CARDEAL BERTONE DEFINE COMO "INACEITÁVEL" EMBARGO CONTRA CUBA
Havana, 26 fev (RV) - O cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, encerra
nesta terça-feira sua visita a Cuba. A visita do purpurado se insere no âmbito das
celebrações pelos dez anos da histórica viagem apostólica de João Paulo II à ilha
caribenha. Antes de seu retorno a Roma, ainda hoje o Cardeal Bertone se encontrará
com o novo presidente cubano, Raúl Castro.
Entre suas atividades de ontem,
destacamos a conferência na prestigiosa Universidade de Havana e o encontro com os
jornalistas. O Cardeal Bertone definiu como "inaceitável" o embargo contra Cuba e
saudou positivamente a recente libertação de detentos.
"A cultura é mais que
uma simples vontade individual de adquirir novos conhecimentos. Tem uma fundamental
dimensão histórica e comunitária": com essas palavras, o purpurado iniciou sua conferência
na Universidade de Havana, fundada em 1728.
Desenvolvendo o tema da "cultura
e os fundamentos éticos do viver humano", o cardeal referiu-se a palavras proferidas
por João Paulo II dez anos atrás, na mesma Universidade, e reiterou que "a Igreja
Católica não se identifica com nenhuma cultura em particular, mas se faz próxima a
todas com espírito aberto".
"A Igreja não pretende impor sua visão das coisas
a todos os homens, como se tivesse o monopólio do discernimento moral. Mas não pode,
todavia, renunciar ao profundo conhecimento que tem, do homem e da sociedade" _ explicou.
No
que concerne à contribuição dos cristãos para a construção da sociedade, o Cardeal
Bertone recordou uma proposta feita pelo Cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI: "A tentativa,
levada ao extremo, de plasmar aquilo que é humano, descartando completamente Deus,
nos leva sempre mais, à beira do abismo, rumo à marginalização total do homem. Devemos,
então, inverter o axioma dos iluministas e dizer que também quem não consegue encontrar
o caminho da aceitação de Deus deveria, mesmo assim, buscar viver e endereçar a sua
vida como se Deus existisse."
Durante a coletiva de imprensa, após um encontro
com o ministro do Exterior, Felipe Pérez Roque, o purpurado precisou: "Creio que o
novo presidente Raúl, o novo Conselho de Estado e a própria Igreja Católica estão
tentando captar as aspirações do povo cubano e responder a elas de todos os modos
possíveis, considerando as dificuldades, sobretudo por causa do embargo econômico"
que _ repetindo o que já fora afirmado por João Paulo II _ considerou como "inaceitável,
danoso para o povo cubano e carente de ética".
Respondendo às perguntas dos
jornalistas, o Cardeal Bertone ressaltou "não ter pedido nenhuma anistia, mas gestos
de reconciliação", e acrescentou que a Igreja saúda como "gesto positivo" a libertação
de prisioneiros, como tem ocorrido nos últimos tempos. (RL/AF)