2008-02-28 20:22:47

CARDEAL BERTONE FAZ BALANÇO POSITIVO DE SUA VIAGEM A CUBA


Cidade do Vaticano, 28 fev (RV) - O cardeal-secretário de Estado, Tarcisio Bertone, retornou ontem à noite ao Vaticano, após uma visita a Cuba, no âmbito das celebrações pelo 10º aniversário da viagem de João Paulo II à Ilha caribenha.

O Cardeal Bertone fez um balanço dessa viagem numa entrevista concedida, esta manhã, à Rádio Vaticano e ao jornal vaticano L'Osservatore Romano. Eis o que disse o purpurado:

Cardeal Tarcisio Bertone:- "Creio que se possa dizer que o balanço é, sem dúvida, positivo, sobretudo no que diz respeito ao encontro com a Igreja cubana: uma Igreja viva, apesar das dificuldades de ação em certas circunstâncias, porém uma Igreja reunida em torno aos bispos, uma bela Conferência episcopal unida, os sacerdotes, os religiosos, as religiosas que se projetam para além do testemunho da oração, da vida espiritual, numa grande ação social de assistência aos mais pobres e aos necessitados, e de trabalho em meio aos jovens. Portanto, vi uma Igreja que conservou o seu frescor, aliás, o fez crescer nesses anos. E, depois, nas relações com as autoridades civis o balanço foi igualmente positivo: mantive encontros bilaterais com delegações compostas por responsáveis pela vida civil, do governo, encontros também individuais, como no último dia com o novo presidente, Raúl Castro. Parece-me que existem perspectivas para um trabalho juntos, de confiança na ação da Igreja e de possibilidade de abertura de novos espaços de presença."

P. Cardeal Bertone, qual mensagem o senhor quis deixar ao país? 
Card. Bertone:- "Deixei esta mensagem: de estar muito próximo ao povo, de escutar as aspirações, os anseios do povo que sofreu muito, também por causa das conjunturas econômicas e das restrições que vêm de fora à economia, ao desenvolvimento da Ilha. É um povo que, porém, continua tendo grandes ideais, sobretudo entre os jovens, que querem ressurgir e querem afirmar a sua identidade. Deixei também a mensagem de ter confiança no futuro, porque todos os cubanos juntos podem trabalhar por um desenvolvimento integral, rumo a um humanismo integral. Parece-me que a concórdia entre o Estado e a Igreja, ao ressaltar os valores e a formação aos valores, seja uma indicação, uma direção na qual se possa caminhar com muitos frutos."

P. Como João Paulo II, o senhor definiu o embargo contra Cuba como "eticamente inaceitável". Mas falou também de liberdade e, por fim, fez um apelo em favor dos detentos... 
Card. Bertone:- "Exatamente. Em relação ao embargo, como também às restrições econômicas que são impostas pela Europa, há dois fatores que, de certo modo, afligem a economia, o desenvolvimento econômico da Ilha: o embargo dos EUA e também muitas restrições que ainda são mantidas pela União Européia. Parece-me que essas atitudes são naturalmente voltadas a impelir o governo da Ilha rumo a uma maior liberdade, a um maior respeito pelos direitos humanos. Porém, considero que essas medidas tão pesadas, tomadas unilateralmente, não favoreçam o desenvolvimento. Todavia, fazem sofrer a população e isso é inaceitável. Eu assegurei que a Santa Sé trabalhará para que, se não forem eliminadas, suspensas, sejam ao menos reduzidas essas sanções. Depois, certamente, isso deve comportar um desenvolvimento rumo a uma maior liberdade, rumo a um reconhecimento maior dos direitos pessoais e dos direitos sociais, bem como dos direitos políticos e dos direitos econômicos. Mas há também perspectivas promissoras, porque agora Cuba se prepara para assinar as duas Convenções da ONU justamente sobre direitos pessoais, sociais, econômicos e políticos." (RL/BF)







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