homilia sobre a verdade do
homem, sobre o valor da ciência e do amor, sobre a dignidade da pessoa humana. Como
na encíclica Spe salvi (Salvos pela esperança), o papa reiterou que é o amor,
e não a ciência, que redime o homem. Um tema sobre o qual se deteve o presidente da
Pontifícia Academia das Ciências, Dr. Nicola Cabibbo _ entrevistado pela Rádio Vaticano.
Eis o que nos disse:
Dr. Nicola Cabibbo:- "É muito bonito recordar que
o centro de tudo é o homem, o amor. A ciência tem o seu papel, sobre isso não há dúvida.
A ciência tem um papel que se torna sempre mais importante na vida humana. A ciência
é um elemento não indiferente na continuação da vida humana. Desse ponto de vista,
jamais vi contraste entre ciência e amor."
P. O homem _ disse o papa _ é
sempre homem, mesmo se embrião, mesmo se em coma. Essa dignidade integral da pessoa,
evocada com insistência por Bento XVI, parece por vezes confrontar-se não tanto com
a ciência _ que não pode se contrastar com o amor _ mas com uma certa ideologia, com
um certo cientificismo...
Dr. Nicola Cabibbo:- "É preciso estar
atento sobre isso: a ciência não é onipotente e sobre isso, naturalmente, o papa tem
razão. Essa busca que o papa tem feito ultimamente _ basta pensar, por exemplo, na
reunião de estudo que fez, em Castel Gandolfo, sobre o problema do nascimento da vida
_ esse interesse do papa em 'englobar' de certo modo a ciência na teologia, ou em
revisitar a teologia à luz daquilo que aos poucos se vai descobrindo, sobre como o
mundo é feito, isso me parece um aspecto verdadeiramente extraordinário."
P.
Há 15 anos, o senhor é presidente da Pontifícia Academia das Ciências, e, portanto,
nesse contexto vê também como a Igreja pede conselhos, parecer dos homens de ciência...
Dr.
Nicola Cabibbo:- "Sim, em muitos casos houve um pedido explícito; por exemplo,
um dos problemas justamente no quadro da dignidade do homem, o problema da morte.
Como se faz para saber quando uma pessoa está morta e se pode extrair um órgão para
transplante. Sobre isso, digamos que a Academia trabalhou muitas vezes, e a última
vez, justamente dois anos atrás, a pedido de Bento XVI. Ademais, em tantos outros
casos, somos nós mesmos que procuramos identificar e propor aqueles aspectos do progresso
científico que podem ser de interesse para a Igreja. Recordo que Bento XVI, antes
de se tornar papa, era membro da nossa Academia. Recordo-me com satisfação que ele
sempre teve orgulho da nossa Academia, que sempre olhou para ela com grande afeto
e com grande atenção." (RL)