PAPA NO ANGELUS: APELO PELO FIM DAS VIOLÊNCIAS NA TERRA SANTA, PELA LIBERTAÇÃO DO
ARCEBISPO DE MOSSUL E PELA TUTELA DA INFÂNCIA
Cidade do Vaticano, 02 mar (RV) - No Angelus de hoje, ao meio-dia, da janela
de seus aposentos que dá para a Praça São Pedro, Bento XVI dirigiu prementes apelos:
pela libertação do arcebispo iraquiano de Mossul e pelo fim das violências na Terra
Santa. Em seguida, recordando o dramático episódio das crianças Ciccio e Tore, encontradas
mortas numa cisterna em Gravina, no sul da Itália, elevou um apelo em prol da tutela
da infância.
O pontífice disse que segue, com profunda tristeza, o dramático
episódio do seqüestro do arcebispo de Mossul dos Caldeus, Dom Paulos Faraj Rahho.
O papa uniu-se ao apelo do Cardeal Emmanuel III Delly, a fim de que o prelado,
"que se encontra enfermo, seja prontamente libertado": "Ao mesmo tempo, elevo a minha
oração de sufrágio pelas almas dos três jovens assassinados, que se encontravam com
o arcebispo no momento do seqüestro. Ademais, expresso a minha proximidade a toda
a Igreja no Iraque e, em particular, à Igreja caldéia, mais uma vez duramente atingida.
Encorajo os pastores e todos os fiéis a serem fortes e firmes na fé. Que sejam ampliados
os esforços daqueles que regem as sortes do caro povo iraquiano, a fim de que, graças
ao compromisso e a sabedoria de todos, a paz e a segurança sejam restabelecidas, e
não lhe seja negado o futuro ao qual tem direito".
O Santo Padre lamentou que,
nesses últimos dias, a tensão entre Israel e a Faixa de Gaza "tenha alcançado níveis
muito altos".
Bento XVI renovou um premente convite às autoridades, tanto
israelenses quanto palestinas, "para que se dê fim a essa espiral de violência, unilateralmente,
sem condições": "Somente mostrando um respeito absoluto pela vida humana, talvez também
pela do inimigo, se poderá esperar dar um futuro de paz e de convivência às jovens
gerações daqueles dois povos que têm as suas raízes na Terra Santa. Convido toda a
Igreja a elevar súplicas ao Onipotente pela paz na terra de Jesus e a mostrar solidariedade
atenta e concreta aos israelenses e palestinos".
Em seguida, o papa dirigiu
seu pensamento à tutela da infância. Durante a semana, a mídia italiana noticiou o
triste fim de duas crianças, conhecidas como Ciccio e Tore, encontradas mortas na
cidade de Gravina, desaparecidas desde 2006. "Gostaria de aproveitar a ocasião para
lançar um apelo em favor da infância: tomemos conta das crianças! É preciso amá-las
e ajudá-las a crescer. E o digo aos pais, mas também às instituições. Ao lançar esse
apelo, recordo a infância em todas as partes do mundo, particularmente aquela infância
mais indefesa, explorada e vítima de abusos. Confio cada criança ao coração de Cristo,
que disse: 'deixai vir a mim as criancinhas'", disse o papa.
Antes dos apelos,
o papa comentou o Evangelho deste IV Domingo da Quaresma, que narra a cura do cego
de nascença. "Diante do homem marcado pelo limite e pelo sofrimento, Jesus não pensa
em eventuais culpas, mas na vontade de Deus que criou o homem para a vida", afirmou
o pontífice.
Jesus revela ao cego curado "que Ele veio ao mundo para fazer
um juízo, para separar os cegos curáveis daqueles que não se deixam curar porque presumem
ser sadios", acrescentou. E fez uma exortação a confessar as nossas cegueiras e miopias
e, sobretudo, o grande pecado do orgulho: "De fato, é forte no homem a tentação de
construir um sistema de segurança ideológico: também a própria religião pode tornar-se
elemento desse sistema, bem como o ateísmo, ou o laicismo, mas, assim fazendo, se
torna cego pelo próprio egoísmo. Caros irmãos, deixemo-nos curar por Jesus, que pode
e quer doar-nos a luz de Deus".
No final da narração evangélica, Jesus e o
cego são, ambos, "expulsos" pelos fariseus: um porque violou a lei, e o outro porque,
apesar de ter sido curado, continua marcado como pecador desde o nascimento.
Por
outro lado, também os discípulos, segundo a mentalidade comum daquele tempo, "dão
por certo que a sua cegueira é conseqüência de um pecado seu ou de seus pais". Jesus,
ao invés repele esse julgamento, "fazendo-nos ouvir a voz de Deus, que é Amor providente
e sapiente". (RL/BF)