Patriarca de Lisboa aponta desafios para a globalização
(27/2/2008) D. José Policarpo defendeu em Lisboa que a globalização é “o fenómeno
mais significativo nos últimos 25 anos, com implicações culturais, económicas e políticas”.
O Cardeal-Patriarca falava no arranque das comemorações dos 25 anos do Centro
de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, da UCP. A intervenção foi
subordinada ao tema “Leitura dos sinais dos tempos, um olhar cristão sobre a História”.
Numa reflexão que abrangeu as várias dimensões enunciadas, D. José Policarpo indicou
que “o mercado global tem de ser concebido como caminho para a justiça e para a promoção
das camadas da população mundial menos capazes de aceder, na sua existência concreta,
a níveis de dignidade”. Perante um mundo em que cada vez menos coisas são desconhecidas,
o Patriarca de Lisboa frisou que “o confronto atávico entre pobres e ricos, o combate
à miséria e doenças endémicas, porque se tornaram visíveis no todo global, já não
podem ser ignorados ou relativizados, se não forem tidos em conta pelo todo global,
carregarão ameaças de conflitos incalculáveis”. Neste quadro da globalização,
insitiu, a Igreja é chamada a renovar a consciência da sua universalidade e a tirar
daí as necessárias ilações pastorais. “O cristianismo foi a única religião que se
afirma constitutivamente na sua dimensão universal”, observou. D. José Policarpo
assinalou que “a Igreja deve ser a afirmação viva e generosa da prioridade do espírito
sobre a matéria, na certeza que só essa primazia do espírito, que também se exprime
na cultura, pode desconjurar as ameaças globais, de guerra nuclear, de destruição
do planeta, ameaçado por políticas erradas e por egoísmos consumistas descontrolados”.