Ler de novo Santo Agostinho para compreender também o conceito moderno de laicidade:
o convite de Bento XVI durante a audiência geral desta Quarta Feira
(20/2/2008) Encontra-se nas obras de Santo Agostinho, em particular no “De Civitate
Dei”, a verdadeira fonte para compreender também o conceito moderno de laicidade. O
convite a redescobrir ,os escritos do Bispo de Hipona, também no que diz respeito
aos temas que caracterizam o debate politico moderno, foi feito nesta quarta feira
por Bento XVI que pela quarta vez dedicou á figura de Santo Agostinho uma audiência
geral . O Papa deteve-se sobre as obras do Santo, sublinhando entre outras coisas
que a “ mais importante e decisiva para o desenvolvimento do pensamento politico ocidental
e para a teologia cristã da história é a obra “De Civitate Dei”, escrita entre os
anos 423 e 426 em 22 livros.. Bento XVI recordou que a ocasião foi proporcionada
pelo saque de Roma em 410, pelos Godos e que Agostinho respondia á objecção dos pagãos
e também de muitos crentes, que o Deus cristão não protegia a cidade, que ao contrário
era “caput mundi” no tempo do paganismo. “Portanto o Deus dos cristãos não protege
- afirmava-se – não pode ser o Deus ao qual entregar-se. A esta objecção, que
tocava profundamente também os corações dos cristãos, – recordou Bento XVI na audiência
geral desta quarta feira –responde Santo Agostinho com esta obra “De Civitate Dei”,
esclarecendo o que devemos esperar de Deus e aquilo que não devemos esperar, qual
é a relação entre a esfera politica e a esfera da fé e da Igreja . Segundo o
Papa “também hoje este livro é a fonte para definir bem a verdadeira laicidade e
a competência da Igreja, a grande e autentica esperança que a fé nos dá. “O livro
– explicou ainda o Papa – é uma apresentação da história da humanidade governada
pela Providencia divina, mas dividida por dois amores, e este é o seu desígnio fundamental,
a sua interpretação da história que é a luta de dois amores: amor de si mesmo até
a indiferença por Deus, e amor de Deus até á indiferença por si, á plena liberdade
de dar-se aos outros na luz de Deus. Salientando a actualidade da Civitate Dei,
Bento XVI concluiu afirmando que talvez esta seja a maior obra literária de Santo
Agostinho. - Nesta audiência geral não faltou uma saudação em português:
Saúdo os visitantes
de língua portuguesa, especialmente os brasileiros de Porto Alegre. Faço votos
por que vossa recente peregrinação à Terra Santa sirva de auspício para invocar do
Altíssimo abundantes graças que vos façam prosseguir, seguros e concordes, na caminhada
penitencial rumo à Páscoa eterna. Que Deus Nosso Senhor abençoe vossas famílias e
comunidades.