BENTO XVI: HUMANIDADE PRECISA CONHECER DEUS-AMOR E DESCOBRIR VALOR DA CONVERSÃO
Cidade do Vaticano, 27 fev (RV) - A humanidade precisa conhecer e viver a realidade
de Deus-amor; o encontro com Ele é a única resposta às inquietações do homem: foi
o grande ensinamento que Santo Agostinho deixou à humanidade e que Bento XVI recordou
esta manhã, na Audiência Geral, em sua quinta catequese dedicada a esse Padre da Igreja,
em cujo pensamento se inspirou para as suas duas encíclicas.
O caminho do Bispo
de Hipona é um modelo que convida a percorrer com coragem e humildade o caminho da
verdade _ disse o papa, saudando primeiramente os fiéis e peregrinos reunidos na Basílica
Vaticana, para depois se deslocar à Sala Paulo VI.
"Deus não está distante,
porque se fez próximo aos seres humanos, tornando-se um de nós": nós O encontramos
na fé em Cristo, no caminho da verdade. Um caminho que para Santo Agostinho foi uma
longa e árdua busca, movida pela paixão pelo homem e pela verdade _ explicou Bento
XVI.
"De fato, esse é um caminho a ser percorrido com coragem e, ao mesmo tempo,
com humildade, na abertura a uma purificação permanente da qual cada um de nós precisa."
Como
é sabido, Santo Agostinho é uma figura muito querida para Bento XVI, que o homenageou
no ano passado, durante sua peregrinação a Pavia _ localizada na região italiana da
Lombardia _ onde são conservados os restos mortais do santo.
"Desse modo, quis
expressar a ele _ disse o pontífice _ a homenagem de toda a Igreja Católica, mas também
tornar visível o meu pessoal reconhecimento e devoção a uma figura à qual me sinto
muito ligado, pelo lugar que teve em minha vida de teólogo, de sacerdote, de pastor,
e assim gostaria de expressar a minha gratidão."
E em Pavia, diante do túmulo
do "grande apaixonado por Deus", Bento XVI quis entregar novamente à Igreja e ao mundo,
sua primeira encíclica, Deus caritas est (Deus é amor), inspirada no pensamento
de Santo Agostinho, bem como a segunda encíclica, Spe salvi (Salvos pela esperança).
"Também
hoje, como em seu tempo, a humanidade precisa conhecer e, sobretudo, viver esta realidade
fundamental: Deus é amor e o encontro com Ele é a única resposta às inquietações do
coração humano. Um coração que é habitado pela esperança, talvez ainda obscura e inconsciente
em muitos nossos contemporâneos, mas que, para nós, cristãos, abre já hoje ao futuro,
tanto que São Paulo escreveu que "na esperança fomos salvos"."
Em sua catequese,
o papa recordou as etapas do caminho de conversão do Bispo de Hipona: a primeira,
a "progressiva aproximação ao Cristianismo", a Cristo, verificada com o auxílio da
filosofia _ sobretudo de matriz platônica _ que o fazia entrever a existência do Logos,
da razão criadora, mas não lhe indicava como alcançar esse Logos aparentemente distante
e que, depois compreenderá, com a leitura do epistolário paulino. A segunda etapa,
a renúncia a uma vida de meditação para viver com Cristo e para Cristo dedicando-se
aos outros _ no ministério sacerdotal e episcopal _ com humildade.
Para ele,
era muito difícil no início, mas entendeu que somente vivendo para os outros, e não
somente para a sua contemplação privada, podia realmente viver com Cristo e para Cristo...
Aprendeu, muitas vezes com dificuldades, dia após dia, a colocar à disposição o fruto
da sua inteligência em favor dos outros, a comunicar a sua visão, a sua fé, ao povo
simples."
Por fim, a terceira etapa da conversão agostiniana, que levou o bispo
africano "a pedir perdão a Deus", "todos os dias". Essa é para Bento XVI aquela que
deve induzir-nos a uma contínua e humilde introspecção.
"Nós precisamos sempre
ser salvos por Cristo _ que nos lava os pés _ de nova conversão, até o fim. Precisamos
dessa humildade que reconhece que somos pecadores em caminho até que o Senhor nos
dê a mão definitivamente e nos conduza para a vida eterna."
Purificar os nossos
desejos e as nossas esperanças, para acolher a doçura de Deus"; essa é a estrada _
concluiu o Santo Padre que, antes de começar sua catequese na Sala Paulo VI, saudou
alguns fiéis e peregrinos na Basílica Vaticana, encorajando-os "a crescerem na caridade
mediante gestos concretos de solidariedade" para com os mais fracos e necessitados.
"Que
este tempo de Quaresma seja caracterizado por um esforço pessoal e comunitário de
adesão a Cristo para sermos testemunhas de Seu amor."
Por fim, o pontífice,
nas saudações, convidou os fiéis a "serem cristãos autênticos em família, no trabalho
e em todo e qualquer ambiente", e a se deixarem iluminar pela palavra de Cristo.
O
Santo Padre concluiu a Audiência Geral concedendo a todos a sua bênção apostólica.
(RL/AF)