2008-03-08 20:51:17

BENTO XVI: É NECESSÁRIO REFORÇAR DIÁLOGO ENTRE CIÊNCIA E FÉ E CHAMAR HUMANIDADE AOS "VALORES ALTOS"


Cidade do Vaticano, 08 mar (RV) - A secularização, com os seus condicionamentos que levam à negação de Deus, penetrou "há tempo" também dentro da Igreja. A afirmação de Bento XVI abriu seu discurso dirigido esta manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, aos participantes da plenária do Pontifício Conselho para a Cultura, que nesses dias se reuniu para debater o tema "A Igreja e o desafio da secularização". Para vencer tal desafio é preciso apostar nos "valores altos da existência" e no diálogo respeitoso entre ciência e fé, afirmou o pontífice.

Na cidade secularizada, há espaço para entender e viver aquilo que o presidente do referido organismo vaticano, Dom Gianfranco Ravasi, em sua saudação ao papa, definiu como uma "sadia secularidade": trata-se da consciência de que o mundo não deve ser idolatrado, porque há uma dimensão ideal que o supera. A secularização, ao invés, é o seu oposto, pois é o espaço no qual a transcendência deixa de ser um ponto de referência e prioriza um "estéril culto do indivíduo".

Bento XVI, portanto, voltou a estigmatizar aquela "soberba da razão" que está na base de um modo, muito difuso e atual, de entender a existência.

Trata-se de uma "ameaça" que não atinge somente os fiéis imersos no mundo, mas também a própria Igreja: "A secularização desnatura a fé cristã a partir de dentro e de modo profundo e, conseqüentemente, o estilo de vida e o comportamento diário dos fiéis. Eles vivem no mundo e são comumente marcados, se não condicionados, pela cultura da imagem, que impõe modelos e impulsos contraditórios na negação prática de Deus: não há mais a necessidade de Deus, de pensar n'Ele e de voltar a Ele. Ademais, a mentalidade hedonista e consumista predominante favorece, nos fiéis e nos pastores, uma deriva rumo à superficialidade e a um egocentrismo prejudicial à vida eclesial".

Nesse contexto cultural, "há o risco de se cair numa atrofia espiritual e num vazio do coração, caracterizados, por vezes, por formas substitutivas de pertença religiosa e de vago espiritualismo", observou o Santo Padre.

Portanto, é necessário hoje reagir mediante a evocação dos valores altos da existência e que podem satisfazer a inquietude do coração humano em busca da felicidade: a dignidade da pessoa humana e a sua liberdade, a igualdade entre todos os homens, o sentido da vida e da morte e daquilo que nos aguarda após a conclusão da existência terrena.

Recordando a idéia basilar que induziu João Paulo II a instituir o organismo vaticano para a cultura, Bento XVI repetiu a necessidade de reforçar de modo "fecundo" o diálogo entre ciência e fé: "Que esse diálogo continue distinguindo as características específicas da ciência e da fé. De fato, cada um tem seus próprios métodos, âmbitos, objetos de pesquisa, finalidades e limites e deve respeitar e reconhecer à outra a sua legítima possibilidade de exercício autônomo segundo os próprios princípios; ambas são chamadas a servir o homem e a humanidade, favorecendo o desenvolvimento e o crescimento de cada um e de todos". (RL/BF)







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