2008-03-05 12:56:35

CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS DENUNCIAM "EPIDEMIA" DE ESTUPROS ÉTNICOS NA R.D. DO CONGO


Katanga, 05 mar (RV) - As congregações religiosas masculinas e femininas, que trabalham na província de Katanga, no leste da República Democrática do Congo, divulgaram um comunicado para denunciar uma "epidemia" de estupros étnicos.

"Diante da situação desumana e injustificada que continua no leste do país, caracterizada por violências de todo tipo, por abusos sexuais em série e pela banalização da vida de nossos irmãos e irmãs, nós superioras e superiores maiores das congregações religiosas que trabalham na província de Katanga não podemos nos calar", afirma o comunicado.

Apesar da paz assinada em 2003 e das eleições de 2006, o leste da República Democrática do Congo ainda está tumultuada pela presença de grupos armados. Quem sofre é a população civil. As violências sexuais, em especial, atingiram proporções alarmantes e são consideradas por muitos observadores como um verdadeiro e autêntico instrumento de guerra para forçar as populações a deixarem o território onde vivem.

Na declaração, os responsáveis pelas congregações religiosas afirmam que as violências sexuais são fatos "terríveis e inumeráveis, que constituem uma tragédia comparável a uma epidemia, cuja eliminação deve mobilizar a todos".

Diante da tragédia, os superiores religiosos afirmam "constatar com tristeza que não só a maior parte desses crimes permanece impune, mas que os autores dessas ações são reincidentes, sem nenhum medo das conseqüências. Deploramos a indiferença cúmplice e culpável seja das autoridades civis e militares, seja da comunidade internacional, diante de uma catástrofe humanitária entre as piores da história da humanidade".

Os superiores das congregações religiosas propõem algumas recomendações para enfrentar a situação: aplicação dos artigos da Constituição que prevêem estender a paz a todo o território nacional; reforma e fortalecimento do sistema judiciário; reformas jurídicas e culturais para que a mulher não seja considerada um ser inferior; criação de estruturas estatais que cuidem das vítimas; e aplicação severa das leis que punem os crimes sexuais. (BF)







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