2008-02-20 13:08:43

Paquistão: oposição vence legislativas e prepara coligação de governo


(20/2/2008) A oposição paquistanesa venceu as eleições legislativas e festejou a vitória nas principais cidades do país. O partido que apoia o Presidente Pervez Musharraf foi por seu turno batido em toda a linha, o que coloca em dúvida o futuro político do chefe de Estado, no poder desde 1999.
Os resultados ainda não são definitivos, mas o Partido do Povo Paquistanês (PPP), liderado pelo viúvo de Benazir Bhutto, Asif Zardari, tem nas suas mãos a definição do próximo Governo, pois elegeu 86 deputados na assembleia de 272 lugares. Com os deputados da Liga Muçulmana de Nawaz Sharif (PML-N), os dois partidos democráticos moderados terão um mínimo de 152 lugares.
A base de poder do Presidente foi duramente abalada, mas a vitória não permitirá a qualquer dos dois maiores partidos formar governo sem a participação do outro. A oposição ficou aquém dos dois terços indispensáveis para a intenção declarada de Sharif: destituir o Presidente, que em 1999 liderou o golpe contra o seu Governo. Para afastar Musharraf, seria preciso juntar dois terços dos deputados, mas também do Senado, que é dominado por aliados do Presidente.
A hipótese de destituição teria outra dificuldade: a incógnita sobre a posição do exército. As forças armadas paquistanesas são o árbitro crucial e, depois de terem estado sob controlo de Musharraf estão desde Novembro sob comando de Ashfaq Kayani, um general que liderou os poderosos serviços de informação e que é aliado do Presidente.
A diplomacia americana já declarou esperar que o futuro chefe de Governo "possa trabalhar" com Musharraf. Os americanos desejam que o seu principal aliado na região, na chamada "guerra contra o terror", mantenha algum controlo.
Após meio ano de incerteza, a transição democrática foi marcada pelo islamismo. Musharraf perdeu apoio após ter ordenado o assalto à Mesquita Vermelha de Islamabad; Benazir Bhutto foi assassinada num violento ataque suicida; e os militares perderam centenas de homens em confrontos com rebeldes pró-talibãs, nas zonas tribais do noroeste.
Os americanos elogiaram o "primeiro passo em direcção à plena restauração da democracia", mas dificilmente deixarão cair o seu aliado, à falta de alternativa.








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