2008-02-27 19:33:13

BENTO XVI: HUMANIDADE PRECISA CONHECER DEUS-AMOR E DESCOBRIR VALOR DA CONVERSÃO


Cidade do Vaticano, 27 fev (RV) - A humanidade precisa conhecer e viver a realidade de Deus-amor; o encontro com Ele é a única resposta às inquietações do homem: foi o grande ensinamento que Santo Agostinho deixou à humanidade e que Bento XVI recordou esta manhã, na Audiência Geral, em sua quinta catequese dedicada a esse Padre da Igreja, em cujo pensamento se inspirou para as suas duas encíclicas.

O caminho do Bispo de Hipona é um modelo que convida a percorrer com coragem e humildade o caminho da verdade _ disse o papa, saudando primeiramente os fiéis e peregrinos reunidos na Basílica Vaticana, para depois se deslocar à Sala Paulo VI.

"Deus não está distante, porque se fez próximo aos seres humanos, tornando-se um de nós": nós O encontramos na fé em Cristo, no caminho da verdade. Um caminho que para Santo Agostinho foi uma longa e árdua busca, movida pela paixão pelo homem e pela verdade _ explicou Bento XVI.

"De fato, esse é um caminho a ser percorrido com coragem e, ao mesmo tempo, com humildade, na abertura a uma purificação permanente da qual cada um de nós precisa."

Como é sabido, Santo Agostinho é uma figura muito querida para Bento XVI, que o homenageou no ano passado, durante sua peregrinação a Pavia _ localizada na região italiana da Lombardia _ onde são conservados os restos mortais do santo.

"Desse modo, quis expressar a ele _ disse o pontífice _ a homenagem de toda a Igreja Católica, mas também tornar visível o meu pessoal reconhecimento e devoção a uma figura à qual me sinto muito ligado, pelo lugar que teve em minha vida de teólogo, de sacerdote, de pastor, e assim gostaria de expressar a minha gratidão."

E em Pavia, diante do túmulo do "grande apaixonado por Deus", Bento XVI quis entregar novamente à Igreja e ao mundo, sua primeira encíclica, Deus caritas est (Deus é amor), inspirada no pensamento de Santo Agostinho, bem como a segunda encíclica, Spe salvi (Salvos pela esperança).

"Também hoje, como em seu tempo, a humanidade precisa conhecer e, sobretudo, viver esta realidade fundamental: Deus é amor e o encontro com Ele é a única resposta às inquietações do coração humano. Um coração que é habitado pela esperança, talvez ainda obscura e inconsciente em muitos nossos contemporâneos, mas que, para nós, cristãos, abre já hoje ao futuro, tanto que São Paulo escreveu que "na esperança fomos salvos"."

Em sua catequese, o papa recordou as etapas do caminho de conversão do Bispo de Hipona: a primeira, a "progressiva aproximação ao Cristianismo", a Cristo, verificada com o auxílio da filosofia _ sobretudo de matriz platônica _ que o fazia entrever a existência do Logos, da razão criadora, mas não lhe indicava como alcançar esse Logos aparentemente distante e que, depois compreenderá, com a leitura do epistolário paulino. A segunda etapa, a renúncia a uma vida de meditação para viver com Cristo e para Cristo dedicando-se aos outros _ no ministério sacerdotal e episcopal _ com humildade.

Para ele, era muito difícil no início, mas entendeu que somente vivendo para os outros, e não somente para a sua contemplação privada, podia realmente viver com Cristo e para Cristo... Aprendeu, muitas vezes com dificuldades, dia após dia, a colocar à disposição o fruto da sua inteligência em favor dos outros, a comunicar a sua visão, a sua fé, ao povo simples."

Por fim, a terceira etapa da conversão agostiniana, que levou o bispo africano "a pedir perdão a Deus", "todos os dias". Essa é para Bento XVI aquela que deve induzir-nos a uma contínua e humilde introspecção.

"Nós precisamos sempre ser salvos por Cristo _ que nos lava os pés _ de nova conversão, até o fim. Precisamos dessa humildade que reconhece que somos pecadores em caminho até que o Senhor nos dê a mão definitivamente e nos conduza para a vida eterna."

Purificar os nossos desejos e as nossas esperanças, para acolher a doçura de Deus"; essa é a estrada _ concluiu o Santo Padre que, antes de começar sua catequese na Sala Paulo VI, saudou alguns fiéis e peregrinos na Basílica Vaticana, encorajando-os "a crescerem na caridade mediante gestos concretos de solidariedade" para com os mais fracos e necessitados.

"Que este tempo de Quaresma seja caracterizado por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas de Seu amor."

Por fim, o pontífice, nas saudações, convidou os fiéis a "serem cristãos autênticos em família, no trabalho e em todo e qualquer ambiente", e a se deixarem iluminar pela palavra de Cristo.

O Santo Padre concluiu a Audiência Geral concedendo a todos a sua bênção apostólica. (RL/AF)








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