Criado Forum católico-muçulmano; a sua primeira iniciativa será um seminário de estudo,
em Novembro de 2008 sobre o tema "amor a Deus, amor ao proximo".Os participantes serão
recebidos em audiência pelo Papa
(5/3/2008) O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso (CPDIR), anunciou
esta Quarta-feira a criação de um Fórum católico-muçulmano, com o objectivo de promover
o diálogo entre os fiéis das duas religiões. Num comunicado, o CPDIR revela que
a primeira iniciativa deste Fórum será a organização de um seminário, de 4 a 6 de
Novembro de 2008, sobre o tema “Amor a Deus, amor ao próximo”. 24 representantes de
cada parte tomarão lugar na sessão de estudos, durante a qual terá lugar uma audiência
com Bento XVI. O anúncio é o primeiro fruto da ronda de negociações levadas a
cabo entre o CPDIR e representantes islâmicos, após a carta aberta “Um mundo comum”,
assinada por 138 líderes muçulmanos e enviada, entre outros, a Bento XVI no passado
mês de Outubro. De 4 a 5 de Março, o Vaticano acolheu uma delegação de signatários
desta missiva, para um encontro “técnico” que visava preparar a anunciada reunião
do próximo mês de Novembro. Pela parte islâmica, participaram Abdel Hakim Murad
Winter, da University of the Muslim Academic Trust, da Grã-Bretanha; Yahya Pallavicini,
da comunidade islâmica italiana; Ibrahim Kalin da Seta Foundation, Turquia; os jordanos
Sohail Nakhooda, editor-chefe da Islamica Magazine, e Aref Ali Nayed, Director do
Royal Islamic Strategic Studies Center. Pelo CPDIR, participaram o Cardeal Jean-Louis
Tauran, presidente; o Arcebispo Pier Luigi Celata, secretário; Pe. Miguel Ayuso, presidente
do Instituto Pontifício para os Estudos Árabes e Islâmico; Christian W. Troll, professor
da Universidade Pontifícia Gregoriana, e Khaled Akasheh, responsável pelo departamento
para o Islão do CPDIR. Caminhos comuns Como referido, em Outubro do
ano passado, Bento XVI foi um dos destinatários da carta enviada por 138 intelectuais
do mundo muçulmano, na qual deixavam um apelo em nome da paz e da compreensão entre
o Islão e o Cristianismo. Posteriormente, o Papa recebeu o rei da Arábia Saudita e
convidou os dignatários muçulmanos para uma visita ao Vaticano, defendendo o diálogo
"fundado no respeito e no conhecimento recíproco". Em resposta, o Papa manifestou
o seu "profundo apreço" por este gesto, pelo espírito positivo que inspirou o texto
e pelo apelo a um compromisso comum para a promoção da paz no mundo". A carta
de Bento XVI foi endereçada ao príncipe Ghazi bin Muhammad bin Talal, presidente do
Insitututo Aal al-Bayt para o pensamento islâmico (Jordânia) e enviada através do
Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano. Nessa missiva, o Papa
reafirmou "a importância do diálogo baseado no respeito efectivo pela dignidade da
pessoa, no conhecimento objectivo da religião do outro, na partilha da experiência
religiosa e no compromisso comum de promover o respeito e a aceitação mútuas". Na
semana passada, teve lugar o X Encontro do Comité para o Diálogo entre a Santa Sé
e a Universidade egípcia de Al Azhar, instituição teológica de referência para o mundo
islâmico sunita. No comunicado final, assinado pelo presidente do Pontifício Conselho
para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, e pelo Sheik Abdel Fattah
Mohamed Alaam, reiterava-se o respeito pela pessoa humana, sem distinção de raça,
religião ou credo e se auspicia um reforço do respeito pelos símbolos religioso e
dos livros sagrados. "Tudo aquilo que os fiéis respeitam merece o respeito por parte
dos outros", afirma o documento, dirigindo um convite aos intelectuais para que eduquem
as sociedades "a esse tipo de moralidade". A nota mencionou também a publicação
de caricaturas de Maomé: "A liberdade de expressão não justifica o ataque e as ofensas
a símbolos religiosos. O nosso Conselho Pontifício está comprometido nesse processo
de intercâmbio entre muçulmanos e cristãos, no esforço comum de combater o ódio e
o medo", destacou o Cardeal Tauran no evento.