Belgrado, 18 fev (RV) - O núncio apostólico na Sérvia, Dom Eugenio Sbarbaro,
expressou a esperança de que o país balcânico não se desestabilize e se transforme
em um novo Oriente Médio.
Indagado sobre possíveis desordens na região, o arcebispo
Eugenio Sbarbaro explicou: "Estamos em meio a uma situação muito difícil e não sabemos
o que acontecerá. A grande maioria do povo está descontente e teme que a situação
se degenere, como no Oriente Médio; espero que não, mas as premissas existem".
A
Sérvia continua se opondo com força à secessão de Kosovo, considerado o berço de sua
existência como Estado e de sua religião. Segundo um censo de 2002, 85% população
da Sérvia, excluindo Kosovo, é ortodoxa, 5,5% católica e 3,2% muçulmana. Em Kosovo,
a população é constituída por 90% de muçulmanos albaneses, 6% de ortodoxos sérvios
e 4% de católicos albaneses.
No momento em que as tensões políticas e religiosas
aumentam na região, o arcebispo Sbarbaro disse que "não se pode separar temas políticos
e religiosos. Emocionalmente, as tradições históricas são muito relevantes".
A
Igreja ortodoxa sérvia deixou clara sua posição sobre a independência de Kosovo em
maio passado, na Assembléia dos bispos em Belgrado: "A ab-rogação dos antigos direitos
internacionalmente reconhecidos e confirmados de uma das nações cristãs da Europa
significaria calcar a justiça divina e humana, e criaria um precedente de injustas
conseqüências, não só nos Bálcãs e na Europa, mas no mundo inteiro".
Sobre
o aspecto religioso das atuais tensões, o arcebispo Sbarbaro declarou que "ecumenicamente
é uma situação muito delicada, porque a Igreja ortodoxa sérvia pensa que privá-la
de Kosovo é como tirar o Vaticano dos católicos. Portanto, ecumenicamente falando,
é um tema muito delicado e deve ser tratado como tal".
Bento XVI recebeu em
audiência o presidente de Kosovo, Fatmir Sejdiu, em 2 de fevereiro. Após o encontro,
o Vaticano declarou, em um comunicado, que o Santo Padre expressou sua proximidade
a toda a população daquela terra, onde a cristandade esteve presente desde os primeiros
séculos de nossa era.
No discurso ao corpo diplomático, em 7 de janeiro de
2008, Bento XVI pediu garantias para a "segurança e o respeito dos direitos dos habitantes
da região, para que se afaste definitivamente a ameaça de conflitos violentos e se
reforce a estabilidade européia". (CM/BF)