2008-03-01 10:51:18

PAPA PEDE LIBERTAÇÃO DO ARCEBISPO IRAQUIANO SEQUESTRADO EM MOSSUL


Cidade do Vaticano, 1º mar (RV) - A Sala de Imprensa da Santa Sé se manifestou ontem a propósito do seqüestro do arcebispo iraquiano de Mossul, Dom Paulos Faraj Rahho, ocorrido na tarde de sexta-feira.

A nota da Sala de Imprensa afirma que Bento XVI foi imediatamente informado do seqüestro de Dom Paulos. "Amargurado por esse novo execrável ato, que atinge profundamente toda a Igreja no país e, em especial, a Igreja caldéia, o Papa manifesta sua solidariedade ao Patriarca Card. Emmanuel III Delly e a toda a comunidade cristã", lê-se na nota. O Santo Padre convida ainda toda a Igreja a unir-se à sua fervorosa oração, para que prevaleçam razão e humanidade nos autores do seqüestro e Dom Paulos seja restituído o quanto antes ao cuidado de seu rebanho. Bento XVI renova os votos para que o povo iraquiano reencontre caminhos de reconciliação e de paz.

O seqüestro ocorreu quando Dom Paulos saía da Igreja do Santo Espírito, depois de ter celebrado a Via-Sacra, por volta das 17h30. O rito reúne muitos fiéis e, por isso, a Santa Sé afirma que pode ser um indício de que o seqüestro tenha sido premeditado. Dois seguranças e o motorista que estavam com o prelado no momento do seqüestro foram assassinados.

O arcebispo conseguiu entrar em contato brevemente, através do celular, com a sede do arcebispado sírio-católico de Mossul no momento em que estavam para levá-lo. Naqueles poucos segundos, Dom Paulos pôde somente alertar que dois homens desconhecidos tinham disparado e que o estavam seqüestrando.

Nos dias passados, o arcebispo disse a um coirmão que tinha recebido um telefonema em que pediam 50 mil dólares como "indenização ao povo, já que os iraquianos sofrem muito por causa da guerra".

O primeiro a noticiar o seqüestro foi o bispo caldeu de Amadiyah, Dom Rabban Al-Qas. No entanto, o arcebispo sírio de Mossul, Dom Basile Georges Casmoussa, afirmou neste sábado que houve um telefonema dos seqüestradores e teve início uma negociação para a libertação de Dom Paulos. "Infelizmente não pudemos falar com o arcebispo para averiguar suas condições de saúde e isso nos preocupa ainda mais, pois é um homem enfermo e necessita de seus medicamentos", declarou Dom Casmoussa, acrescentando que "até o momento nenhum grupo reivindicou o seqüestro".

Neste sábado, foi realizado o funeral dos dois seguranças e do motorista, assinados durante o seqüestro.

A notícia do seqüestro mobilizou a comunidade católica. O bispo auxiliar de Bagdá, Dom Shlemon Warduni, lançou um apelo aos seqüestradores para que libertem o prelado, pois ele está doente. "Olhem para Deus no céu e o deixem ir", afirmou Dom Warduni. As precárias condições de saúde do prelado também foram confirmadas pelo pároco Renato Sacco, responsável pela organização católica "Pax Christi" no Iraque.

Já o representante da Igreja caldéia na Santa Sé, Mons. Philip Najim, afirmou que esse seqüestro não serve para construir o Iraque e o respeito recíproco entre os povos. "Esta terra é nossa, é de todos os iraquiano, por isso peço que libertem o arcebispo, porque ele sempre amou a sua cidade, Mossul, e sempre a serviu. Se existe um Deus que nos une na fé, pedimos a esse Deus que liberte Dom Paulos", disse Mons. Najim. Este mesmo apelo foi transmitido na noite de ontem, ao vivo, na televisão iraquiana.

Mons. Najim recordou ainda que o arcebispo tem uma forte amizade com os muçulmanos de Mossul, goza de uma ótima reputação e sempre manteve relações calorosas. "Ele é muito estimado e considerado um homem de diálogo”, afirmou. Para Mons. Najim, o seqüestro confirma a total fragilidade do governo, que não consegue garantir a segurança de seus cidadãos.

De maioria árabe sunita, Mossul é capital da província de Nínive, atualmente uma das mais perigosas do país.

Antes da invasão de março de 2003, a comunidade cristã do Iraque totalizava 800.000 membros. Desde então, numerosos representantes da comunidade, alvo constante de grupos extremistas, fugiram do país ou se mudaram para o Curdistão iraquiano. Os caldeus, católicos de rito oriental, constituem a principal comunidade cristã do Iraque e é uma das mais antigas do cristianismo.

Uma onda de atentados com bombas no mês de janeiro, tendo como alvo igrejas e edifícios cristãos de Mossul, feriu quatro pessoas e causou prejuízos materiais. Após esses atos de violência, ocorridos no dia da celebração cristã da Epifania, em 6 de janeiro, Bento XVI expressou sua "profunda preocupação" e sua "solidariedade a todos os membros das comunidades cristãs do país ". (BF)







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